As fintechs chegaram no mercado como uma possibilidade de tornar instituições financeiras mais inovadoras e tecnológicas e, desde então, ganharam a simpatia – e as contas bancárias – de inúmeras pessoas. As facilidades oferecidas pelo modelo não pararam por aí e, hoje, outros setores utilizam o mesmo formato de sistema, como é o caso das empresas de meios de pagamento.
Para criarem esse sistema, entretanto, é preciso ter conhecimento de diferentes ramos, desde a parte tecnológica até a financeira. É aí que surge o modelo Fintech as a Service.
O que é o modelo Fintech as a Service
O nome Fintech As a Service, ou FaaS, está relacionado com um conceito de modelo de negócios que oferece uma solução em formato de serviço. Por exemplo, uma empresa que trabalha com SaaS (Software as a Service) oferece um tipo de software como serviço, ou seja, é contratada por outras empresas para implementar soluções de software que são vendidos por assinatura.
Seguindo o mesmo raciocínio, o modelo Fintech as a Service nada mais é do que uma empresa que oferece o serviço de construir uma fintech (e todos os sistemas que que envolvem esse processo), assim como fornecer soluções para ela. “De forma bem lúdica, podemos dizer que um banco é feito de ‘legos’, e as Fintech as a Service constroem e montam esses legos da maneira correta”, explica Jorge Lincoln Miranda, especialista em banking na Flint, empresa de Tecnologia Financeira, consultor de fintechs desde 1995.
Segundo ele, as FaaS auxiliam na construção do modelo disponibilizando soluções, produtos e serviços tecnológicos para a construção dessas fintechs. Dessa maneira, empresas que desejam implementar um modelo de fintech no seu ecossistema, podem contratar outras que ofereçam o serviço de construção do formato.
As soluções propostas pelas Fintechs as a Service servem tanto para instituições financeiras, como bancos e fintechs, quanto para empresas de outros mercados. O setor de meio de pagamento é um dos que estão em pleno desenvolvimento e que exigem inúmeras soluções de fintech. De acordo com a pesquisa Meios de Pagamento & Mobile Payment 2020, feita pelo Hub de Inovação Distrito, existem cerca de 741 fintechs no Brasil, sendo que 16,4% delas oferecem o serviço de pagamentos, mercado que cresceu mais de 200% desde 2011.
Por que buscar pelo serviço?
Em busca de diversificação no mercado, muitas empresas, inclusive do varejo, passaram a utilizar soluções financeiras próprias e oferecê-las também para terceiros, como uma forma de geração de valor. É o caso do MercadoPago, que faz parte do Mercado Livre (marketplace), PagSeguro, do Uol (mídia).
Como o mercado de meios de pagamento está em plena ascensão, conforme mostram os dados da pesquisa da Distrito, oferecer essas soluções criou novas possibilidades e oportunidades para essas empresas. No caso do UOL, por exemplo, sua empresa de meios de pagamentos lucrou R$430 milhões nos últimos três meses de 2020.
É para construir todo o sistema necessário para oferecer esses serviços financeiros (que não são poucos) que servem as Fintech as a Service. De acordo com Miranda, contratar esse serviço é interessante pois acelera o processo a partir do conhecimento prévio sobre desenvolvimento e também questões burocráticas, permitindo que o dono da empresa se preocupe apenas com seu próprio negócio.
“As FaaS oferecem serviços financeiros voltados para questões regulatórias, de gestão, integração, front e back no processamento das transações, entre outras soluções”, explica o especialista em fintechs. Dessa maneira, não são apenas aquelas empresas que desejam criar seu próprio meio de pagamento que podem aproveitar as facilidades.
Na verdade, segundo Jorge Miranda, toda empresa que tenha alguma relação com transações financeiras eletrônicas pode usar as soluções de Fintech as a Service para melhorar sistemas, agilizar processos ou torná-lo mais seguro. O especialista cita alguns dos mercados que podem aproveitar os benefícios do modelo:
- Bancos de nicho profissional;
- Sociedades de Crédito Direto;
- Instituições de Pagamentos;
- Wallets (carteiras digitais);
- Hubs e Gateways de pagamentos;
- E-commerce;
- Varejo físico com carteiras digitais.
“Se pensarmos nos benefícios que um serviço pode proporcionar, quanto mais rápido são oferecidos e quanto maior a automação destes, mais rapidamente é possível ver os resultados. Óbvio que, além disso, o serviço e produto devem ser atrativos para o mercado”, opina Jorge Miranda.
O melhor momento para buscar a solução
Assim como em qualquer investimento dentro de uma empresa, é preciso saber o momento certo de buscar por essa solução para que os resultados sejam benéficos de verdade. Além do planejamento de metas e ações, para o especialista da Flint, o momento ideal é quando o modelo de negócio também precisa estar bem definido, considerando a construção do mínimo produto viável.
No caso de empresas já existentes que querem diversificar os negócios, “é preciso repensar a logística de operação e fluxos financeiros com estas novas ferramentas oferecidas pelas Fintech as a Service”, diz.
Outro ponto citado pelo especialista é o fato de muitas pessoas pensarem que as soluções tecnológicas já garantem bons resultados. “A tecnologia por si só não lhe oferece a certeza de sucesso em seu negócio. Lembre-se que ela é um meio para tal e, desta forma, o produto ou serviço deve ser atrativo para o mercado que está focando. Neste sentido, é preciso estar com isso bem definido antes de buscar uma FaaS”, explica o especialista.
Por isso, ele indica uma boa pesquisa de mercado. “Existem várias práticas que podem auxiliar quem empreende, desde uma pesquisa de mercado, para entender quais problemas e necessidades existem, como a técnica de ‘product designer’ ou metodologias como ‘double diamond’”.
Dessa maneira, antes de pensar em diversificar a empresa ou implementar soluções de Fintech as a Service, é preciso estar com objetivos bem definidos dentro da empresa, assim como um modelo de negócio estabelecido.
Com o formato estabelecido, não é apenas a empresa que ganha, mas também seus clientes, sejam eles pessoas físicas ou outros negócios. Segundo Jorge Miranda, inúmeros benefícios consequentes dessas facilidades são sentidos pelo consumidor. “Posso citar redução de custos, praticidade com serviços online e real-time e práticas disruptivas, proporcionando novas formas para os consumidores se relacionarem com serviços e produtos”, diz. Ou seja, o modelo de Fintech as a Service contribui com novos formatos e promete mudar o mercado de finanças.
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