O Brasil tem hoje 72,5 milhões de inadimplentes. Os dados são do Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas da Serasa e foram publicados em junho último. O levantamento, referente a maio, aponta que houve queda de 1,3 milhão no número total de débitos dos brasileiros. Vale lembrar que uma mesma pessoa pode ter mais de uma conta inadimplente. Em suma, são 273 milhões de dívidas, as quais, juntas, chegam a R$ 394 bilhões.
Entre todo esse contingente, está o namorado em ficou desempregado. O tio que fundiu o motor do carro e agora não consegue trabalhar. O neto que precisava comprar uma bicicleta para fazer entrega de refeição por aplicativo. E um amigo que está inadimplente e precisa de recursos para sair do vermelho, abrindo um novo negócio. Enfim, fato é que todos nós conhecemos alguém que está, nesse momento, enfrentando dificuldades financeiras.
E, se você é alguém que mantém as contas sob controle e as finanças em ordem, é bem provável que já tenha recebido pedidos para emprestar seu nome, realizar um empréstimo ou efetuar uma compra no cartão em nome de outra pessoa.
Inadimplência x Sentimentalismo
Em situações como essa, é comum desejar ajudar. Entretanto, é crucial agir com cautela para não entrar para o rol da inadimplência no país.
Mesmo que a pessoa tenha boas intenções, se ela não puder pagar, quem assumirá a dívida e poderá se endividar será você. Prova disso está em uma pesquisa realizada pelo Serasa e Opinion Box em 2023, que atesta o emprestar o próprio nome como a causa de endividamento de 17% dos brasileiros.
Camila Poltronieri Flaquer, responsável pela área de cobrança digital da Recovery, empresa do Grupo Itaú, alerta que o principal risco ao emprestar o seu nome é a pessoa não honrar o compromisso assumido. Por consequência, a dívida passar a ser do “dono do nome”. Isso ocorre porque, juridicamente, o responsável pela transação é o titular do cartão de crédito ou, no caso de um empréstimo, quem assinou o contrato.
Caso a pessoa tomadora do dinheiro não consiga efetuar o pagamento, o nome do titular pode ser incluído em órgãos de proteção ao crédito, resultando em restrições financeiras. Isso acarreta na diminuição do score de crédito, tornando mais complicado o parcelamento das próprias compras ou a obtenção de empréstimos e financiamentos. “Em resumo, mesmo mantendo sua situação financeira em dia, um erro cometido por terceiros pode acarretar problemas para você”, salienta a especialista.
Dicas para não cair na inadimplência
Apesar de reconhecer os riscos envolvidos, muitas vezes a pessoa decide emprestar o nome a um amigo ou membro da família.
Ao fazer essa escolha, Camila Poltronieri Flaquer orienta que é crucial priorizar a razão sobre a emoção. Ademais, é crucial adotar algumas medidas para se resguardar e não cair na inadimplência por causa de terceiros. Entre as diretrizes, destaque para:
- Estabelecer com a pessoa as condições de pagamento. Pode ser integralmente ou em parcelas, conforme combinado. Definir prazos de pagamento é fundamental para evitar ambiguidades;
- Buscar aconselhamento jurídico e formalizar um contrato que documente o acordo e que as partes assinem juntas o compromisso de pagamento. Dessa forma, quem emprestou o nome terá uma camada adicional de segurança;
- Requerer um bem como garantia, como um celular, computador ou mesmo um carro. Caso o acordo não seja cumprido, o bem pode ser vendido para saldar a dívida, evitando a inadimplência.
“Por fim, mas não menos importante, se a pessoa não realizar o pagamento na data acordada, não hesite em cobrar”, aconselha a especialista em crédito e cobrança.
Dívida que não é minha
Se você emprestou seu nome e a pessoa não pagou, a dívida passa a ser sua responsabilidade.
Mas, e agora? Nesse caso, há algo que possa ser feito?
A primeira medida é conversar com quem está devendo, entender as razões e buscar uma forma de acordo. Dessa forma, podem encontrar uma solução que beneficie a ambos.
Também é importante falar com o credor e negociar a dívida. Quanto antes resolver, melhor, pagando menos juros e reduzindo o valor total. Isso é crucial, especialmente em dívidas de cartão de crédito, que possuem juros altos, mas válido para qualquer tipo de empréstimo.
Ao assinar a renegociação e começar a pagar, caso seja sua única pendência, seu nome será retirado do cadastro de inadimplentes, permitindo retomar o controle de sua situação financeira.
CCX
No dia 6 de agosto, o Credit and Collection Experience (CCX) reunirá especialistas, lideranças e empresários. A ideia é propor soluções para os desafios da jornada dos consumidores brasileiros no acesso ao crédito e na resolução de dívidas.
Diante de transformações no setor, motivadas por tecnologias recentes como a Inteligência Artificial generativa, Big Data e Machine Learning, chega o momento de aprofundar conhecimentos para construir a sustentabilidade financeira e econômica do país.
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