A imersão em um ambiente virtual sempre esteve presente na maioria das representações do que seria o futuro. Seja em filmes ou séries, estar imerso em uma realidade digital, com integração entre a vida física e a virtual, é tido como algo futurístico, mas está cada vez mais próximo de acontecer, mesmo que não da maneira representada pela sétima arte ou pela TV.
De acordo com especialistas em tecnologias disruptivas, as interfaces imersivas prometem mudar a relação das pessoas com o mundo e, o que hoje é utilizado principalmente para entretenimento, pode ganhar espaço também nos negócios.
Interface imersiva: mundo virtual e físico unidos
Interfaces imersivas são aquelas que permitem que o indivíduo esteja “dentro” em uma realidade criada, ou seja, que não existe de fato naquele momento e local. Em outras palavras, “coloca” essa pessoa em uma situação virtual, fazendo com que ela interaja com o ambiente criado como se ele fosse real.
Um exemplo claro de interface imersiva são os dispositivos de realidade virtual, que, a partir das telas, colocam a pessoa em contato com essa realidade criada, como se ele, de fato, estivesse vivendo aquela situação. E, quanto mais sentidos estão relacionados à interface (visão e audição juntos), maior a sensação de estar imerso nessa nova realidade.
Os óculos de realidade virtual são os dispositivos mais conhecidos quando se fala em imersão, mas são apenas o começo do uso dessa tecnologia. “As interfaces imersivas permitem comunicações mais naturais e sem atrito entre humanos, computadores e ambientes digitais”, afirma o guia As oito essenciais, da PwC Brasil, sobre as tecnologias emergentes que estão impactando o mercado.
Elas são possíveis graças à convergência de cinco das oito tecnologias emergentes essenciais citadas pela empresa:
- Inteligência Artificial: análise e coleta de dados;
- Realidade Virtual: para criar o ambiente digital;
- Realidade aumentada: une o mundo físico ao virtual;
- Internet das Coisas (IoT): dispositivos responsáveis por criar a imersão;
- Robótica: criando mecanismos automatizados e mais eficientes.
De acordo com o guia, as interfaces imersivas poderão criar realidades de imersão cada vez mais completas, considerando não apenas que a pessoa responda à realidade virtual criada para ela, mas que essa realidade também “responda” aos estímulos. Algo como o que acontece nos videogames atualmente, que têm visão 360º em alguns jogos, o que é controlado pelo movimento do jogador, aumentando a sensação de imersão. Entretanto, é possível fazer ainda mais a partir das interfaces imersivas.
“A tecnologia é capaz de coletar e processar grandes quantidades de dados localmente com Inteligência Artificial integrada. Essas interfaces podem sentir e reagir a emoções, movimentos do corpo, ondas cerebrais e comportamentos, além de fazer uso de interfaces tradicionais, como voz e texto”, explica a PwC Brasil.
Potenciais de uso
Para que as interfaces imersivas sejam utilizadas de fato em todos os mercados, é preciso que haja uma conectividade, utilizando dispositivos e nuvem. Isso permite que a vivência naquele ambiente seja realizada totalmente imersa, indo além do uso de imagens virtuais.
Com isso, é possível pensar na utilização das interfaces imersivas em diferentes setores. De acordo com a PwC Brasil, a realidade virtual e a imersão “têm potencial para transformar muitas outras indústrias, especialmente no campo do treinamento vivencial, em que os trabalhadores podem ser colocados em situações perigosas, difíceis ou de custo proibitivo sem os riscos associados a essas atividades no mundo físico”.
Além disso, é esperado que, com a maior conexão entre seres humanos e mundo virtual, a relação entre os dois seja cada vez mais estreita, fazendo com que as pessoas interajam com o online de forma natural.
“Ao emparelhar essas informações com dados contextuais sobre usuários e situações, as interfaces imersivas serão capazes de oferecer insights e aumentar os fluxos de trabalho, permitindo que os usuários interajam intuitivamente com o mundo físico-digital”, aponta a consultoria.
Entre os negócios e setores que podem utilizar as interfaces imersivas estão, entre outros:
- Construção civil;
- Arquitetura;
- Educação;
- Saúde;
- Varejo;
- Turismo;
- Entretenimento;
- Treinamentos;
- Mercado de games;
- Construção de protótipos, etc.
O que muda a partir do uso de interfaces imersivas
Além de abrir um grande leque de opções para o desenvolvimento de produtos e evolução de profissionais, as interfaces imersivas podem mudar a relação com a tecnologia para muitos consumidores. E de forma natural.
Hoje, diversos dispositivos já fazem uso de algum tipo de imersão, como os assistentes virtuais para casa, que permitem o controle do local a partir da fala. Ou seja, a pessoa está imersa em um ambiente controlado virtualmente quase sem perceber.
São cada vez mais comuns também os programas que colocam o usuário dentro de ambientes reais e permitem a visualização completa do local como se a pessoa realmente estivesse nele. Durante a pandemia, por exemplo, grandes museus do mundo – entre eles, o Musée d’Orsay, de Paris; a National Gallery of Art, de Washington; o British Museum, de Londres; e o MASP, de São Paulo – foram lembrados e visitados por possuírem tours virtuais de acesso aos seus acervos.
Com o tempo, esses mesmos dispositivos promoverão uma imersão ainda maior, tornando a relação com a tecnologia ainda mais próxima. Isso, somado à computação afetiva (união de ciência da computação, psicologia e ciência cognitiva que leva em conta as emoções do usuário para o desenvolvimento de hardwares e softwares – apontado como um potencial da tecnologia), pode movimentar um mercado de 41 bilhões de dólares ainda em 2021, aponta a PwC Brasil.
Ou seja, as interfaces imersivas estarão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas e das empresas, sendo um grande potencial de conexão entre mundo físico e virtual, mas, dessa vez, de maneira muito mais fluida.
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