Com uma loja física, oferta de serviços personalizados e uma operação de e-commerce, a brasileira Hatsu aposta em um mercado que, segundo projeções da Abióptica, deverá praticamente dobrar de valor até 2019, chegando a R$ 43,3 bilhões. Para se diferenciar no mercado de óculos, a empresa trouxe para o País armações e lentes com tecnologia japonesa, importados diretamente do fornecedor.
Números divulgados pela Abióptica mostram que apenas 6% das óticas brasileiras contam com uma operação on-line e 22% pretendem investir no canal. ?Isso significa que mais de 70% do mercado pretende continuar apenas com lojas físicas, o que está na contramão das tendências do mercado e da busca por eficiência?, comenta o CEO da Hatsu, Makoto Ikegame.
Egresso do mercado de fundos de investimento, com experiência no Japão e na Inglaterra, Ikegame vivenciou a busca dos japoneses por diferenciação para competir com os produtos chineses, muito mais baratos, mas de qualidade inferior. ?Tecnologia, serviços e inovação trouxeram uma vantagem competitiva que busquei replicar aqui?, comenta. De seus tempos ingleses, ele trouxe a visão do varejo on-line. ?Há três anos se dizia na Europa e nos EUA que o próximo desafio seria a venda de produtos de maior valor agregado e processo de compra complexo, como os óculos?, comenta. O sucesso da americana Warby Parker, que nasceu on-line, vem abrindo lojas físicas e se destaca por sua abordagem omnichannel, mostrou que havia solidez na proposta.
Ao voltar para o Brasil, em 2013, Ikegame viu que o setor ótico pouco evoluiu nas últimas décadas por aqui. ?O modelo ainda é de lojas físicas grandes, com muitos pontos de atendimento, em que o varejo compra de uma cadeia ineficiente e investe pouco em tecnologia. Há muito espaço para melhorar?, diz. A partir daí nasceu a Hatsu, lançada há pouco mais de um ano no mercado, trabalhando com produtos que vêm diretamente da Coreia e Japão, usam materiais tecnológicos (como armações com peças de titânio), com design diferente e em um modelo sem intermediários entre a varejista e os fornecedores.
Os primeiros números têm sido bastante animadores. ?Entre o último trimestre de 2014 e o primeiro de 2015, nossas receitas saltaram 747%?, diz Pedro Ortega, gerente de comunicação e mídias digitais da empresa. Curiosamente, o aumento do tíquete médio, de mais de 40% no período, não teve relação com variações cambiais. ?Não mexemos no preço dos produtos, mas mudamos a forma de ofertar nossos produtos e conseguimos mostrar melhor seus diferenciais?, diz Ortega.
Atualmente, o tíquete médio da marca está na casa dos R$ 1.280, um valor altamente expressivo para uma empresa que vende óculos on-line. ?O preço ainda é alto para a realidade nacional, mas seria ainda mais se nossa cadeia de distribuição não fosse tão enxuta. Queremos diminuir esse tíquete médio em cerca de 50% ao longo do tempo, com o aumento da escala da nossa operação?, diz Ikegame.
Com um quiosque em operação no Shopping Iguatemi Campinas desde dezembro, a empresa quer abrir outras seis unidades ainda neste ano em outras cidades. A ideia é acompanhar o comportamento de consumo dos clientes. ?É muito comum recebermos clientes no quiosque que chegam com o smartphone aberto no nosso site mostrando o modelo que querem experimentar?, exemplifica o CEO. ?Para nós é ótimo, porque o cliente já nos conhece, conhece os produtos e quer algo específico. E também temos o oposto, pessoas que nos conhecem pelo quiosque e depois vão ao site. As operações se complementam?, diz o executivo.
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