Por Adir Ribeiro*
Estamos cientes do momento complexo, tanto econômico como político, do nosso país atualmente. Mas também não são novidade as várias crises pelas quais passamos nos últimos anos.
Como empresários, temos desenvolvido frequentemente a nossa capacidade de resiliência, até para suportar o ambiente hostil de negócios que temos, como alta carga tributária, burocracia excessiva e leis trabalhistas defasadas em relação ao novo contexto econômico, entre vários outros fatores negativos da nossa história.
Mas não podemos simplesmente parar e esperar o mau momento passar para voltar a ter uma atuação mais forte no mercado. Agora, é mais importante ter uma estratégia e táticas bem definidas para enfrentar esse momento e ter a clareza de que desistir não deveria ser uma opção.
Em momentos de turbulência como esse, cada vez a exigência sobre nós será maior. Novas competências precisarão ser desenvolvidas, soluções diferenciadas deverão ser pensadas e estruturadas, o foco deverá estar efetivamente nas soluções (e não nos problemas, como vem sendo amplamente debatido na imprensa e no meio empresarial).
Muda o contexto, mudam as soluções. Temos que ser mais rápidos para essa leitura de cenário, ter mais conhecimento do nosso negócio e aspectos críticos.
Entender que provavelmente o que nos trouxe até aqui não será mais o mesmo que vai nos levar daqui para frente, pois, segundo Einstein, insanidade é fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes.
Recentemente estive em dois eventos mundiais de Varejo (NRF, em Nova York) e Franchising (IFA em Las Vegas), e ouvi algumas frases em algumas palestras que me fizeram refletir e compartilho para avaliarmos o nosso foco em especial:
?A mudança é inevitável, o crescimento é opcional.?
?Esse negócio de crise nos levou a uma reunião no Walmart e lá decidimos que não vamos fazer parte dela. Ficaremos focados em nossos clientes e colaboradores!? ? citação atribuída a Sam Walton, numa de suas reuniões com o time executivo da empresa durante uma crise no mercado americano.
Obviamente conhecimento e ferramenta serão parte da solução para esse momento, mas também os aspectos atitudinais do empresário e/ou gestor da equipe apoiarão a transformação dos negócios e resultados.
Seguramente, nesses momentos de maior dificuldade conseguimos encontrar soluções e forças que outrora achávamos que não tínhamos, pois sabemos que atravessar esses períodos tem que trazer fortes aprendizados. Costumo dizer que esse tem que ser o lado bom de uma crise. Podemos também reforçar que as oportunidades serão maiores para quem estiver preparado para enfrentá-las.
Fazer mais com menos, criar uma cultura de performance, ampliar o engajamento das nossas equipes, conquistar cada vez mais clientes e fãs de nossa marca, seja no mercado corporativo ou no varejo (relação direta com o consumidor final), e criar um propósito que se torne o amálgama de uma empresa se tornam desafios altamente complexos e também recompensadores, caso consigamos atingir esses resultados positivos.
E não devemos esquecer, obviamente, de um dos principais pilares de qualquer negócio: os nossos clientes ? entender a nossa participação no seu processo de compra, as possibilidades de oferecer mais soluções ou produtos, ampliar o escopo das nossas soluções, manter relacionamentos saudáveis, enfim, criar uma cultura de encantamento dos clientes e melhorar a experiência de marca durante a sua jornada conosco.
Aliando a nossa equipe, bem cuidada, capacitada e alinhada, conseguiremos chegar mais próximos dos nossos objetivos.
Essa não é a primeira crise que passamos e, infelizmente, não será a última, mas como nos ensinou Viktor Frankl, médico psiquiatra austríaco que viveu a terrível experiência dos campos de concentração nazistas: quem tem um porque supera qualquer como.
Esse é o Brasil em que eu acredito, de gente que se prepara, que tem disciplina e não fica deitado eternamente em berço esplêndido.
* Adir Ribeiro é Presidente e Fundador da Praxis Business