A Geração Z está cada vez mais imersiva no universo da Inteligência Artificial (IA). Até 2030, esse grupo deve representar 30% da força de trabalho global, e o que pensa sobre a tecnologia terá impacto direto no futuro do trabalho. O GenZReport, pesquisa global conduzida pela EY, mostra que essa geração vê a IA com entusiasmo, mas também com cautela.
Entre os principais riscos apontados estão a redução do aprendizado e da criatividade humana (43%), o aumento do desemprego por substituição de funções (43%) e a propagação de informações falsas (39%). Já entre os benefícios, destacam-se a economia de tempo em tarefas repetitivas (58%), a capacidade de analisar grandes volumes de dados (53%) e a redução de erros humanos (41%).
“Esses aspectos apontados pela Geração Z estão alinhados com as necessidades das empresas, o que é um ponto bastante interessante pensando que esses entrevistados formam a força de trabalho do futuro e serão os novos líderes”, aponta Daniela Brites, sócia de Gestão de Pessoas na EY.
O estudo ouviu 5.218 pessoas em 16 países (Canadá, Estados Unidos, México, Brasil, Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Emirados Árabes, Nigéria, China, África do Sul, Índia, Indonésia, Coréia do Sul e Japão), de 17 a 27 anos. De acordo com os entrevistados, a maioria dos jovens pretende intensificar o uso da IA. No entanto, ainda há barreiras culturais: 58% dizem que usarão mais essa tecnologia no trabalho e 51%, na vida pessoal.
Outro dado relevante é que 42% dos entrevistados acreditam que professores tenderiam a desencorajar o uso de IA generativa para realização de tarefas escolares, enquanto apenas 15% disseram que os empregadores desestimulariam isso.
“É fundamental que as lideranças nas organizações desempenhem um papel ativo em incentivar o uso adequado da IA, promovendo um ambiente no qual a tecnologia seja vista como uma aliada, capaz de aumentar a eficiência e a precisão, sem comprometer o aprendizado e a criatividade. Ao apoiar a formação e o desenvolvimento das habilidades necessárias para utilizar essas ferramentas de forma ética e responsável, as lideranças podem garantir que a Geração Z se torne não apenas consumidora, mas também criadora de soluções inovadoras que moldarão o futuro do trabalho”, explica Brites.
Habilidades e formação da GenZ
A pesquisa dividiu os entrevistados em três grupos, de acordo com a frequência de uso da IA em oito atividades cotidianas, metade pessoais e metade profissionais. Apenas 15% são considerados superusuários, que utilizam a tecnologia em todas as frentes. A maioria (61%) é formada por usuários variados, com uso seletivo. Já 24% são classificados como retardatários, aqueles que usam IA raramente ou nunca.
“É importante ressaltar que este último grupo inclui tanto os que estão começando a explorar a IA quanto aqueles que ainda não tiveram contato com as aplicações mais comuns da tecnologia”, explica Daniela.
O estudo também mapeou as habilidades consideradas essenciais para o uso eficaz da IA no trabalho. Na visão de empregadores, estão julgamento analítico, flexibilidade, inteligência emocional e capacidade de detectar vieses. Já entre os jovens, há destaque para criatividade, pensamento crítico, programação e escrita, todas com 16% de menções.
Quando o assunto é aprendizado, o comportamento digital da Geração Z se reflete na forma como consome informação sobre IA. Apenas 14% apontam educadores ou programas formais de treinamento como fonte de aprendizado. A maioria (55%) busca informações nas redes sociais, seguida por artigos e notícias (35%).
Mesmo com esse perfil autônomo, mais da metade (52%) consome conteúdo sobre IA com frequência. Para Daniela, “Ainda há uma demanda por aprendizados mais formais, principalmente no que diz respeito a suporte e recursos para aprendizagem autoguiada”, afirma.
Apesar das preocupações, o sentimento predominante é positivo. Segundo o levantamento:
- 56% acreditam que a IA os ajuda a aprender mais rápido;
- 54% afirmam que a tecnologia melhorou seu desempenho no trabalho;
- 44% estão otimistas com o impacto da IA em suas carreiras.