Quem é mulher sabe: os direitos femininos ainda não são tão colocados em prática. Isso vale tanto para a vida nas empresas como na sociedade em geral. Mas, é sempre bom trazer dados para provar que não estamos exagerando. Por isso, a Ipsos buscou informações sobre o assunto, obtendo os dados da pesquisa Global Advisor sobre feminismo e igualdade de gênero. O estudo foi realizado em 24 países.
Um dos primeiros temas nesse estudo é a igualdade de direitos. Quase nove em cada dez entrevistados em todo o mundo afirmam acreditar na igualdade de oportunidades para ambos os gêneros. Uma clara maioria em cada um dos 24 países acredita nisso, sendo o menor índice no Japão com 71%.
No entanto, 72% dizem que a desigualdade existe atualmente em termos de direitos sociais, políticos e econômicos, especialmente as mulheres com 76% contra 68% dos homens. Novamente, uma maioria de cada país acredita que a desigualdade existe – incluindo o Brasil na quarta colocação com 78%. A única nação que discorda é a Rússia com 42%.
“Esta aparente contradição reflete muito bem dois opostos da situação feminina no Brasil e no mundo. De um lado, observa-se um recente crescimento das manifestações pelo empoderamento da mulher, seja por meio de movimentos na internet ou nas ruas, mas de outro a manutenção de valores machistas e da desigualdade de gênero. A violência contra a mulher, diferenças de cargos e salários, baixa presença da mulher na política são alguns exemplos desta desigualdade real”, afirma Narayana Andraus, gerente da Ipsos.
O absurdo do medo
É triste perceber alguns resultados. 41% das brasileiras sentem medo de defender seus direitos por temer o que possa acontecer com elas, por exemplo. Esse resultado coloca o Brasil na terceira colocação do ranking, atrás apenas das indianas – com 54% – e turcas – 47%.
Quando o tema é inferioridade feminina, analisando separadamente as informações de mulheres e homens, pode-se perceber que eles são mais propensos a concordar com a suposta inferioridade feminina. A crença é particularmente alta na Rússia (49%) e Índia (44%). No Brasil, 19% dos homens acreditam na inferioridade feminina contra 14% das mulheres.