Se você ligou a televisão alguma vez nos últimos 25 anos, provavelmente em algum momento se deparou com uma série de investigação criminal. O enredo de CSI era relativamente simples: toda ação deixa uma marca, e partir dessa trilha, o quebra-cabeças sobre um crime era montado – baseado em ciência, dados, fatos. A partir daí a ciência forense se popularizou, e CSI, que chegou a ser a série mais assistida em todo o planeta por pelo menos seis temporadas, se tornou praticamente um substantivo.
Mas a ciência forense não se aplica só a homicídios e plots mirabolantes. Suas técnicas podem ser aplicadas a qualquer tipo de investigação. Essa é a premissa da Oritain, empresa neozelandesa que acaba de chegar ao Brasil, para rastrear a identificação de origem de insumos agrícolas que abastecem mais de 20 indústrias.
A partir da análise da composição química de produtos e insumos, que incluem a análise de solo e água, por exemplo, é possível identificar a origem de produtos da pecuária, agricultura e matérias-primas para moda e farmacêuticas.
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Katherine Jones, embaixadora científica da Oritain, explica que a técnica utilizada não se limita a identificar etapas da cadeia de suprimentos, a prática mais comum para a certificação de origem de uma matéria-prima.
“A Oritain é a única empresa no mundo a fazer essa comprovação de forma científica, por meio de rastreamento isotópico e análise estatística de dados”, acrescenta. Esse estudo de fatores ambientais, como composição do solo, clima, altitude, precipitação, revela detalhes da origem que a Oritain classifica como ‘impressão digital’.
“Depois de criada essa impressão digital de origem, ela pode ser comparada com bases de dados criadas pela Oritain e utilizadas para auditar produtos em qualquer ponto da cadeia de abastecimento, o que permite identificar diferentes tipos de ocorrências ao longo de toda a jornada – do plantio de uma semente de café ao manejo do algodão até a manufatura.
Esse tipo de rastreio, defende o CMO da Oritain, Peter Cullinane, reduz o risco de fraude e práticas antiéticas. “Nós sempre defendemos o ‘taste the diference’ para mostrar o valor e o sabor de fazer boas escolhas. Agora podemos provar”.
ESG sem lavagem
Da Lacoste à Nescafé, várias empresas internacionais já aderiram à análise forense para certificar suas cadeias de produção, garantindo uma jornada ética e também protegendo sua reputação, ao comprovar o comprometimento com a agenda ESG a que se propuseram.
“Trata-se de um link entre traçabilidade e sustentabilidade. É preciso saber de onde os produtos vem. ESG, quando verdadeiramente comprometido, gera valor e performance financeira. Essa rastreabilidade ajuda a combater o green washing”, destaca Gabriela Castro-Fontoura, diretora da Oritain para a América Latina.
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Green washing não cola mais
O termo green washing, que pode ser traduzido livremente como maquiagem verde, faz referência às empresas e indústrias que se aproveitam do status e do respeito que sinalizações de comprometimento ambiental indicam dentro da agenda de governança social, ambiental e corporativa – as famosas letrinhas que forma ESG – mas que na verdade estão utilizando base, corretivo e rímel para deixar práticas inócuas parecerem mais relevantes e bonitas aos olhos do público, em vez de praticar uma mudança de comportamento consistente.
“Informar a origem de um produto contribui para a sustentabilidade e geração de valor em toda a cadeia”, ressalta Gabriela. É o que mostrou uma pesquisa feita pela Oritain, que indica que 96,9% das pessoas têm uma atitude positiva em relação à sustentabilidade e querem saber o que o estão consumindo.
Com essa perspectiva, a Nestlé passou a rastrear toda a cadeia de produção da linha Nescafé Origens do Brasil. A gigante já tem um terço da produção carbono neutro e certificação de origem de seus produtores, mas resolveu dar um passo além.
“Estamos desde 2019 conversando com a Oritain para desenvolver uma linha em que cada grão de café possa ter sua origem cientificamente comprovada. Foi o momento certo para o café certo. Além do compromisso ambiental com uma agricultura responsável, cada vez mais os consumidores valorizam saber de onde é o café que estão tomando. E precisávamos disso para provar nosso compromisso”, explica Taissara Martins, gerente de ESG de Cafés e Bebidas da Nestlé.
Identidade única, pessoal e intransferível
Esse processo é virtualmente à prova de fraudes, que se assemelha a uma blockchain. Os dados são coletados a partir da análise científica da digital do café, por exemplo, e não precisa de inputs administrados por pessoas.
Métodos de rastreabilidade tradicionais usam embalagens ou códigos de barras para rastrear um produto através da cadeia de suprimentos. Mas eles ainda não são infalíveis, nem à prova de fraude. Já a ciência forense testa o produto ou matéria-prima para identificar se foi obtido de forma autêntica e responsável.
“Com a análise forense alimentando esse banco de dados, são criados perfis únicos que podem ser auditados em qualquer momento da cadeia de produção”, detalha Katherine. É possível conferir a origem a partir de uma amostra da lata de café ou de um retalho de tecido, exemplifica a cientista neozelandesa.
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