Enquanto os meios de pagamento disputam a atenção dos consumidores durante a Black Friday, os brasileiros já conhecem e têm seus produtos financeiros favoritos. O Pix – lançado oficialmente em fevereiro de 2020 pelo Banco Central – é o produto financeiro mais conhecido e utilizado pela população, sendo conhecido por 91,6% das pessoas no Brasil e adotado por 64%. O produto é seguido pelo cartão de crédito e conta corrente.
Pesquisa do Banco Central em parceria com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) aponta que a inclusão financeira dos brasileiros teve avanços. A análise, que partiu de um levantamento sobre o conhecimento e uso de 23 produtos e serviços financeiros, reconheceu que a compreensão da população sobre esses itens é relativamente alta. Entre os entrevistados, 74% conhecem pelo menos 13 produtos e serviços constados na lista.
No entanto, ainda é preciso melhorar o letramento financeiro dos brasileiros. Segundo a pesquisa, em uma escala de 0 a 100, o letramento financeiro da população registrou a marca média de 59,6. No entanto, esse número varia de acordo com a idade do público: jovens entre 16 e 24 anos registraram 64,5 e homens, 61,8. Já entre indivíduos acima de 60 anos, o número cai para 53,6. E entre pessoas com renda familiar de até dois salários-mínimos, 56.
Letramento financeiro
O estudo calculou o letramento financeiro no ambiente digital, que está conectado às decisões e comportamentos do consumidor no uso de produtos e serviços financeiros por meio do uso de tecnologias. Em uma escala de 0 a 100, os brasileiros registraram uma média de 62,9. Segundo o levantamento, 93,2% dos entrevistados afirmaram que não compartilham senhas bancárias com amigos, e 90,3% declararam que não compartilham dados sobre finanças online de forma pública.
No entanto, a pesquisa aponta que, entre os respondentes, apenas 13% têm o hábito de mudar de forma regular as senhas que utilizam para acessar sites de compras e de administração de finanças pessoais. O dado aponta para uma maior necessidade de conhecimentos sobre segurança e compartilhamento de dados na internet.
Comportamento financeiro
Para analisar o letramento financeiro dos brasileiros, a pesquisa considera três dimensões: o comportamento financeiro, a atitude em relação às escolhas financeiras e o conhecimento sobre finanças. A primeira esfera possui uma classificação melhor. Em uma escala de 0 a 100, os brasileiros registram a média de 67,8.
Além disso, 81,8% dos entrevistados declaram que sempre ou frequentemente pagam as contas em dia. Já 81,4% pensam se conseguem pagar por uma compra antes de realizá-la. A pesquisa ainda aponta que 79,6% dos indivíduos responsáveis por decisões financeiras adotam mais de uma medida de controle orçamental.
Já a dimensão da atitude financeira pontua 53 entre os brasileiros, numa escala de 0 a 100. Segundo os entrevistados, 42,7% discordam da afirmação “me sinto mais satisfeito ao gastar dinheiro do que guardá-lo a longo prazo”. No entanto, 37,3% concordam. Já em relação à sentença “tendo a viver hoje sem pensar no amanhã”, 45,9% dos entrevistados discordam e 35,2% discordam.
Por fim, em relação à terceira dimensão, os entrevistados pontuaram uma média de 53. Por mais que a pesquisa tenha identificado que 85% dos respondentes reconhecem a inflação como o aumento generalizado do custo de vida, apenas 14,3% conseguiram calcular uma taxa de juros simples. Ainda 54% responderam de forma correta a influência da inflação no poder de compra do consumidor.
Dinheiro na mente
Por mais que a inclusão financeira tenha avançado, os brasileiros ainda se preocupam com suas finanças e orçamentos. Entre os entrevistados, 64% afirmam que enfrentaram desequilíbrio nas contas nos últimos anos. Para equilibrar o orçamento, buscaram reduzir seus gastos e procurar outras fontes de renda. Além disso, 41,9% dos entrevistados afirmam que preocupações financeiras são motivo para estresse no lar, e 45,5% apontam que as preocupações prejudicam sua saúde.
O estudo também aponta que 65% dos respondentes não possuem a chamada resiliência financeira – ou seja, quando uma pessoa não consegue pagar por uma grande despesa fora do planejamento do mesmo valor de sua renda mensal. Para isso, necessitam recorrer a outros meios, como solicitar um empréstimo ou pedir ajuda a familiares e amigos.
Já em relação ao bem-estar financeiro, a pesquisa utilizou a escala da Agência de Proteção Financeira ao Consumidor do governo dos Estados Unidos. Em uma escala de 0 a 100, os brasileiros registraram uma média de 45,7. Além disso, 44,8% dos respondentes afirmam que nunca ou raramente sobra dinheiro no final do mês. Já 48,6% afirmam que estão “se virando” financeiramente, enquanto 36% estão preocupados com a durabilidade do dinheiro.