O faturamento do segmento atacadista distribuidor referente a agosto sofreu queda de 12,01% em relação ao mesmo mês de 2014, revela pesquisa mensal da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), apurada pela Fundação Instituto de Administração (FIA).
Apesar da redução no faturamento ter sido menor entre julho e agosto deste ano (-5,56%), entre janeiro e agosto de 2015 no comparativo anual o faturamento acumula retração de 9,75%.?O desempenho é resultado direto do agravamento da crise econômica. Com o avanço do desemprego e o poder de compra corroído pela inflação, o consumidor aumentou o nível de desconfiança e não tem sido apenas seletivo, mas está comprando menos e deixando de levar os produtos da cesta que habitualmente ele adquiria?, afirma em nota o presidente da ABAD, José do Egito Frota Lopes Filho.
Incerteza vem elevando custos
Não bastasse a queda nas vendas, a instabilidade econômica, provocada em grande parte pelo cenário político conturbado, trouxe outro problema para o setor: o aumento de custos. Tradicionalmente, a indústria tem, no máximo, dois reajustes anuais, o que permite ao atacado distribuidor segurar o repasse ao consumidor por até 70 dias, devido ao estoque. Em 2015, porém, a indústria já está promovendo o terceiro reajuste, principalmente por causa da alta dos insumos que sofrem influência do câmbio.
Repasse integral ao consumidor
Segundo José do Egito, apesar dos repasses serem inevitáveis a partir de agora, a cadeia de abastecimento está empenhada em encontrar alternativas. ?Cada elo da cadeia terá de dar a sua contribuição: o varejo vai reduzir a sua margem de lucro, o atacado vai enxugar seus custos e ampliar seu estoque e a indústria, com o apoio do atacado, terá de encontrar soluções para oferecer produtos competitivos. Temos um balizador importante nesse processo: o consumidor. Se ele não puder comprar, ninguém vai vender?, ressaltou ele em comunicado à imprensa.
Crescimento zero
Diante do atual cenário, o setor está revendo sua estimativa de crescimento para 2015. A previsão anterior de 1% passa agora para crescimento zero, ancorada principalmente no desempenho do comércio no fim do ano. De acordo com o presidente da ABAD, as mudanças, inclusive do perfil do consumidor, impõem um grande desafio aos agentes de distribuição, que ?terão de se ajustar ao novo tamanho do mercado.?
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