O Brasil tem quase 200 milhões de cartões de crédito e débito no mercado, que realizaram mais de 10 bilhões de transações em 2014, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). As movimentações suspeitas correspondem a cerca de 4% do total, sendo a maioria realizada pela internet. A implementação dos chips nos cartões, em substituição à tarja magnética, diminuiu a atividade ilícita no varejo físico, mas ela ainda acontece, na maioria das vezes como resultado de uma combinação da má manipulação das máquinas POS (Point of Sale) sem fio e eventuais distrações do portador.
Um caixa com um terminal fixo de Transferência Eletrônica de Fundos (TEF), utilizado nos supermercados, farmácias e lojas de departamentos, é menos vulnerável a fraudes. Isso porque:
1 – A prática mais comum de uso indevido dos cartões nas maquininhas POS é a digitação de um valor diferente do da compra. Os mais desavisados não costumam olhar os números digitados pelo vendedor, que, por engano ou má fé, podem ser muito diferentes do que o total devido (risco para o consumidor e para o lojista).
2 – Há também quem ofereça o teclado da máquina para o cliente digitar a senha, sem que o valor esteja digitado, para obter o código. O TEF protege o consumidor e lojista dessas ações porque é integrado ao sistema de caixa, e o valor a ser pago é sempre a soma automática dos preços dos produtos comprados.
3 – Outra diferença do terminal TEF é que o atendente não tem acesso físico ao cartão. Em vez de pegá-lo, o profissional pede apenas para o consumidor inseri-lo na máquina, eliminando as chances de manipular a moeda de plástico para uma eventual clonagem.
4 – Nas clonagens de cartões ou desvios de transações, as maquinetas POS precisam ser adulteradas previamente por criminosos e colocadas no balcão do estabelecimento por distração ou conivência de um funcionário. Este tipo oferece essa fragilidade por ser solta e desconectada do sistema de vendas da loja, diferente dos terminais TEF, que são fixos nos caixas e também são mais sensíveis, travando imediatamente durante tentativas de violação.
5 – Ainda que uma máquina POS não esteja adulterada, sua transmissão de dados é aberta, via operadoras de telefonia. Esse sinal pode ser interceptado por criminosos a curta distância, com um notebook via Bluetooth, por exemplo. O TEF utiliza uma linha VPN fechada, protegida por criptografia e, portanto, mais segura.
6 – Por contar com uma estrutura mais robusta, os fornecedores de TEF são empresas de maior porte. Contar com um fornecedor seguro é fundamental, sobretudo na hora da manutenção, onde só se pode substituir equipamentos mediante a solicitação do cliente para a constatação de problemas.
Aceitar cartões é sem dúvida a forma ainda mais segura para as lojas realizarem suas vendas, mas é necessário tomar certos cuidados para não ver todas suas vendas sendo direcionadas para contas correntes que não sejam da sua loja.
* Eduardo Vils é sócio-fundador e CEO da Cappta