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O futuro das marcas cruelty free

O futuro das marcas cruelty free

Certificação traz benefícios ao consumidor, à empresa e à causa

De 2019 para 2020, a busca pelo Selo Vegano, processo de certificação criado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), cresceu 16%. Isso porque ser cruelty free – livre de crueldade, ou sem crueldade, em uma tradução simples – é uma tendência que vem de encontro com a crescente preocupação das marcas com o meio ambiente e com o respeito aos animais.

Os esforços das companhias para a obtenção desse título são notáveis, já que um produto com a certificação vegana da SVB está livre de silicone, parabenos, corantes, óleos minerais e outras substâncias consideradas tóxicas ao corpo humano. As embalagens são 100% recicláveis e feitas de frascos de plástico reutilizado.

Logo, ao dar esse passo, a organização se compromete a não utilizar os bichinhos nos testes do produto em questão – ou explorar derivados de origem animal, exerce seu papel social e se mostra como um organismo que pretende operar da maneira mais sustentável possível, pois parcela dos consumidores ultimamente tem repensado sua relação com o consumo e considera o uso de animais antiético, para pesquisa do Instituto Superior de Administração e Gestão, de Porto (Portugal).

Mercados com maior expectativa de crescimento cruelty free

De acordo com a SVB, os setores de cosméticos, alimentação (principalmente suplementos), calçados, lavanderia e de produtos de limpeza são os que mais se destacam na procura pelo Selo Vegano. Para se ter uma ideia, em 2019, foram concedidos 34 selos, em 2020, 38. Neste ano, a SVB já avaliou 47 produtos.

Para o segmento da beleza, as expectativas são altas. Segundo o relatório Vegan Cosmetics Market Research, da Grand View Research, que aborda o impacto cumulativo da pandemia de Covid-19 nas vendas de empresas da área, o mercado global de cosméticos veganos foi estimado em US$ 13,97 bilhões em 2020 e deve atingir US$ 14,99 bilhões em 2021. Se houver uma taxa composta de crescimento anual de 7,58%, estima-se atingir a casa dos US$ 21,67 bilhões em 2026.

Em consonância com tudo isso, a demanda por produtos veganos está passando por um crescimento sem precedentes. Segundo pesquisa do IBOPE Inteligência, 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos – um crescimento de 75% em relação a 2012. Os não vegetarianos também geram demanda significativa por produtos veganos.

Ainda para o estudo, mais da metade dos brasileiros consumiria mais produtos veganos se estivessem melhor indicados na embalagem (55%) ou se tivessem o mesmo preço que os produtos que estão acostumados a consumir (60%). Além disso, 63% da população gostariam de reduzir o seu consumo de carnes desde o escândalo da Operação Carne Fraca (Polícia Federal), de acordo com o Datafolha.

Como conseguir a certificação e seus benefícios

Para solicitar oficialmente o Selo Vegano, criado em 2013 pela SVB, o produto, para ser cruelty free e ter chances de ser aprovado, deve atender a três critérios, são eles:

● Produto sem ingredientes de origem animal: a possibilidade de presença não intencional de resíduos de origem animal não é um fator que impede o produto de obter a certificação. A análise e verificação deste critério inclui tanto a composição quanto o processo de fabricação (mesmo se o ingrediente não estiver na composição do produto final);
● Empresa não testa produto finalizado em animais;
● Fabricantes fornecedores não testam os ingredientes em animais.

Nas duas últimas condições, deve-se considerar o período de carência de, no mínimo, cinco anos, para testes em animais para todos os produtos e ingredientes em processo de certificação. Com isso em mente, o gestor deve seguir o passo a passo:

1. Envie os nomes dos produtos e as respectivas composições para [email protected]: você receberá, em alguns dias, o orçamento e orientações específicas para prosseguir para a próxima etapa.
2. Envie as informações e documentos solicitados: os arquivos serão analisados e você terá um retorno com o resultado no prazo de 30 a 90 dias. Caso sejam necessários documentos ou esclarecimentos adicionais, a empresa será comunicada e um novo prazo será estabelecido.
3. Aguarde a aprovação: após análise, caso o produto seja aprovado, a utilização do Selo Vegano SVB para comercialização do produto estará autorizada mediante aprovação do layout de embalagem pela área técnica (de acordo com os critérios estabelecidos no Manual de Aplicação do Selo Vegano SVB) e elaboração de contrato legal entre as partes interessadas.

Vale lembrar que a certificação é válida somente para o produto solicitado, e não para a empresa como um todo. Tanto que a maioria das companhias que possuem o Selo Vegano da SVB contém linhas que não são cruelty free.

O investimento varia de acordo com diversos fatores, tais como quantidade de produtos, complexidade de composição, presença de insumos críticos e porte da empresa. O piso da taxa anual de licenciamento atualmente é de R$ 850,00.

De qualquer forma, os benefícios que a busca por uma atuação mais verde causa extrapola a estrutura interna da organização e atinge um público maior, como seus clientes, e acaba incentivando outros players do mercado a voltarem os olhares para o assunto.

● Consumidores: facilidade na hora de identificar produtos veganos com segurança e sem a necessidade de ler e interpretar todos os componentes e descrições nas embalagens;
● Marcas: mais segurança na sua própria cadeia no que diz respeito a insumos veganos ou não veganos, bem como ao produto final; maior probabilidade de venda ao público vegetariano e vegano;
● Causa animal: incentivo ao desenvolvimento e qualificação das cadeias de fornecimento de insumos para indústrias a respeito de produtos veganos; divulgação do conceito em milhares de pontos de venda ao redor do país.

Sendo assim, ao passo que a tecnologia avança, é possível garantir uma melhor qualidade de vida aos animais, que tanto já sofreram com testes em laboratórios, sem que os produtos percam a qualidade.


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