Parece que machismo é algo que ficou num passado longínquo e não existe mais, não é? Infelizmente essa ilusão se desfaz quando a realidade bate à porta. A pesquisa ?Paradoxo Made in Brasil?, realizada pelo Grupo Troiano de Branding, apontou o machismo como uma das características mais marcantes do nosso país percebidas por quem vem de outros países.
O Brasil foi apontado como o segundo país mais inóspito para mulheres estrangeiras pelo jornal inglês Daily Mail.
?Empresas de destaque, com presença marcante no mundo econômico, contratam profissionais preparados e direcionados para a cultura da empresa, nesse caso é admitido quem tiver melhor capacitação e estiver alinhado com as metas da empresa, a questão de gênero não vigora?, afirma Brigitte Bedin – Coordenadora Geral da Pós-graduação Lato Sensu da Universidade Guarulhos.
Ela cita empresárias de sucesso, desde aquelas com seu próprio negócio, como as com altos cargos em grandes empresas, exemplo disso: Katia Rabello, presidente do Banco Rural; Luiza Helena Rodrigues, superintendente do Magazine Luiza.
?Elas não são as únicas, no entanto, de acordo com fonte do Valor Econômico: Se as mulheres hoje são 58% dos formados em curso superior no país, pesquisa revela que, além de difícil a inserção nos altos cargos, os números são inexpressivos: 14% dos executivos eram mulheres, 4% presidentes de empresas e 3% integravam conselhos de administração. Realmente um disparate, pois hoje contamos com um número expressivo de mulheres ingressantes nas universidades, de acordo com o senso de 2012, cerca de 55% dos matriculados são mulheres?, conta a professora.
Apesar disso, em alguns cargos, o aumento de mulheres em cargos de gestão pode representar 109,93%, comparando o número de mulheres nem cargos de Vice-presidência, de 2002 a 2015, segundo informações do banco de dados da Catho, site de empregos líder no país.
Os cargos com maior aumento desde 2002 foram vice-presidência e gerência, com aumento de 109,93% e 82,17%, respectivamente. Depois supervisor (76,79%), seguido de presidente (67,96%), diretor (47,94%) e encarregado (40,11%).
Diferença salarial
Apesar dos avanços nos últimos anos, a última Pesquisa Salarial e de Benefícios da Catho, mostra que ainda existe uma real diferença salarial por nível hierárquico. Homens de modo geral no Brasil têm a remuneração maior que as Mulheres. A pesquisa indicou que para o nível profissional (jr, pl e sr.) os homens estão ganhando 30,30% a mais que as mulheres, 4,21% a menos do que o registrado um ano antes.
O levantamento da Catho também aponta o espaço que as mulheres têm em algumas áreas. Elas são maioria nas áreas de Recursos Humanos, Educação e Relações Públicas, Medicina e Saúde e Turismo.
Veja o ranking da pesquisa ?The Global Gender Gap Report?, com os lugares com condições mais equalitárias para homens e mulheres:
Como educar a sociedade para a igualdade de gêneros e lidar com o preconceito e a discriminação?
Segundo a Profa. Ms. Ana Claudia Fernandes Gomes, Mestre em Sociologia da Cultura, a igualdade de gênero ou a diminuição da desigualdade entre homens e mulheres é uma das “Metas do Milênio”, pautadas pela ONU durante o ano 2000, ou seja, até o ano 3000 teremos como objetivo o combate a preconceitos e discriminações entre os sexos relacionados ao acesso à saúde, à educação e ao mercado de trabalho.
“Mais que educar para a igualdade de gêneros, devemos incentivar a equidade social, que valoriza o respeito às diferenças e promove a garantia dos direitos a partir das especificidades. Por exemplo, o direito ao trabalho deve também garantir o direito da mulher à gestação, à maternidade e à amamentação de seus filhos sem desvalorização de seu acesso e permanência no mercado de trabalho. Educar para a diversidade, reconhecer diferentes demandas e estabelecer parcerias entre instituições públicas, privadas e não-governamentais na promoção da garantia de direitos são elementos essenciais para a configuração de uma sociedade democrática construída por todos”, finaliza.
Leia mais:
Empreendedorismo feminino no Brasil: os números do poder