Fraudes com cartões de crédito, débito e pré-pagos já atingiram 30% dos brasileiros nos últimos cinco anos, segundo pesquisa da ACI Worldwide, empresa de pagamentos global. A pesquisa, realizada entre março e abril deste ano, com 6.159 consumidores de 20 países, mostra que o País está atrás apenas dos Emirados Árabes, onde o percentual atinge os 44%, China (42%), Estados Unidos (41%), Índia (41%), México (33%) e Austrália (31%).
“No Brasil, a fraude diminuiu cinco pontos percentuais, mas houve uma migração, porque o fraudador agora apontou suas armas para fraude em e-commerce e internet banking”, afirma Joel Celso Nunes, consultor de soluções da ACI, que fez um panorama de fraudes no Retaild! FS, evento sobre serviços financeiros que ocorreu de nos últimos três dias (20 a 22) em Campos do Jordão (SP).
Segundo ele, os ataques ao varejo estão cada vez mais fortes. Países como a Suécia, onde 19% da população teve o cartão fraudado nos últimos cinco anos e que figura em último lugar na lista da ACI, tem legislação forte como ponto a favor das empresas. “Quando o fraudador é pego, ele de fato fica na cadeia, sem contar na educação da população no uso dos meios de pagamento que é alta. No fim, o ponto fraco dessa cadeia é o consumidor”, avalia.
No Brasil, o fator educação do cliente é um dos fatores que reforçam o aumento das fraudes, diz Nunes. O brasileiro, afirma, tem um dos maiores índices de comportamento de risco do mundo. Entre as ações de risco estão coisas simples, como jogar documentos no lixo sem cortar informações pessoais, ação praticada por 30% dos brasileiros.
Nos Estados Unidos, esse índice é de 7%. Ter o PC desprotegido é usual entre 22% dos entrevistados. Smartphones destravados (21%), PIN desprotegido (12%) e a aceitação de phising (7%), aqueles e-mails desconhecidos que pedem para clicar em algum arquivo ou link, são os principais comportamentos de risco dos consumidores. “Essas ações de risco mostram que há outro lado nessa cadeia de segurança de fraude que ainda é um elo muito fraco”, avalia Nunes.
As fraudes geram impactos nos comportamentos dos consumidores que não beneficiam o varejo. Dentre os consumidores que afirmaram que sofreram fraude nos últimos cinco anos, 63% reduziu o uso do cartão e 55% começaram a se preocupar com roubo de identidade.
“Eles perceberam que o fraudador sabia também dados pessoais para praticar outros tipos de fraudes. Os fraudadores trocam dados entre si, eles têm banco de dados com as informações dos consumidores e vendem estes dados na internet e refazem estes ataques. Eles têm um bom CRM”, afirma o especialista.
Outro dado curioso é que 50% dos que sofreram fraude passaram a não confiar na proteção dada pelos varejistas. E a maioria, diz Nunes, desconfia mais do varejista físico do que do varejista online.
“Quando o consumidor vai a uma loja e os dados dele são pedidos, ele diz não ter certeza de que esses dados serão protegidos. Enquanto que quando ele faz uma compra na internet, ele pode se sente mais seguro, porque sabe que tem uma empresa de proteção por trás daquela transação”, explica.
Para reduzir estes números, o consultor diz que o varejo deve investir em tecnologia para melhorar a segurança continuamente e, principalmente, comunicar aos clientes o que é feito para proteger os dados pessoais e financeiros dos consumidores. “O ponto mais importante é educar o cliente, ensinar o que ele tem de fazer para se proteger”, assinala Nunes.
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