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Entrevista: “Empresas gigantes sumirão do mapa”, diz especialista português

Entrevista: “Empresas gigantes sumirão do mapa”, diz especialista português

Em visita ao Brasil, o professor da Universidade NOVA de Lisboa Fernando Bação fala sobre a soberania de gigantes como a Amazon e dos fatores que levam grandes empresas a terem dificuldade de se transformar

A utilização de dados pessoais pelas empresas nunca foi tão debatida como nos últimos anos. O vazamento de informações do Facebook para a Cambridge Analytica, claro, ajudou a fomentar a discussão. Afinal, o que as companhias estão fazendo com os nossos dados? Mais: eles estão seguros nas mãos da iniciativa privada? Para o professor português Fernando Bação, subdiretor da Universidade NOVA de Lisboa e um dos maiores especialistas do mundo em data base, esses questionamentos são esperados em momentos de conflito.

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E as empresas precisam assumir as suas responsabilidades. Caso contrário, correm o risco de fechar as portas, como ocorreu com a Cambridge no mês de abril. E não são só as empresas de dados que precisam tomar cuidado. Ao contrário. Aquelas companhias que não entenderem que a digitalização é um caminho sem volta ficarão pelo caminho, segundo o professor. “Se olharmos para o passado, não encontraremos muitos exemplos de empresas que conseguiram se reinventar nessa magnitude”, afirma. A seguir, Bação comenta sobre o atual momento da digitalização no mundo e alerta para como as empresas tradicionais precisam se reinventar antes que seja tarde demais.

CM – Como o senhor observa o atual momento de digitalização das empresas?

Há uma transformação em curso no planeta e o movimento é para que cada vez mais as empresas e a sociedade evoluam para o digital. Vejo isso como positivo e importante para o desenvolvimento dos negócios. Ao mesmo tempo, eu também penso que há um desequilíbrio muito grande de um conjunto de empresas como Google, Amazon, Microsoft e algumas empresas chinesas. Elas estão muito à frente e avançam de maneira rápida. E como não há avanço na mesma velocidade de outros participantes do mercado, é possível que elas se tornem ainda mais dominantes no futuro.

CM – Isso, na sua opinião, impossibilita o surgimento de novas potências?

Vão aparecer grandes empresas. Sem dúvida. É só olhar para companhias como a Uber, que criaram novos mercados. Mas acho que vai ser difícil uma empresa existente conseguir alcançar as grandes da tecnologia.

CM – E como elas conseguiram ampliar tanto a distância das concorrentes?

Essas empresas se destacaram porque, mesmo sendo grandes e com capital aberto na bolsa, não se sentem pressionadas pelos acionistas.  Elas conseguem reinvestir o lucro no desenvolvimento de novos negócios. Isso é algo diferente e que traz muitos resultados.

CM – Na sua opinião, isso precisa mudar?

Eu acho que a inovação é completamente incompatível com curto prazo. As empresas precisam entender que precisam investir em longo prazo. A maior parte das companhias não enxerga dessa forma. Estão presas a resultados trimestrais. E esse pensamento cria um mercado muito desigual, pois as companhias tradicionais vão ficando para trás enquanto as novas têm total liberdade para investir e até dar prejuízo. Desta maneira, é possível criar um novo mercado, como fizeram Uber e Airbnb, por exemplo. Elas queimam capital, mas conseguem revolucionar o ambiente de negócio. Isso vai fazer a diferença lá na frente.

CM – Qual será o futuro das potências de hoje, que ainda não conseguiram avançar na transformação digital?

Se olharmos para o passado, não encontraremos muitos exemplos de empresas que conseguiram se reinventar nessa magnitude. E também é bom deixar claro que não é somente uma questão de tecnologia e digitalização, mas sim da transformação total, até na forma de trabalhar. Essa é a grande dificuldade das companhias, na minha opinião. O caso da Kodak já é bem conhecido: criou a fotografia digital, mas não houve um incentivo dentro da empresa e foi ultrapassada pelas outras.

CM – Então, outras gigantes vão sumir do mapa?

Eu creio que sim, mas haverá variações de indústria para indústria. A mídia, por exemplo, já se reinventou totalmente. Duas empresas (Facebook e Google) dominam boa parte da publicidade. Outro setor que será bem impactado será o bancário. Basicamente, todo o serviço financeiro está na internet. O varejo é outro que está tendo uma transformação, puxada pela Amazon. Dois setores são estranhamento resilientes: saúde e educação. Para mim, ainda é inexplicável como a educação não foi afetada até agora. Aprendemos da mesma maneira há séculos. Creio que empresas como Udacity e o próprio YouTube, do Google, terão cada vez mais peso.

CM – E teremos alguma tecnologia que será mais disruptiva do que as outras?

Existe uma lei na tecnologia: temos de superestimar o efeito de uma tecnologia em curto prazo e subestimar em longo prazo. Não sabemos quanto tempo vai durar o protagonismo de cada tecnologia. Tendo isso em mente, posso destacar a inteligência artificial e o machine learning. Blockchain, com as suas criptomoedas, também terá um impacto relevante. Mas é impossível antever o que vai acontecer nos próximos 50 anos.

CM – Atualmente, os dados estão no centro de um debate. O Facebook passa por uma crise, inclusive, por conta de vazamento de informações pessoais de seus usuários. Como o senhor enxerga essa discussão?

Essa questão dos dados está cada vez mais sensível e com um risco cada vez maior – se mal gerida, pode destruir empresas de um dia para o outro. Ao mesmo tempo, no entanto, tem um enorme potencial para criar riqueza para todo o ecossistema. É algo que precisa ser muito bem analisado pelas companhias.

CM – O senhor acredita na necessidade da criação de uma regulação dos dados?

Não. Mas acho que as empresas precisam se preocupar mais em proteger os dados. As companhias precisam pensar nas consequências e cuidar melhor da segurança para proteger os seus consumidores. Uma regulação pode impactar a captação e, hoje, a inteligência artificial é baseada em machine learning, que só funciona quando há muitos dados. Logo, poderia impactar o mercado.

CM – Muitos especialistas sugerem remunerar os clientes pelos dados como uma saída para esse impasse. Qual é a sua opinião?

Pode ser uma saída e temos até algumas experiências nesse sentido. Mas acredito que não é necessário dar dinheiro, mas sim prestar um serviço. Algo transparente para os usuários: você recebe um serviço, mas fornece seus dados em troca.

CM – O Brasil acaba de sair de uma crise. Portugal passou por algo parecido e agora está sendo tratado como o queridinho dos investidores na Europa. O que o Brasil pode aprender com Portugal?

A crise é um ótimo ponto de partida. As dificuldades são indutoras de inovação. Em Portugal, nos trouxe uma resiliência e diversas oportunidades. Se bem trabalhados, esses momentos podem resultar em diversas melhorias. O empreendedorismo brasileiro é algo vibrante e forte.

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