As inovações tecnológicas são aplicadas em vários lugares e estão em praticamente todas as tarefas realizadas durante o dia. Mas muito mais do que trazer praticidade para a rotina, as tecnologias também conseguem contribuir para desenvolver e melhorar diversos aspectos do indivíduo, inclusive sua saúde. É o caso da gameterapia.
O uso da tecnologia na medicina já é realidade, mas a cada dia é possível encontrar novas formas de utilizá-la para tratamentos de saúde. Conheça mais sobre a técnica de gameterapia e quais os benefícios que pode trazer para os pacientes.
O que é gameterapia
Como o nome sugere, a gameterapia é um tipo de terapia que utiliza games para melhorar e desenvolver habilidades de pacientes. A técnica foi desenvolvida em 2006 no Canadá e desde então consegue adeptos em todas as partes do mundo.
O motivo é claro: com a gameterapia, os pacientes se sentem muito mais interessados em realizar o tratamento da forma correta, já que é feito de forma divertida, diferente das técnicas mais tradicionais.
“O principal motivo dessa melhora dos pacientes é porque a gameterapia tira o foco da dor e das dificuldades, concentrando as sessões em uma forma de brincadeira em terceira dimensão”, explica Santiago Munhos, fisioterapeuta e um dos pioneiros desse tratamento no Brasil.
No caso da fisioterapia, os métodos mais tradicionais estão focados, principalmente, na repetição de movimentos. Mas, segundo o fisioterapeuta, muitas vezes o paciente se sente desmotivado, com a impressão de que o tratamento não está surtindo efeito.
Isso pode levar à desistência por parte do paciente ou dificultar sua melhora. É aí que se vê o potencial da gameterapia.
Para realizá-la, é preciso utilizar dispositivos de games, como óculos de imersão, que dão a impressão para o paciente de que ele está realizando uma atividade em ambiente diferente, com condições que exigem sua movimentação.
Um ponto bastante positivo dessa terapia é o fato de ela conseguir ser adaptada para diferentes situações e necessidades. “A gameterapia vem sendo indicada principalmente para tratamentos ortopédicos e neurológicos, mas com adaptações ela pode ser utilizada em quase todas as áreas da fisioterapia”, explica Santiago Munhos.
Quem pode se beneficiar da gameterapia
Quando se fala em games, é comum que as pessoas relacionem o tema com pessoas mais jovens, mas, no caso da gameterapia, isso não é uma regra. De acordo com o profissional, a técnica é indicada para pessoas de qualquer idade, principalmente idosos, que se sentem mais motivados para realizar os exercícios.
O fisioterapeuta dá um exemplo: “imagine uma senhora que fraturou o fêmur e colocou uma prótese. Ela adorava viajar, mas está impossibilitada naquele momento. Com a realidade virtual, podemos treinar a marcha dela e colocá-la onde ela quiser”.
E não são apenas idosos que se divertem enquanto cuidam da saúde. Atletas e competidores também podem se beneficiar com a gameterapia.
“Um jogador de tênis que teve uma lesão no cotovelo, quando ele estiver na fase do gesto esportivo, em vez de fazer o movimento simulando um jogo na sua cabeça, ele poderá disputar uma partida de tênis contra um adversário no videogame. O gesto esportivo será o mesmo, acrescentando ainda a competitividade”, destaca o profissional.
Ou seja, não importa a idade ou a situação, a gameterapia pode ser uma ótima forma de colocar o corpo em movimento. De acordo com Santiago, cada jogo possibilita um movimento diferente, utilizando qualquer membro do corpo. Por esse motivo, a terapia com games pode ser usada para pacientes das mais variadas idades. Desde crianças até idosos com 90 anos.
Como a realidade virtual ajuda a saúde
A principal tecnologia utilizada na gameterapia é a realidade virtual. Com ela, o indivíduo é inserido, ou imerso, em uma “nova realidade”, que mostram diferentes situações e características.
Para isso, é necessário o uso de óculos de imersão que promovem essa realidade em 3D, dando a sensação para o paciente de que ele está imerso naquela situação.
Essas imagens 3D utilizadas na realidade virtual podem ser imagens ou jogos específicos, feitos especialmente para esses tipos de terapias. Para Santiago Munhos, a realidade virtual traz inúmeras possibilidades que podem ser exploradas em cada caso.
“O uso mais comum é de um cenário familiar para um paciente que precisa recuperar sua marcha. Com as imagens, o cérebro entende que ele realmente está naquele ambiente, e a resposta é muito mais rápida”, diz o fisioterapeuta.
Outro exemplo dado pelo profissional é o uso de filmes imersivos para pacientes que têm cinesiofobia (medo de se movimentar). Segundo ele, com a atenção voltada para o filme, o paciente se mexe até mesmo sem perceber.
Um fator que faz com que os resultados com a gameterapia sejam ainda mais rápidos é a agilidade do feedback. Santiago explica que o paciente tem, de fato, a sensação de que está em outro ambiente, e não em uma sala de fisioterapia, e consegue interagir com objetos e diferentes situações.
Todos esses detalhes fazem com que o paciente tenha uma ideia mais positiva e divertida do processo, o que também faz com que busquem sempre melhorar seu desempenho, para conseguir interagir melhor com aquela realidade virtual.
A importância da gameterapia
Quem não conhece seu potencial pode até duvidar, mas os resultados mostram, por si só, como a gameterapia pode trazer inúmeros benefícios para os pacientes. Isso faz com que esse tratamento mais tecnológico se torne cada vez mais importante quando se trata de saúde, sendo uma tendência para o futuro.
Para Santiago Munhos, a gameterapia desempenha um papel muito importante para a saúde física, melhorando equilíbrio, coordenação motora, movimentação, reflexos e condicionamento.
Mas não para por aí: “A gameterapia pode acabar com a cinesiofobia (o medo de se movimentar), dar informações ao cérebro (que responde de melhor forma ao tratamento) e, em alguns casos, evitar até a depressão, já que simula situações em que a pessoa gostaria de viver naquele momento”, afirma.
Deu para notar a importância da tecnologia para cuidar da saúde, não é? Esses usos estão cada vez mais em alta e se mostram tendências para tratamentos no futuro, não apenas para fisioterapia, mas também para outras possibilidades, sendo a gameterapia apenas uma das tantas que estão por vir.
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