Dia cheio, muita chuva, novas amizades, caminhada e música boa. Esse é um bom resumo da minha passagem pelo Lollapalooza Brasil de 2022 na sexta-feira (25), que contou com a apresentação de 24 músicos e bandas. Mas foi interessante mesmo analisar o que um festival desse tamanho — que cobre uma parte considerável do Autódromo de Interlagos — trouxe de tão atrativo, além, é claro, dos artistas.
Veja, é a primeira vez que vou ao festival de fato. Em 2019, antes da pandemia, cheguei a ir apenas ao Onix Day que, mesmo sendo no mesmo local, tinha uma duração bem menor e era restrito a apenas um palco, uma ação promocional da Chevrolet. Então, apesar de conhecer ao menos o Autódromo, fiquei muitíssimo curiosa para entender a dinâmica e a organização do Lollapalooza. E um dos pontos mais interessantes me deixou surpresa antes mesmo do festival começar, com as pulseiras eletrônicas (cashless).
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Pagamento instantâneo e sem uso de cartões ou dinheiro físico
Ganhei o ingresso como um presente de minhas amigas e, após todas as confirmações, ficou bem indicado que todas as transações lá dentro poderiam ser feitas pela própria pulseira. Assim que ela chegou, deu para entender o porquê.
Achei ideia fantástica, antes mesmo de ir ao festival, era necessário comprar créditos para abastecê-la. E isso, é claro, evita a fadiga de levar dinheiro, cartão de débito ou crédito físico, ou mesmo tirar aqueles cinco minutos para passar um Pix. Lá dentro, ela se provou muito eficiente: a compra de qualquer bebida ou comida era feita com o simples encostar do chip da pulseira — que é à prova d’água — na maquininha de pagamento. Após a compra, a tela da máquina mostrava ao usuário o saldo restante.
Para quem, como eu, se enfiou no meio da multidão para ver algumas das bandas favoritas do dia, esse recurso acabou facilitando muito a experiência. No último show da noite, da consagrada banda The Strokes, a vantagem foi imensa: os ambulantes do próprio evento passavam no meio do público com água e cerveja e pagar com a pulseira deixou tudo muito mais prático.
Visualização dos palcos: uma oportunidade das marcas patrocinadoras
Outro ponto que chamou a atenção foi a localização e o nome dos palcos. Cada um deles continha o nome de um dos grandes patrocinadores do evento — Palco Perry’s by Doritos, Palco Ônix, Palco Adidas e o principal, Palco Budweiser, que abrigou os shows de The Strokes, Miley Cyrus e o então tributo ao baterista do Foo Fighters, Taylor Hawkins.
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Cada um dos palcos continha um estande grande da marca, que serviu muito bem para auxiliar na localização do público. Além disso, o Lolla também contou com outros patrocinadores que estavam presentes em outros espaços do Autódromo, como Grupo Globo, Vivo, Coca-Cola, McDonald’s, Tanqueray, Johnnie Walker, Sadia, Samsung, Braskem, Instagram, Melissa, Chilli Beans e Olla. Todas essas marcas tinham algum tipo de atração, seja comercializando produtos ou oferecendo interações com prêmios.
Os produtos estavam, sejamos sinceros, muito mais inflacionados do que o comum. Mas o sistema todo também funcionava com as pulseiras digitais. E as atrações estavam razoavelmente próximas umas das outras, tendo em vista que havia um espaço dentro do festival dedicado apenas para compras de camisetas de bandas, itens específicos do Lollapalooza e muitos locais instagramáveis.
Ali o principal ponto era a experiência do cliente: todos os estandes tinham alguma ação que gerava engajamento nas redes e o festival todo era focado em trazer um momento memorável, seja dentro das lojas das marcas patrocinadoras ou nas outras atrações tradicionais, como a roda gigante, fornecida como uma experiência da Samsung.
Mas que teve “perrengue”, teve
É claro que nem tudo no Lollapalooza são flores e eu preciso dizer: quem realmente quer curtir o festival precisa estar preparado para as adversidades. Primeiro porque os palcos não são próximos uns dos outros — vai aí uma boa caminhadinha — e, como os shows acontecem de forma simultânea nos quatro palcos, é preciso fazer escolhas do que assistir ou não.
Na sexta-feira, consegui assistir a cantora LP quase encostada na grade, mas essa “conquista” não foi nem um pouco simples. Além da chuva que caiu antes da apresentação — e se não fosse a capa de chuva, minha bolsa, roupas e celular ficariam encharcados — os organizadores do evento retiraram todo o público de perto do palco cerca de 40 minutos antes do início do show.
Na hora que o espaço ficou liberado, o que eu vi bem de perto foi um furacão de caos: as pessoas correram em direção à grade e, com os estrados escorregadios, muita gente caiu no chão e se machucou.
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Outras apresentações também foram paralisadas, o que deixou muita gente insatisfeita. Não havia muitos espaços para se cobrir da água, então o público que não havia levado uma capa de chuva ficou não só sem assistir ao show, mas também encharcado.
O que notei em conjunto foi que o espaço estava pouco acessível para pessoas com deficiência (PCDs). A única pessoa que vi com essa condição, que estava acompanhada de um amigo, teve muita dificuldade para chegar perto do palco e sua cadeira de rodas atolou na lama várias vezes.
No fim, a experiência foi boa
Foi uma longa andada para um ingresso bem caro e produtos igualmente hiperinflacionados, é verdade, mas teve também muito saldo bom. As experiências de todos os estandes que visitei foram muito satisfatórias e, tenho que dizer, apesar da imensa quantidade de gente, peguei poucas filas.
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No fim do dia, consegui assistir todas as bandas e artistas que havia me programado para ver: Turnstile, LP, Marina e os tão esperados The Strokes. Para essa banda, é inclusive muito importante dizer que dei uma imensa sorte: consegui ficar bem próxima do palco, mesmo esse sendo um dos shows mais cheios do dia.
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