Em pleno 2022, apenas 14% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres no Brasil, mesmo elas representando mais de 50% da população do país.
Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, afirmou no CONAREC 2022 que muitas empresas procuram por ela para criar ações para que mostrem que são “amigas das mulheres”, mas que recuam quando ela pergunta, por exemplo, qual é o nível de retenção de mulheres no pós licença maternidade.
Ana foi enfática ao afirmar que diversidade nos negócios não é baseada em uma ação e sim em uma jornada. “Estamos falando aqui em busca de direitos. Em ter as mesmas oportunidades e condições. De combate à violência, que só é possível com uma sociedade mais justa e inclusiva. Estamos falando em diminuir uma diferença salarial que chega a 20%, 25% entre homens e mulheres que ocupam as mesmas posições”, resumiu a empreendedora social.
Durante o painel “Diversidade do Colaborador até o Cliente: de quem é a responsabilidade”, Ana trouxe dados que mostram como as mulheres são uma “maioria minorizada”. No Brasil, são 109 milhões de mulheres. Mas, mesmo assim, elas não têm poder de decisão nem na política e nem no mundo corporativo.
“Somos sub representadas nos ambientes de poder não por falta de vontade ou competência. Mas por falta de oportunidade de estar nesses espaços. Estamos entre os dez países com os maiores índices de violência contra as mulheres. Isso tem a ver com uma sociedade opressora”, afirmou Ana.
A empreendedora social explicou ainda que diversidade é mais do que inclusão, é justiça social, é economia e é inovação. Segundo ela, uma empresa que não olha para a diversidade em pleno 2022 está perdendo totalmente o rumo da história.
Empreendedorismo feminino
Hoje, mais de 30 milhões de mulheres empreendem no país. 80% das decisões de compra das famílias brasileiras são influenciadas por mulheres.
“São as mulheres que decidem quais marcas vão entrar na sua casa. São elas que decidem o bairro que a família vai morar, o carro que a família vai ter. Isso já é comprovado. As empresas que ignoram as mulheres, ignoram quem tem a decisão de compra”, explicou Ana.
Em 12 anos, a Rede Mulher Empreendedora já impactou a vida de 9 milhões de mulheres de Norte a Sul do Brasil. Atualmente mais de 1 milhão estão conectadas à Rede. Ana defendeu que quando uma mulher conquista um espaço, gera um impacto positivo em toda a sociedade.
“Ela investe na educação dos filhos, investe no bem estar da família, emprega outras mulheres e impacta a comunidade do entorno. É comum ver isso nos nossos programas. Isso acontece porque elas têm uma visão mais colaborativa e mais humana”, concluiu a empreendedora social.