A inteligência artificial pode salvar vidas. Uma pesquisa publicada na revista Nature mostra que um sistema de IA desenvolvido pelo Google consegue detectar a presença de câncer de mama em mamogramas com mais precisão do que os radiologistas humanos.
O câncer de mama afeta milhares de pessoas ao redor do mundo. No Brasil, foram estimados 59.700 novos casos da doença em 2018, com 16.724 mortes, segundo o Ministério da Saúde. A detecção precoce é a melhor forma de combater a doença e, embora as mamografias sejam ferramentas de detecção eficazes, elas podem gerar resultados falso positivos ou falso negativos.
Segundo a American Cancer Society, radiologistas não detectam cerca de 20% dos casos de câncer de mama nos mamogramas, gerando um resultado falso negativo. E muitas mulheres que fazem os testes têm um resultado falso positivo em algum momento da vida, no qual o exame mostra que ela tem câncer, embora ela esteja saudável.
Para reduzir erros de diagnósticos, os desenvolvedores do Google, em colaboração com profissionais do DeepMind AI, do Cancer Research UK Imperial Centre, da Northwestern University e do Royal Surrey County Hospital, treinaram o sistema de Inteligência Artificial usando mamografias de 15 mil mulheres nos EUA e 76 mil mulheres no Reino Unido.
Depois que os algoritmos foram treinados para detectar o câncer, o sistema foi incumbido de procurar células cancerígenas em mamografias de mulheres que já tinham a doença comprovada, como uma maneira de testar a precisão do algoritmo.
Como resultado, o sistema conseguiu reduzir a existência de erros que geralmente ocorrem nos diagnósticos. Nos pacientes dos EUA, o sistema reduziu os falsos negativos em 9,4% e os falsos positivos em 5,7%. Nos pacientes do Reino Unido, onde dois radiologistas costumam checar os resultados, o modelo reduziu os falsos negativos em 2,7% e reduziu os falsos positivos em 1,2%.
A inteligência artificial vai substituir os médicos?
Embora a inteligência artificial tenha superado os médicos na identificação de câncer de mama na maioria dos casos, o sistema está longe de substituir o olhar do especialista. O estudo publicado pelo Google foi realizado apenas em centros de pesquisa e ainda não foi testado em clínicas, com outras variáveis em jogo, como a qualidade dos mamogramas.
Além disso, durante a pesquisa, houve casos em que os médicos sinalizaram a doença e o sistema não conseguiu detectá-la. Por isso, os pesquisadores têm sido cuidadosos ao anunciar que a tecnologia deve ser usada para “auxiliar” os radiologistas nos diagnósticos, e não substituir os profissionais.
No futuro, quando começar a ser usada na prática médica, a IA pode otimizar o trabalho dos especialistas e acabar com a necessidade de análise de mamografias por dois radiologistas, aliviando a pressão sobre sua carga de trabalho, dizem os pesquisadores.
“Cada um tem sua força e são complementares. Reunir os dois poderia fortalecer os resultados como um todo”, diz Shravya Shetty, pesquisadora do Google coautora da pesquisa, em entrevista ao The Verge.
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