Clientes da Hertz nos EUA estão indignados com o novo sistema de detecção de danos por Inteligência Artificial (IA), que tem gerado cobranças automáticas e elevadas por pequenos arranhões e amassados em carros alugados. A tecnologia, desenvolvida pela israelense UVeye, escaneia os veículos em segundos ao serem devolvidos e identifica qualquer marca, por menor que seja, enviando notificações e faturas aos clientes em questão de minutos.
Casos relatados em portais de notícias dos EUA mostram cobranças de até US$ 440 por um simples risco de uma polegada (2,54 cm) nos veículos, valor que inclui taxas de reparo, processamento e administração — muitas vezes sem explicação clara sobre os critérios desses custos. E isso não está agradando o consumidor.
Inclusive, um cliente relatou enorme frustração ao tentar contestar as cobranças, dizendo que o sistema da locadora o direcionou para um portal online com fotos do dano, mas as opções de contestação se limitam a um chatbot sem acesso imediato a um atendente humano. Já o suporte por e-mail pode levar até 10 dias para responder, enquanto os descontos para pagamento rápido expiram em poucos dias, pressionando o consumidor a aceitar a cobrança.
Conflito
A Hertz, em comunicado a imprensa norteamericana, defende a tecnologia afirmando que ela traz mais transparência, precisão e agilidade ao processo de devolução. Por outro lado, muitos clientes enxergam o sistema como uma forma de maximizar receitas e dificultar a contestação, já que a interação humana é praticamente inexistente e as taxas são pouco detalhadas. Contudo, a empresa informa que planeja expandir o uso dos scanners de IA para mais de 100 aeroportos nos EUA até o final de 2025.
O sistema UVeye já é utilizado por montadoras e concessionárias como GM e Hyundai. Analistas avaliam que essa tecnologia marca uma tendência de automação no setor de aluguel de carros, mas que também levanta debates sobre transparência, ética e direitos do consumidor.