O Boticário lançou sua primeira fragrância que não será comercializada. Extinto, o perfume que faz parte do projeto que leva o seu nome, foi apresentado ao público em um evento que aconteceu no último dia 22, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Feito a partir de plantas que existem na Baía de Guanabara, o produto tem o objetivo de lembrar o cheiro original do local e alertar quanto a poluição da região. iniciativa conta com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (FGB) e tem como um o DJ Alok como um dos nomes que apoia a ação.
A fragrância foi criada sem extrair matéria-prima da área preservada. Para isso, perfumistas da marca foram até o Recôncavo da Guanabara e captaram, por meio de uma tecnologia chamada Headspace, amostras das moléculas aromáticas do ambiente. Em seguida, foi feita uma análise para identificar os cheiros da região e realizar uma leitura dos elementos originais do local, que não podem ser mais encontrados fora da região de preservação devido à devastação ambiental. Por último, os especialistas do O Boticário reproduziram de maneira fiel o perfume com as matérias-primas sintéticas. O produto é vegano e composto por 93% de ingredientes de origem natural, rastreáveis, orgânicos e de cadeia circular, além de uma baixa porcentagem de elementos sintéticos.
“O Projeto Extinto parte de um conceito que defendemos em todas as nossas ações e comunicações: só existe beleza, se existir planeta. E o risco de que a Baía de Guanabara, que traz uma biodiversidade valiosíssima para a nossa existência, não se regenere por conta da poluição e geração de resíduos é real – e assustador. Por isso, queremos aproveitar nosso alcance, capilaridade e relação próxima com os nossos consumidores para dar cada vez mais visibilidade a temas relevantes para a agenda de ESG, reforçando o compromisso e papel da marca como agente transformador dessa realidade”, afirma Marcela de Masi, diretora-executiva de Branding e Comunicação do Grupo Boticário.
Cada uma das unidades fabricadas do Extinto, tanto as de origem nacional quanto internacional, será destinada à promoção do tema e ao aumento da notoriedade das discussões ambientais, sem a realização de qualquer transação comercial dos produtos.
“Nós trabalhamos desenvolvendo mais de seis mil produtos todos os anos. Desses, grande parte vai para o mercado, e grande parte, que faz parte do suporte à venda, não necessariamente chega ao consumidor com um novo produto. Mas, por mais que tenhamos muitos desafios de sustentabilidade, esse projeto mexeu com todo mundo”, pontua Gustavo Dieamant, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento no Grupo Boticário.
“Para desenvolver essa fragrância, fomos buscar aquilo que está para acabar, e o que está para acabar é a floresta, intacta da forma como ela veio à natureza, na forma que ela se desenvolveu com todas as mudanças climáticas, mas é o que ela é. Nós fomos até o local preservado da floresta, numa manhã em que todos os olfativos se exalam mais e usamos uma técnica chamada Headspace, que consegue captar sem tocar na natureza, sem danificar absolutamente nada, de nenhuma espécie. Simplesmente faz a captação da matéria” acrescenta.
Por que O Boticário se inspirou na Baía de Guanabara para criar o Extinto?
Com 380 km² de extensão, a Baía de Guanabara é a segunda maior em extensão do litoral do Brasil e, por dia, recebe 98 toneladas de lixo, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Porém, no país, apenas 4% de todos os resíduos descartados diariamente são reciclados. Além disso, por aqui, apenas 1,1 milhão das 27,7 milhões de toneladas de recicláveis gerados todo ano têm destino adequado. Isso coloca o Brasil atrás do Chile, Argentina e Turquia. Nesse cenário, O Boticário surge com a proposta de alertar sobre a importância da preservação do meio ambiente na gestão de resíduos sólidos.
A escolha do local foi motivada pela relação com a Fundação Grupo Boticário, que nos últimos cinco anos investiu R$ 13 milhões e, junto com outros setores, fez mais de R$ 12 milhões em apoio a iniciativas da região. A Baía de Guanabara foi a primeira parada de uma expedição global, que deve passar por outros quatro continentes. Nos próximos meses, serão lançadas pela marca novas fragrâncias inspiradas nos cheiros de outras paisagens, ao redor do mundo, ameaçadas pela poluição: Calábria, na Europa; Ilha de Madagascar, na África; Nova Delhi, na Índia; e Camberra, na Oceania.
“A realidade de gerenciamento em gestão de resíduos no Brasil é também uma obrigação e papel das organizações privadas que atuam no nosso país, como fornecer formatos, se responsabilizar e dar opções para que os nossos consumidores possam entender a importância da falta de resíduos. Para onde vai uma embalagem, uma tampa ou um frasco? Infelizmente, pode parar em ecossistemas. Então, hoje no Grupo Boticário, pensamos em produtos que são baseados na economia circular e que, cada vez, mais levam a menor quantidade de materiais, sabendo que os recursos são escassos. Pensamos em uma lógica de circularidade, de reinserir produtos reciclados dentro das nossas embalagens e, principalmente, em formas de reutilizar”, frisa Luis Meyer, diretor de ESG do Grupo Boticário.
O Projeto Extinto, criado pela AlmapBBDO, contou ainda com a ajuda da ONG Guardiões do Mar para retirar mais de uma tonelada de resíduos da região. A ação aconteceu no dia 18 de janeiro, em comemoração ao Dia Estadual da Baía de Guanabara, determinado pela Lei 3616/2001. A limpeza reuniu 26 voluntários na Praia das Pedrinhas, em São Gonçalo, para remover boa parte dos resíduos sólidos descartados no local. Após registro e pesagem, o lixo coletado foi encaminhado para um aterro sanitário devidamente regularizado e credenciado pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Também foi feita a seleção e categorização dos itens, por meio de um protocolo científico utilizado nacionalmente que insere os dados no mapeamento do Ministério do Meio Ambiente. Com isso, as autoridades terão acesso a um panorama dos resíduos que chegam à costa.
O trabalho da Fundação Grupo Boticário na região começou em 2019 e, além das ONGs e do INEA, tem apoio de outros parceiros. Um deles é a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAM), que passou a investir na preservação local por meio do Movimento Viva Água Baía de Guanabara e apoiadores como governos, sociedade civil e empresas no desenho de soluções que aliam conservação e desenvolvimento econômico.
“Toda vez que olho para O Boticário, vejo esse aspecto da preocupação socioambiental. O que estamos fazendo agora é trazendo conscientização sobre esse projeto. É o primeiro produto que eu lanço com O Boticário que não é comercial, porque muito antes do aspecto comercial, tem um propósito que se conecta genuinamente com o plano que tenho para a minha carreira, e até como propósito de vida. Quando estamos entrando nesses aspectos, é muito importante nos conectarmos com outros players que também pensem da mesma maneira. Assim, o trabalho fica mais abundante e mais fácil de ser realizado”, comenta Alok.
Fotos: Iude Richele