Foi mais rápido do que muita gente esperava. Após a 99 conseguir vencer a corrida entre as startups brasileiras e ter se tornado o primeiro unicórnio do Brasil, outra empresa novata do País alcançou o valor de mercado acima de US$ 1 bilhão. A PagSeguro, que abriu seu capital na quarta-feira (24) na Bolsa de Valores de Nova York, arrecadou US$ 2,6 bilhões com o IPO e viu o seu o valor de mercado de ficar em cerca de US$ 9 bilhões.
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É bem verdade que a empresa não é tão novata assim e que a alta liquidez de capital no exterior ajudou a inflar ainda mais o valor. Mesmo assim foi um grande resultado. A PagSeguro foi criada pelo UOL em 2006 e desde então vem conquistando espaço nos meios de pagamento digitais.
Primeiro, como solução para trazer mais segurança às vendas na internet. Depois se aventurou e deu a sua grande cartada: a sua máquina “Moderninha” trouxe para o jogo os pequenos e médios comércios que não tinham acesso ao cartão por conta do preço elevado do aluguel. O diferencial foi a venda da máquina de cartões por um valor mais acessível.
E ao contrário da maioria das startups em franco crescimento, que investe boa parte dos ganhos no aceleramento do negócio, o PagSeguro dá lucro. E muito. Analistas estimam que o lucro da empresa fique entre R$ 460 milhões e R$ 480 milhões em 2017.
Bilhões e bilhões
Toda essa dinheirama joga luz sobre o setor de meio de pagamentos. Até então dominado por grandes empresas como Cielo, GetNet e Rede, todas ligadas aos grandes bancos, o mercado passou a ter fintechs conquistando um certo protagonismo. O número de fintechs de pagamento só cresce.
De acordo com um levantamento realizado pelo FintechLab, cerca de 32% de todas as fintechs brasileiras são ligadas ao setor de pagamentos. O segmento saiu de 19 empresas em agosto de 2015 para mais de 90, atualmente.
“A penetração de meios pagamentos de digitais no Brasil ainda é pequena, então acredito que ainda teremos várias outras surgindo”, diz Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper.
De fato, há muito espaço para crescer. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), os cartões de crédito e débito – o que inclui compras pela internet – representam somente 29% do consumo total das famílias.
Quem vai comandar o mercado?
É claro que as que as empresas que estão há mais tempo no mercado levam vantagem. Mas não pense que é uma barbada dizer que elas irão dominar o mercado nos próximos anos. Prova disso é a companhia Stone.
Em menos de três anos a empresa saiu do zero para transacionar o equivalente a 1% do PIB brasileiro – ela também se prepara para um IPO nos Estados Unidos ainda em 2018. A Cielo, líder, tem 13%
“Antes você tinha um monopólio, duopólio, garantido por lei”, diz Phillip Soares, analista da Ativa Investimentos. “Agora, com diversas mudanças nas leis, tudo está mudando e é necessário esperar para saber como novas tecnologias e serviços vão mudar o mercado.”
A própria Cielo se mexeu nesse início de ano. No último dia 18, a companhia pagou R$ 87,5 milhões por 70% das ações da Stelo, empresa na qual já tinha 30% de participação. Com a totalidade do controle, a companhia entra de cabeça no mercado de venda de “maquininhas” para PMEs.
Capitalizada, a PagSeguro também deve partir para aquisições, assim como os outros players do mercado. Com tantas opções de fintechs, a briga vai ser grande, de acordo com o professor Nakagawa.
Para ele, não há uma bolha se formando com tantas empresas de pagamento surgindo. No entanto, as consolidações serão ainda mais comuns e poucas empresas ficarão no fim das contas. “É parecido com a corrida do ouro no velho oeste americano e quem vai ficar rico mesmo serão umas quatro ou cinco empresas”, diz Nakagawa. A ver.