A evolução digital acontece em diversas frentes dos mais diferentes segmentos de mercados e indústrias. No campo da medicina e da saúde, por exemplo, este avanços, além de necessários, contribuem na evolução de novos tratamentos para inúmeras doenças.
Um dos campos que tem se fortalecendo nesse contexto é o segmento da Cannabis Medicinal. Além da quebra de diversos paradigmas sobre preconceito e desinformação, sua evolução contribui diretamente no desenvolvimento do próprio setor.
“Isso vem se transformando com a qualidade e a quantidade de dados atuais sobre o tema, revolucionando boa parte dos segmentos envolvidos nos processos de produção, comercialização e informação”, diz Fabrizio Postiglione, fundador e CEO da Remederi, farmacêutica brasileira que promove o acesso a produtos, serviços e educação sobre a cannabis medicinal.
Segundo Postiglione, uma das causas sobre esse interesse foi a própria evolução digital que abarcou o setor como um todo. “A demanda de referências científicas intensificada durante a pandemia, certamente contribuiu. Além disso, plataformas de cursos, escolas e universidades captaram a necessidade de adaptarem seus conteúdos para o digital. Esse é um processo que continua e, por isso, acredito que tenha acelerado as trocas de informações em diversos setores como o da saúde, onde a Cannabis Medicinal se insere”, avalia o executivo.
Evolução digital e telemedicina conectando interesses
De fato, boa parte da população – tanto pacientes como médicos – não conheciam os tratamentos à base de cannabis há alguns anos. Hoje a situação é bem diferente. Com muito mais acesso a informação digitalizada e a própria educação dos envolvidos, o conhecimento científico sobre os benefícios medicinais da cannabis estão sendo melhores absorvidos pela sociedade.
“Hoje o profissional esclarece pacientes e familiares sobre as possibilidades de tratamentos para doenças e condições, que por algumas vezes não tinham solução, ou possuíam efeitos colaterais fortes com medicamentos alopáticos”, explica Postiglione.
Além disso, Postiglione aponta que a evolução da telemedicina conectou médicos e pacientes e ajudou milhares de pessoas, tanto nas capitais como nas zonas mais distantes e remotas. “Esse mecanismo ajudou a educar mais profissionais da saúde a identificarem possíveis pacientes com condições para utilizar cannabis. Os cursos on-line, grupos de estudos, webinars congressos on-line e inúmeros outros meios permitiram acelerar as trocas de informações e nivelar o conhecimento sobre o uso”, comenta Postiglione.
De acordo com dados da Anvisa, nos últimos seis anos houve om um crescimento médio de 124% ao ano em prescrições para uso medicinal da cannabis no Brasil
Brasil já vivência crescimento em Cannabis Medicinal
Essa evolução no uso da cannabis medicinal já é observado no mercado brasileiro de saúde. No ano de 2021, mais de 66 mil medicamentos à base de cannabis foram importados para o Brasil, segundo a Anvisa. Vale lembrar que o uso medicinal e industrial do canabidiol já é regulamentado em aproximadamente 50 países.
No Brasil, o número de médicos prescritores também vem se multiplicando a cada ano. De acordo com dados da Anvisa, nos últimos seis anos houve om um crescimento médio de 124% ao ano em prescrições para uso medicinal da cannabis.
“Houve impacto positivo também no tempo de recebimento de produtos. Antigamente, todo o processo para utilizar o medicamento depois da receita médica demorava cerca de 4 meses, hoje conseguimos em poucos dias”, diz Postiglione.
Uma evolução apoiada pelo comércio digital
Outro grande benefício, segundo o especialista, foi no comércio digital, que passou por diversos estágios como, por exemplo, na comunicação e na jornada do paciente sobre este tema.
“Anteriormente, nós não tínhamos a oportunidade de ter uma aproximação com o cliente final, hoje temos e isso nos permite uma personalização muito grande para o desenvolvimento de produtos e para prestar um atendimento humanizado, que por muitas vezes é o que a pessoa precisa”, defende Postiglione.
Para o executivo esse processo, além de aprimorar a comunicação e a informação sobre o tema, encontrou nessa transformação digital um elo fundamental para aperfeiçoar o próprio processo de cultivo da cannabis, que cada vez mais é surpreendido por técnicas digitais que revolucionam e trazem maior eficiência nas produções.
Controles à base de Inteligência Artificial podem identificar se uma planta está doente ou se necessita de um nutriente específico
Para Postiglione, garantir a qualidade dos produtos é fundamental em todas as esferas da medicina e com a medicina à base de cannabis isso não é diferente. “Garantir resultados promissores e naturalizar na sociedade os benefícios dos medicamentos à base de cannabis medicinal é fundamental nessa evolução”, frisa o executivo.
Sobre esse aspecto, Postiglione explica que na produção de cannabis, em módulos controladores, por exemplo, é possível controlar o ambiente, acompanhar e intervir, em tempo real e remotamente, na temperatura, umidade, circulação de ar e quantidade de fertilizantes do local onde a planta é cultivada.
Além disso, o especialista informa que existem inúmeros outros controles à base de Inteligência Artificial que podem identificar se uma planta está doente ou se necessita de um nutriente específico.
“Toda essa evolução trouxe mais eficiência na produção, elevando não só a colheita, mas também as concentrações de canabinóides nas flores, que antigamente eram de 100 a 200 gramas por planta, hoje, podem chegar a 1kg”, explica Postiglione.
A mesma informação que quebra paradigmas é a que trás esperança, novas oportunidades de tratamento e, logo, qualidade de vida
Informação gera conexão
Certamente o mundo digital acelerou os passos sobre o tema da medicina canabinoide em todo o mundo. Para este segmento da medicina, essa jornada também tem impulsionado a criatividade e o pensamento para usufruir das possibilidades tecnológicas para melhorar a eficácia da cannabis como forma de tratamento em saúde.
“Conheci o caso de uma menina de 10 anos com epilepsia que tinha cerca de 30 convulsões por dia, isso significa mais de um ataque por hora. Neste caso, medicamentos à base de cannabis reduziram para uma vez a cada três meses, depois seis e hoje zero”, relata Postiglione.
Postiglione explica também que o Brasil é um dos países que mais pesquisa e produz artigos científicos. E esse aspecto é necessário para a evolução não apenas da medicina canabinoide, mas para todo o setor de saúde. “Por isso, reitero que a informação gera conexão. Com base nela, estamos nos abrindo para novas possibilidades”, frisa Postiglione.
Por fim, o executivo, que estuda a planta há mais de 10 anos ao longo de sua trajetória profissional, descreve a transformação digital no setor da cannabis medicinal hoje como: viabilidade e agilidade. “Entendo que a informação foi um dos pontos que mais o transformou. A mesma informação que quebra paradigmas é a que trás esperança, novas oportunidades de tratamento e, logo, qualidade de vida”, conclui Postiglione.
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