Após o impacto da pandemia, o home office se tornou uma realidade para muitas empresas no Brasil, com aproximadamente um terço (33%) das organizações adotando o formato de teletrabalho.
O dado faz parte de uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), revelando que, embora essa porcentagem tenha diminuído devido a gradual retomada das atividades presenciais, as buscas por vagas home office e termos relacionados continuam em alta na internet.
Essa tendência também é evidenciada no levantamento da plataforma Onlinecurriculo, especializada em currículos online. Neste mês, as buscas no Google pelo termo ‘vagas de emprego home office’ cresceram 22% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já em relação a junho de 2021, o crescimento passou de 200%.
Contínuo interesse dos brasileiros pelo home office
De acordo com o levantamento, quando considerado o conceito amplo “home office“, as buscas online neste mês registraram um aumento de 42% em relação a junho do ano passado. Dados demonstram que o pico das buscas ocorreu em março de 2020, ano em que a pandemia foi oficialmente declarada, despertando um grande interesse pelo regime remoto, até então uma novidade para a maioria dos brasileiros. Esses dados sugerem que o teletrabalho pode ser mais do que apenas uma tendência passageira, indicando um formato de trabalho que tem gerado cada vez mais interesse nos profissionais brasileiros.
Lotte van Rijswijk, líder de conteúdo da Onlinecurriculo, destaca que, sim, o contexto pandêmico acelerou a implementação do home office, causando uma disrupção global nas organizações. “As empresas que não considerarem as flexibilidades oferecidas pelo teletrabalho, como a possibilidade de evitar o trânsito, ter uma agenda mais maleável e a liberdade de trabalhar de qualquer lugar, correm o risco de perder grandes talentos para empresas concorrentes”, avalia a especialista.
Buscas no Google que mais cresceram sobre o tema no último ano:
- ‘trabalhos home office’
- ‘trabalho home office meio período’
(ambas registraram crescimento de mais de 100%)
Ao analisar a segmentação por estados, São Paulo se destaca como líder nas buscas pelo home office, seguido por Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal. “O home office tem o potencial de impulsionar a diversidade cultural nas organizações, uma vez que este regime permite que talentos de diferentes estados se candidatem a vagas em empresas de todo o país”, completa Rijswijk.
Profissões
Já entre as profissões que têm mostrado crescimento nas pesquisas por vagas home office na comparação anual, destacam-se as áreas de educação, com um aumento de 65% para professores, redação, com um aumento de 42% para redatores, psicologia, com um aumento de 41% para psicólogos, e programação, com um aumento de 35% para programadores.
A visão de quem aposta no modelo
Segundo dados do Valor Investe, o custo com o congestionamento no Brasil soma perdas de R$ 267 bi por ano, cerca de 4% do PIB do Brasil. O brasileiro gasta, em média, 1h20 para se deslocar (ida e volta) para as atividades principais do dia.
Tudo isso impacta hoje na decisão não só de colaboradores, mas, da empresa, em apostar ou não no modelo de trabalho remoto. E para quem atua nesse setor, os resultados são positivos, mas é preciso coragem e planejamento.
Atuando no mercado de teletrabalho desde 2011, a Home Agent, por exemplo nasceu a partir de uma necessidade do mercado de atendimento ao cliente: tornar os contact centers eficientes e obter profissionais mais qualificados, motivados para aumentar a produtividade – sem fazer um investimento para isso.
O caminho foi introduzir um negócio focado na terceirização de serviços de contact center 100% remoto. Um modelo inovador para a época, baseado em plataformas tecnológicas para impulsionar o trabalho remoto. Com isso, a Home Agent ganhou destaque no mercado e passou a ofertar para seus clientes muito mais do que benefícios para os agentes de atendimento, mas uma redução de custos e maior qualidade.
“O home office planejado faz toda a diferença, inclusive porque é possível contratar pessoas que têm o perfil ideal para esse modelo, em vez de simplesmente transferir os colaboradores de um local para outro”, explica Fabio Boucinhas, CEO da Home Agent.
Um modelo realmente impulsionado durante a pandemia e que hoje proporciona mais qualidade de vida, traz resultados de negócios, mas, que sobretudo, testa nossas habilidades para nos adaptarmos aos novos tempos. Como alerta Karine Cavalcanti, especialista em recrutamento e seleção e sócia-fundadora da Conceito 3W: “Se a empresa não tiver uma liderança humanizada, de nada adianta. É importante que neste modelo você consiga estabelecer rituais de pausa para não transformar a sua casa em uma extensão piorada do escritório”, pontua.
Diante desse contexto é fundamental que as empresas estejam atentas às mudanças no mercado de trabalho e tenham uma escuta ativa perante seus colaboradores, adaptando-se a elas de maneira ágil. Os dados podem servir como um bom indicador às companhias acerca de mudanças relevantes no perfil dos profissionais brasileiros, seus interesses e na nova geração de profissionais.
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