Em uma interminável via crúcis, o Facebook protagonizou escândalos que envolveram a exploração indevida de dados pessoais de seus usuários. Dessa vez, a falha de monitoramento ocorreu no Sudão do Sul, país africano. No mês de outubro, sudaneses participaram do leilão de uma adolescente de 17 anos depois que viram um anúncio no Facebook que divulgava a venda.
Dias depois, a negociação foi encerrada e a adolescente foi comprada por 530 cabeças de gado, três automóveis e 10 mil dólares, de acordo com informações da Plan International, organização dedicada a proteção de direitos de jovens menores. O episódio revela a vulnerabilidade que a plataforma demonstra no controle de suas publicações, independente da localização.
Vale destacar que o casamento de menores de 18 anos já é proibido no Sudão do Sul, porém, mesmo com a nova legislação e campanhas constantes sobre o tema, essa prática ainda ocorre no país. As organizações locais temem que o tráfico de mulheres se acentue no país por meio do Facebook.
Lentidão para agir
A rede social demorou para agir no caso. O anúncio foi publicado no dia 25 de outubro, porém, apenas em 9 de novembro – dias depois da garota ter sido entregue para seu futuro marido – foi removido da plataforma.
O caso repercutiu amplamente no país. Em entrevista à rede CNN, George Otim, diretor da Plan International no Sudão do Sul, se mostrou estarrecido com o ocorrido: “Que uma garota possa ser vendida para casamento na maior rede social do mundo hoje em dia é inacreditável”, disse.
Explicações
A rede social não detalhou as causas que levaram à demora para a remoção da publicação da plataforma. Em nota, o Facebook disse que tem investido em segurança para tentar conter a disseminação de tráfico humano nos canais da rede.
“Estamos sempre melhorando nossos métodos para identificar conteúdo que vai contra nossas políticas de uso, incluindo dobrar nosso time de segurança para chegar a mais de 30 mil pessoas e investir em tecnologia”, disse.