O jornalista Chris Hughes é o editor-chefe de um site de notícias chamado The New Republic, mas ganhou fama por ser um dos fundadores do Facebook. Ele, Dustin Moskovitz, o brasileiro Eduardo Saverin e, claro, Mark Zuckerberg estudaram em Harvard e, juntos, tiveram a ideia de criar a tal rede que vive às voltas com uma série de polêmicas. Com o avanço da plataforma, ele assumiu o cargo de porta voz do Face nos meios de comunicação, mas isso não durou muito tempo. No início da década, ele se desligou da companhia e passou a exercer a sua profissão.
Em outras palavas, Hughes viu e ouviu muita coisa dentro do Facebook. Esta semana, parte desse conhecimento foi exibido em um polêmico artigo assinado por ele sobre a rede social e publicado no jornal The New York Times. Intitulado “It’s time to break up Facebook” ou algo como “É hora de desmembrar o Facebok”, o artigo assinado pelo jornalista narra a trajetória da rede social, os meses que antecederam o escândalo Cambridge Analytics na imprensa e, sobretudo, o desejo pelo fim do monopólio hoje capitaneada por Zuckerberg.
Hughes afirma que Zuckerberg é a mesma pessoa dos tempos de Harvard. Segundo ele, o CEO do Facebook mantém aquele espírito de quem “procrastinava em vez de estudar para uma prova” e é “uma pessoa apaixonada pela esposa”. No entanto, o jornalista afirma que Zuckerberg mudou no momento que se tornou um homem de negócios e se aproximou de políticos. Ele passou a sacrificar valores como privacidade e civilidade em troca de “cliques”.
Autocrata do comércio
Hoje, Hughes se diz arrependido por ter ajudado a criar o Facebook. Em um determinado momento do artigo, ele recorreu a uma frase de um parlamentar republicano do século retrasado direcionada às empresas de petróleo e ferrovias para descrever o papel do Facebook e o que deveria acontecer no futuro.
“Um século depois, em resposta à ascensão dos negócios de petróleo, ferrovias e bancos nos EUA, o republicano de Ohio John Sherman disse no plenário do Congresso: ‘Se não nos submetemos a um imperador (uma referência a Coroa Britânica), não deveríamos nos submeter a um autocrata do comércio com poder para impedir a concorrência e fixar o preço de qualquer mercadoria’”.
Após o famoso discurso, o Congresso aprovou a primeira lei contra monopólios chamada justamente de “Sherman Antitrust Act”, de 1890. E foi a partir delas que surgiram outras legislações similares.
Resposta
Após as declarações de Hughes no NYT, Nick Clegg, vice-presidente de comunicação e assuntos globais da empresa, respondeu ao artigo do cofundador. Segundo ele, o jornalista “não reforça a prestação de contas de uma empresa pedindo pela separação de uma companhia norte-americana bem-sucedida”.
Ainda segundo o vice-presidente, a prestação de contas de empresas de tecnologia somente será alcançada com novas regras para a internet. “É exatamente o que Mark Zuckerberg tem pedido. Inclusive, ele tem um encontro com líderes do governo nesta semana para avançar neste trabalho”, escreveu.
Desmembramento
Hughes é uma das mais recentes vozes pelo desmembramento do Facebook e o fim do monopólio das redes sociais nas mãos de Zuckerberg. Hoje, além do Face, a empresa possui o Instagram, o WhatsApp e já trabalha na construção de uma rede social em realidade virtual. Juntas, as três mídias possuem mais de 1 billhão de pessoas.
Outra voz favorável ao desmembramento não apenas do Facebook, mas também de outras empresas de tecnologia, caso do Google e Amazon, é a senadora Elizabeth Warren. Ela é uma das pré-candidatas pelos Democratas à corrida presidencial marcada para 2.020 e deve levar essa bandeira para o palanque.
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