No último final de semana, dias 1, 2 e 3 de novembro, aconteceu o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, que consagrou Max Verstappen, pela equipe da Red Bull, como campeão. Ao longo de três dias, de sexta à domingo, os fãs do automobilismo puderam ver seus pilotos favoritos nos treinos, classificatórias e, é claro, a corrida oficial da modalidade.
Além da Fórmula 1, o Autódromo de Interlagos também foi palco da competição de Fórmula 4 e da Porsche Carrera Cup, um desfile de carros antigos e até puderam ver Lewis Hamilton, da Mercedes-Benz, dirigir a icônica McLaren pilotada por Ayrton Senna na década de 1990.
Das arquibancadas, os torcedores passam por uma vivência difícil de ser reproduzida pela transmissão ao vivo. São os ecos dos motores rasgando pela pista, o cheiro de pneu queimado, as faíscas que escapam do contato do metal com o concreto.
Por trás das arquibancadas, há muitas outras experiências. Promovidas por marcas patrocinadoras do evento, como Shell, Heineken e Porto Bank, arquibancadas exclusivas oferecem, além uma vista privilegiada para a pista, ativações, serviços e oportunidades de se sentir na pele do piloto.
Tudo isso sem contar alguns perrengues, como o trânsito intenso ao redor do autódromo, as chuvas intensas que castigaram o sábado e o domingo do evento, e o adiamento das classificatórias para a manhã do dia da corrida.
A tortos e barrancos – literalmente –, a Fórmula 1 segue como uma experiência marcante para o automobilismo mundial e brasileiro.
Fórmula 1 em números
Segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), estima-se que o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1 movimentou cerca de R$ 2 bilhões na economia local. Isso implica desde o comércio, o setor de hotelaria e restaurantes, transportes e serviços. Trata-se de um valor que superou a edição do ano passado, no qual foi registrado R$ 1,64 bilhão, segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ainda, quase 300 mil ingressos foram vendidos para os três dias de evento, representando um recorde de audiência para o Grande Prêmio de São Paulo, realizado no Autódromo de Interlagos – que, inclusive, passou por uma reforma para receber a corrida. A Prefeitura de São Paulo investiu R$ 163,6 milhões para modernizar a estrutura do espaço, oferecer mais segurança aos pilotos – com revisão das barreiras de pneus, defensas metálicas e mais – e recapear a pista de corrida.
Ainda, o Autódromo ganhará um novo acesso para o público e um Hospitality Center, que contará com 22 mil metros quadrados, três pavimentos e capacidade para receber até 6 mil pessoas. A inauguração está prevista para 2025.
Perrengue chique
Mas apesar de toda a exclusividade do evento, a experiência de chegada ao evento e das arquibancadas – onde a maioria do público fica – ainda não parece estar à altura da Fórmula 1. Durante os três dias, os arredores do Autódromo ficam bloqueados para carros e veículos não autorizados. Assim, o mais recomendado é chegar até o local de transporte público, sendo a rota mais fácil chegar de trem pela estação Autódromo Interlagos da Linha Esmeralda e, em seguida, pegar um ônibus que circula pela arena automobilística.
O problema é que, devido ao congestionamento na região, o ônibus chegou a demorar cerca de uma hora e meia para fazer o trajeto completo, levando o público a chegar atrasado. Restando assim a opção de caminhar até os portões, num caminho cheio de curvas e colinas. Inclusive, muitos torcedores chegaram a descer dos ônibus para continuar o trajeto a pé, apesar das condições.
Isso sem contar na chuva que caiu sobre a cidade no sábado e domingo, levando ao adiamento das classificatórias – que decidem as posições de cada piloto para a corrida, no terceiro dia. Assim, os torcedores que estiveram presentes no sábado – pagando por seus (que não são baratos) e fazendo todo o trajeto para a chegada ao Autódromo – viram pouquíssimo dos pilotos na pista.
Com áreas alagadas e pouca cobertura – especialmente para o público que ficou a céu aberto durante o evento –, o Autódromo virou um obstáculo para essa experiência.
Terra da garoa
A chuva em São Paulo é sempre esperada – até mesmo pelos pilotos e suas equipes. E o perrengue se estendeu às pistas, e as condições climáticas chegaram a tirar cinco carros da corrida. Os prejuízos para as equipes, ao menos, geraram uma disputa emocionante para os espectadores. O argentino Franco Colapinto, por exemplo, que atraiu centenas de turistas para acompanhar o piloto no Brasil, colidiu o carro contra uma das barreiras de segurança.
Devido ao esporte, é impossível retirar o papel do clima da corrida – e os mecânicos são os responsáveis por dar soluções aos carros para resistir aos elementos na pista. Nas arquibancadas, o público encontra algum consolo nas áreas exclusivas, que oferecem bebidas, refeições e experiências exclusivas.
A Shell, por exemplo, criou um espaço para que os espectadores sentissem uma palhinha do que é dirigir um carro de Fórmula 1 com simuladores. Assim, os participantes precisavam entram na pequena cabine, numa posição quase deitada para alcançar os pedais e o volante.
Já o espaço da Heineken, localizado no centro das pistas, colocou cerca de 33 mil espectadores ainda mais próximos dos carros. Além disso, a área exclusiva contou com experiências imersivas no automobilismo como bares temáticos, simuladores de games, e sets de música eletrônica. Uma das ativações foi a Senna Legacy Arena, que transportou os fãs para o universo do piloto Ayrton Senna, revivendo as conquistas do ícone brasileiros da Fórmula 1.
Aos que tiveram acesso ao Fanzone, os participantes ainda puderam presenciar ações com os pilotos da Fórmula 1, apresentações musicais – como do DJ Alok e do sambista Jorge Aragão –, ativações, games e muito mais.
A experiência da Fórmula 1
É uma verdadeira imersão no universo da marca Fórmula 1, que se consolida constantemente também pela sua produção de conteúdo para os fãs que desejam acompanhar a vida de seus pilotos favoritos nos bastidores da corrida. Apesar da queda de 2,5% na audiência das plataformas de mídia, com 1,5 bilhão de telespectadores, em 2023, a Fórmula 1 viu um aumento de 25% em suas receitas na comparação com o ano anterior, de US$ 3,2 bilhões, e lucro de US$ 392 milhões. Foram 6 milhões de torcedores acompanhando as corridas, e 70,5 milhões de seguidores nas redes sociais.
E não é só isso. Junto a tudo isso, poder sentir o ronco do motor na pele, precisar tampar os ouvidos quando um carro passa, e poder ver cada torcedor vibrar pelo seu piloto preferido – os de Max Verstappen, anti-herói da modalidade, torciam mais discretamente, com medo de serem vaiados junto com o piloto – formam uma verdadeira experiência automobilística.
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