São Paulo começou a semana mais criativa. Começou o Whow, o festival de inovação, uma organização do Grupo Padrão. Essa é a primeira edição do evento, que, assim como uma empresa de tecnologia recém-criada, tem aspectos e características de uma startup.
É o que afirmou Roberto Meir, CEO do Grupo Padrao, discursou sobre a importância da inovação e, ao mesmo tempo, os gargalos presentes no país. “Não devemos depender de ninguém. Quando a gente compara o Brasil com a cultura americana, vemos o menino americano trabalhando cedo. Lá, ele não pede para ninguém. Ele não deixa o governo fazer. Precisamos ter em mente que não é normal ter fila ou buraco na rua. Não é normal pedir para o governo fazer uma coisa.
Inovação é cultura
Em seguida, foi a vez da palestra de Jesper Rhode, speaker e facilitador da Hyper Island (uma escola de inovação).
Ele, um ex-aluno da inovadora Singularity University, escola localizada no Vale do Silício, falou sobre os modelos de negócios que foram desafiados. A Sony, por exemplo, percebeu que o VHS estava em declínio e apresentou o walkman. Depois, notou que a música seria digital. Esses exemplos foram citados para endossar a tese de inovação por trás da Hyper Island: “A essência da inovação não é o que é ou como funciona, mas a cultura por trás disso”, afirma.
Em outras palavras, inovação não é algo que mereça um processo ou seja algo estruturado. “O departamento de inovação é uma ilusão. Não acreditem nisso”, resume. Criar é algo orgânico e, como tal, depende de uma série de fatores.
O funcionário, por exemplo. Rhode citou uma reportagem da The Economist que citou a importância da reciclagem ou aprendizado contínuo das pessoas.
Mas quando o assunto é o universo corporativo, a ideia de inovação parte da vontade do indivíduo (o funcionário) em se transformar constantemente.
“É preciso aprender o tempo todo. Como a gente se torna relevante com o passar do tempo? Neuroplasticidade é uma ciência que possibilita reaprender ao longo da vida”, afirma.
Mudança de paradigma
A empresa é outro componente imprescindível para mudança orientada a inovação. No Brasil, segundo Rhode, muitas empresas não investem em inovação, mas sim dedicam seus esforços, dinheiro e tempo no corte de custo e até em como burlar a burocracia. “Nós desviamos a atenção naquilo que realmente é importante: aumentar a competitividade. Isso é o essencial”, afirma.
Empresas que pensam desse jeito tem sido reconhecidas como disruptivas e inovadoras ao redor do mundo. Um exemplo é a SpaceX, uma das empresas do grupo formado pelo empresário sulafricano Elon Musk. A empresa já cortou 70% do custo para o lançamento do foguete no espaço. E é justamente esse modelo de pensamento que está reduzindo os custos de energia ao redor do mundo, especialmente a chamada fotovoltaica.
Fim da linearidade educacional
Uma das maneiras de quebrar esse paradigma é interromper a ideia de que inovação é um processo ou algo possível de ser organizado dentro de uma empresa – ou mesmo ideia capaz de ser organizada na nossa cabeça. É preciso entender que a inovação deve fazer parte de uma cultura, uma ideia orgânica e fluida.
“As pessoas precisam quebrar essa linha linear de educação. Ou seja, eu nasço aqui, desenvolvo ali e morro acolá. A vida é sinuosa. As empresas devem ser flexíveis nesse ponto e somente podemos alcançar isso com a criação de uma cultura de inovação. É algo sem cronogramas, inclusive”, afirma Rhode, que completou. “O melhor para mim somado ao melhor para você será igual ao melhor para todos nós”, conclui.