A tecnologia é vista, muitas vezes, como o caminho para as soluções mais inovadoras dentro de uma empresa, sendo considerada a responsável por facilitar o trabalho e trazer mais resultados para o negócio. Entretanto, por melhor e mais revolucionária que seja, sozinha ela não pode fazer muita coisa.
Para o sócio-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG no Brasil, Márcio Kanamaru, as inovações tecnológicas precisam ser vistas como habilitadoras para o trabalho, não como soluções simples e diretas. Assim, o investimento em tecnologia não pode ser feito considerando apenas o resultado esperado, mas sim todos os aspectos que envolvem a empresa, sua cultura e organização.
Com os avanços tecnológicos e a digitalização, o mundo dos negócios mudou, modelos de trabalho diferentes surgiram e novos formatos também foram criados.
“As tecnologias disponíveis hoje têm ajudado as empresas a serem mais ágeis no mercado. Isso porque conseguem conectar cadeias de suprimentos globais, melhorar a experiência em canais digitais de atendimento, acelerar a geração de leads e incrementar receitas, criar experiências personalizadas e imersivas, entre outros pontos”, elenca Kanamaru.
Ele também chama a atenção para as tecnologias em destaque, como a inteligência artificial, a robótica, a Internet of Things (IoT) e a realidade aumentada e virtual e a internet 5G. Todas essas, tanto separadamente como juntas, prometem determinar o futuro da indústria, das corporações e também da sociedade.
Com tamanha importância, fica clara a necessidade do investimento em tecnologia por parte das empresas, mas isso precisa ser feito de maneira estratégica. É importante entender também que inovações tecnológicas ajudam, mas não resolvem tudo. Segundo o sócio-líder da KPMG no Brasil, “as empresas precisam compreender que as tecnologias são habilitadoras de novos modelos de negócios, experiências e inovação, mas não será a solução para todos os problemas”.
Um ponto colocado pelo especialista como importante e que precisa andar junto com as tecnologias é a própria cultura corporativa da empresa e de seus colaboradores. Se a maneira como o propósito daquela tecnologia é traçada e a forma como o trabalho é feito não facilitam a adoção de uma nova tecnologia, o investimento pode acabar sendo em vão.
Escolhendo estrategicamente
O investimento em tecnologia, assim como em qualquer outro setor de uma empresa, precisa ser pensado de maneira estratégica e considerando as reais necessidades do negócio e os resultados esperados. Ou seja, é preciso avaliar inúmeros pontos antes de decidir de fato implementar novas tecnologias dentro da empresa.
De acordo com Márcio Kanamaru, “muitas empresas criam uma verdadeira ciência para avaliar a adoção de uma tecnologia para seu negócio e se esquecem em avaliar outros aspectos”. Para isso, é preciso utilizar métricas quantitativas e qualitativas a fim de mensurar se o valor financeiro atribuído à adoção trará retornos financeiros para o modelo de negócio em questão.
Alguns dos critérios citados pelo especialista que podem ser levados em consideração são:
● Interoperabilidade da tecnologia (possibilidade de conexão com outros sistemas da empresa);
● Mapa de desenvolvimento da tecnologia;
● Suporte técnico oferecido;
● Ecossistema de parceiros;
● Total do custo de propriedade;
● Base tecnológica utilizada e sua continuidade;
● Usabilidade entre os colaboradores;
● Segurança e privacidade de informações;
● Quais os desafios ou problemas que desejam resolver.
Pontos de atenção no investimento em tecnologia
Como foi visto, são diversas as métricas que podem ser utilizadas na tomada de decisão do investimento em tecnologia. As citadas, são apenas algumas, mas para o sócio-líder da KPMG no Brasil, cada empresa precisa entender o que é mais relevante e importante para aquele momento de negócio.
Além das métricas, que norteiam de forma mais clara e objetiva o que é esperado, existem outros pontos que também merecem atenção na hora de elaborar a estratégia e tomar a decisão. De acordo com as dicas dadas por Márcio Kanamaru, é possível separá-los em alguns tópicos:
1. Entender o mercado atual
O mundo e a sociedade mudam o tempo todo e, com isso, a relevância das tecnologias também é alterada. O exemplo dado pelo especialista diz sobre mudanças ocorridas desde o início da pandemia. Segundo ele, a inteligência artificial, ciência de dados e conectividade são inovações que vinham ganhando cada vez mais importância nos últimos anos, mas que foram deixadas um pouco de lado com as novas necessidades do mercado.
“Essas tecnologias continuam relevantes, mas hoje entender o cliente, por exemplo, é elemento fundamental para o sucesso do negócio. Nesse sentido, observamos que a Customer Experience e ferramentas de analytics passaram a ser destaques neste quesito, pois geram insights que ajudam a melhorar a experiência do cliente, bem como a criar novas oportunidades de vendas e novos produtos ou serviços com inovação”, explica.
2. Processo de avaliação com boa governança
O momento da escolha da tecnologia, considerando as métricas, a estratégia e a relevância, não pode ser feito de maneira atribulada, passando por cima das necessidades de gestores e da própria empresa.
Segundo Márcio Kanamaru, os investimentos em tecnologia, antes de serem aprovados, devem ser avaliados cuidadosamente através de um processo que tenha uma boa governança. também é importante que todos os stakeholders possam interpretar o valor tangível desta nova tecnologia para a corporação e aprová-los de maneira racional e adequada.
3. Preparação da empresa
Com a entrada de uma nova tecnologia, é preciso também investir em treinamento para colaboradores, criação de novos processos e construir uma cultura de entendimento e aceitação com as inovações.
Isso requer, de acordo com a opinião de Márcio Kanamaru, uma gestão de mudanças bem estruturada e uma capacitação das pessoas que irão utilizar a tecnologia. “É necessário avaliar as capacidades das equipes, entender lacunas e propor o treinamento para capacitação ou atualização dos times, de forma cuidadosa, para que o time entenda as diferenças e se adequem ao novo”, opina.
O investimento em tecnologia, portanto, precisa ser feito considerando inúmeros aspectos internos de uma empresa para que o resultado seja eficiente de fato e colabore com o crescimento da empresa.
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