“Hoje faço uma cozinha afetiva, uma comida que abraça, que preserva o que há de mais lindo na Chapada Diamantina. Eu saí de lá mas nunca deixei meu povo e minhas origens.” O sotaque logo entrega essas origens. E o jeito brejeiro revela pouco a pouco o que define sua gastronomia. Assim é a chef de cozinha Ieda de Matos, natural da Chapada Diamantina, na Bahia e que hoje leva sua culinária nordestina e cheia de raízes culturais para outros lugares do país, especialmente em seu restaurante, Casa de Ieda. O espaço aconchegante e extremamente nordestino, revela uma tendência cada vez mais crescente no mundo: o #LOBAL.
Mirar na cultura mundial é também identificar esta diversa gama de expressões latinas. E é por isso que, cada vez mais, o consumidor se interessa por narrativas autênticas, que a padronização e o senso comum da cultura de massa e status quo pararam de entregar.
Para os especialistas da Hyper Island, Benitto Berretta e Tim Lucas, o Lobal sempre existiu.
“Se penso no bairro onde cresci, com pessoas de diversos países, concluo que esse mundo de trade fez com que tudo se conectasse. O que muda é que hoje este processo está mais acelerado e as marcas sabem que o segredo é se aproximar do usuário. Isso acentua essa necessidade de ser mais específico”, afirma Tim.
E é isso que destaca o trabalho de Ieda: as pessoas buscam se identificar e enxergar mais veracidade em tudo o que consomem. E quando se fala em comida, é inegável o fato de que ela se traduz de forma emotiva nesta abordagem e permite transgredir barreiras geométricas: quem come cultura consome cultura. E isto é inexorável. A globalização possibilita essa valorização e sensação de pertencimento do que há dentro do próprio território e também se ocupa de fazer essa disseminação ao redor do globo.
Pense nisso: a chef de cozinha saiu de uma cidade interiorana na Bahia para ganhar a Cidade de São Paulo. Mas não sem trazer consigo, a tiracolo, aquilo que define sua cozinha: produtos orgânicos e colhidos da terra.
De acordo com Ieda, o segredo de sua comida é o fato de que com ela é possível se aproximar afetivamente de quem a consome. Cozinhar pra ela é quase um ritual. “Hoje faço uma cozinha afetiva, uma comida que abraça, que preserva o que há de mais lindo na Chapada Diamantina”, argumenta.
E é justamente sobre essa disseminação de elementos locais em relação a ambientes globalizados que o especialista Benitto Beretta fala: “Não é possível construir algo global sem olhar o local. E daí surge a necessidade de refletir sobre essa diversidade de pessoas”, afirma.
Uma corrente cultural por meio da cozinha afetiva
A chef de cozinha, por exemplo, traduz sua culinária sem abandonar a comunidade que carrega. É sobre levar suas raízes além do palpável e transformar convívios subjulgados em protagonistas de histórias relevantes no cenário, não só cultural, mas no consumo diário.
“Sempre pensei que quando conquistasse meu espaço poderia voltar para a minha terra e buscar ingredientes dos pequenos produtores para que se crie uma corrente. Pra que cresçamos juntos”, assegura Ieda.
Raízes sólidas e disseminadas
O cardápio diverso, porém fiel a cultura do interior baiano, revela as intenções de Ieda em defender seu amor por suas origens. Junto com o marido e seus funcionários, toca diariamente um negócio que aproxima o público paulista da culinária nordestina.
“O ser humano consegue aprender e evoluir graças à essas conexões valiosas que produzimos”, explica Tim Lucas, Líder de Negócios da Hyper Island.
Quando paramos para analisar a história de Ieda, é notável que houve uma busca de aperfeiçoamento, além do que lhe era próximo. A ideia, sempre, era vivenciar outros costumes locais para aprender e acima de tudo compartilhar. Foi com essa mentalidade que deixou o país em 2014. “Quando terminei meu ensino médio, vim para São Paulo fazer um curso técnico e quando meu marido ganhou uma bolsa de estudos na Bélgica, vi a oportunidade de expandir meus conhecimentos.”
Essa é a história de uma mulher negra, baiana e rica em cultura e repertório. Quantas Iedas conhecemos por aí? Pessoas que construíram grandes legados com base em sua bagagem ancestral, vigorosa e rica em valor cultural. Talvez, seja hora de olhar para pequenas comunidades como grandes potências de cultura, que transformam o todo, com conhecimentos necessários, sábios e que valem ouro.
“Hoje falamos de lideranças libertadoras: como penso localmente e co-crio com uma equipe, algo que seja significante para o todo?”, questiona Benito Berretta, Diretor da Hyper Island.
Juntamos 7 pessoas do cotidiano que representam o futuro e tendências do aqui e agora que moldarão o amanhã. Ieda, por exemplo, é uma chefe de cozinha da Chapada Diamantina e espalha sua culinária por onde passa. Hoje encanta os paulistas com uma comida tradicional e nordestina em um restaurante que leva seu nome. Por isso impossível não falar de LOBAL, quando o local é muito maior do que o que vem de fora.
Também descobrimos Leandro, preparador de atletas, que muda a vida das pessoas através da AUTO-OTIMIZAÇÃO. Já Urick é púpilo dessa geração de pessoas preocupadas com PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS. E tem o Fabrício, tão ligado em tecnologia que já fala em uma ROBOTIZAÇÃO DA VIDA.
Sem falar da Renata, que acredita em um mundo em que é possível (e necessário) VIVER MELHOR, assim como a Ana Lúcia, que sabe que número não define nada, que IDADE é EMOCIONAL. E a Júlia? Uma NATIVA ECOLÓGICA que quer transformar o mundo através do ativismo ambiental e na sua crença de um planeta melhor.
Esses são 25 anos da nossa história e é você consumidor que a define. O mundo do consumidor sem rótulos. Um mundo de IDENTIDADES. A cada semana um novo personagem! Conheça nosso manifesto vivo e um evento que moldará o novo olhar sob o consumo e o comportamento na nova década: identidades.consumidormoderno.com.br