O Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou nesta terça-feira que a recuperação global vai se fortalecer este ano conforme a produção em países mais ricos acelera, mas alertou para riscos em economias emergentes.
Em seu mais recente panorama econômico global, o FMI informou que políticas melhores são necessárias para elevar a capacidade produtiva mundial e evitar período prolongado de crescimento lento.
A produção global deve crescer 3,6 por cento este ano, levemente abaixo do que o previsto em janeiro, e avançar 3,9 por cento no ano que vem, informou o FMI em seu relatório “Perspectiva Econômica Global”.
No entanto, o número esconde divergência cada vez maior entre os países. Enquanto menos austeridade fiscal deve ajudar a liberar o crescimento nos Estados Unidos e na Europa, os mercados emergentes devem crescer mais lentamente do que se acreditava apenas alguns meses atrás devido a condições financeiras mais apertadas, segundo o FMI.
Riscos geopolíticos também entraram no cenários devido ao conflito entre Rússia e países ocidentais sobre a Ucrânia.
“O fortalecimento da recuperação da Grande Recessão nas economias avançadas é um acontecimento bem-vindo”, informou o FMI. “Mas o crescimento não é igualmente robusto no globo, e mais esforços são necessários para restaurar completamente a confiança, assegurar o crescimento robusto e reduzir os riscos”.
Apesar da fraqueza relacionada ao clima no começo do ano, o FMI informou que os Estados Unidos devem aproveitar crescimento acima da tendência de 2,8 por cento este ano graças ao corte orçamentário menos severo, ao mercado imobiliário em recuperação e à política monetária expansionista.
O FMI argumentou que não espera que o Federal Reserve, banco central dos EUA, eleve as taxas de juros até o terceiro trimestre do ano que vem.
A atividade econômica na zona do euro deve se recuperar levemente conforme os países desacelerem o ritmo da austeridade fiscal, mesmo que a zona do euro continue sofrendo de fragmentação financeira e fraca oferta e demanda de crédito, segundo o FMI.
O FMI repetiu alertas sobre o nível muito baixo de inflação na zona do euro e via risco de cerca de 20 por cento de deflação prejudicial ao crescimento na região.
“Baixa inflação sustentada provavelmente não contribuiria para recuperação adequada do crescimento econômico”, trouxe o FMI, instando novamente o Banco Central Europeu (BCE) a afrouxar sua política monetária.
O FMI cortou as projeções para alguns dos maiores países de renda média, incluindo a Rússia, a Turquia, o Brasil e a África do Sul. Ele previu que os mercados emergentes no geral vão crescer 4,9 por cento neste ano, 0,2 ponto percentual abaixo da estimativa feita em janeiro.
“Nas economias de mercados emergentes, as vulnerabilidades aparecem em sua maior parte de maneira localizada”, informou o FMI. “Mesmo assim, desaceleração geral ainda maior nestas economias permanece um risco”.
Para o Brasil, a entidade reduziu sua projeção de crescimento econômico em 2014 a 1,8 por cento, frente a 2,3 por cento previstos no início do ano.
O FMI alertou que a disputa entre a Rússia e os países ocidentais sobre da Ucrânia podem sabotar o crescimento em outras economias que faziam parte da antiga União Soviética. A Rússia, importante produtora de commodities e fornecedora de gás natural à Europa, foi atingida por sanções da União Europeia e dos EUA devido à anexação da região ucraniana da Crimeia.
O potencial de crescimento já é baixo em economias avançadas e provavelmente caiu em mercados emergentes conforme a China muda a base de sua economia de investimentos para o consumo, segundo o FMI.
“A política fiscal precisa ter um papel crítico se o crescimento permanece em níveis abaixo do adequado”, informou o FMI. “Nesse caso, medidas mais ambiciosas visando elevar o potencial de crescimento devem ser contempladas”.
* Via Reuters