Em um mundo onde as pessoas dão mais atenção para seus celulares do que para seu automóveis, onde os carros e até as casas podem ser compartilhados e que provavelmente nem motorista será mais necessário, qual fica sendo a função de se ter um seguro?
Esta é uma pergunta que todas as grandes seguradoras estão fazendo e as que não estiverem têm grandes chances de ficar para trás. Em reportagem da edição de novembro da Consumidor Moderno, disponível online, contamos como a indústria de seguros está se reformulando a partir da mudança de comportamento das pessoas, de um lado, e da disponibilidade de novas tecnologias, de outro.
Carros monitorados, descontos personalizados, pagamento por quilômetro rodado e apólices por poucos dias de uso estão entre as opções que começam a surgir.
Boa parte delas vêm do que já se convencionou chamar de “insurtechs”, as startups de seguros (“insurance”, em inglês). O nome é uma variação das “fintechs”, sua predecessoras que já se consolidaram com novas soluções digitais voltadas para o mercado financeiro, o que inclui funcionalidades de pagamentos móveis, moeda virtual, microcrédito e outros.
Veja algumas dessas “insurtechs”, e o que elas estão prometendo para o nosso futuro:
Progressive Insurance
www.progessive.com
A americana, fundada em 1937, foi uma das primeiras a oferecer seguros online, em 1998. Em 2011, foi também uma das primeiras a oferecer seguro “pay as you go”, quando lançou o Snapshot, um pequeno rastreador que o proprietário pode acoplar ao veículo em troca de descontos. O dispositivo consegue verificar informações como média de velocidade, hábitos de frenagem e aceleração, lugares por onde passou e, é claro, rastrear o carro caso seja roubado. Motoristas prudentes chegam a ganhar descontos de até 60% na conta – segundo a Progressive, pelo modelo tradicional são eles que subsidiam os de maior risco, que dão 2,5 vezes mais prejuízo.
Metromile
www.metromile.com
A startup do Vale do Silício, fundada em 2011, oferece seguro para automóveis cobrado por quilômetro rodado, numa espécia de “plano pós-pago”. O usuário paga uma mensalidade básica, de cerca de US$ 35, que varia de acordo com a idade, sexo e outras características comuns. Acima disso, ele só desembolsa o que usar, o que também é possível saber graças a rastreadores instalados no veículo. São US$ 0,05 por milha, o equivalente a US$ 0,03 por quilômetro.
Cuvva
www.cuvva.com
Fundada em Edimburgo, a pequena companhia oferece seguro de automóvel por hora, como um “aluguel de seguro”. O público são pessoas que pegam o carro emprestado de algum amigo ou familiar, ou de um serviço de compartilhamento, e querem ter a viagem protegida. Outro perfil comum de contratante são pessoas que beberam e não querem dirigir na volta. Parte do trunfo está na simplicidade e agilidade, essencial em um negócio baseado em situações comumente de última hora. O seguro pode ser contratado instantaneamente e em poucos cliques e por meio do aplicativo da empresa.
Lemonade
www.lemonade.com
A novaiorquina foi uma das primeiras a oferecer seguro peer-2-peer (P2P), feito diretamente entre as pessoas. É como uma rede social em que os integrantes criam um fundo, com suas colaborações, e que é acionado quando há incidentes – a famosa vaquinha, que, em essência, é o que eram os seguros em seus primórdios. Os seguros da Lemonade são voltadas para residência e são diferenciados entre proprietários, que pagam a mensalidade de US$ 35, e pessoas que moram de aluguel e não são donas do imóvel, mas ainda assim querem proteger o que de seu há lá dentro. Estes pagam US$ 5. Ao fim de cada ano, caso o saldo seja superavitário (menos incidentes do que arrecadação), a Lemonade devolve parte dos dinheiro para os assinantes. Tudo é feio por meio do aplicativo. A companhia chamou especial atenção no início deste ano, quando um grupo de grandes empresas – incluindo a Berkshire Hathaway, de Warren Buffet – anunciaram investimentos milionários no empreendimento.