A versatilidade da plataforma School Guardian é tanta que seria um desafio conceituá-la. Ela é difícil de explicar e fácil de entender, e por isso apelo para a metáfora do estado líquido: esta edtech é como a água tomando a forma daquilo que a abriga.
Fique comigo, eu vou explicar.
Uma embrionária ideia de eliminar filas nas portas das escolas que se tornou uma “conveniência necessária” na pandemia, a edtech brasileira é uma solução de logística e segurança que informa o exato momento em que as crianças chegam e saem da aula, evitando aglomeração. Além disso, ela rastreia casos de Covid-19 diminuindo a exposição dos estudantes e das famílias.
Tudo isso a partir de uma colaboração responsável em rede — um convite ao fortalecimento do papel comunitário da escola na tríade pais-escola-sociedade que baseia as condições para viver em sociedade dos pequenos e jovens cidadãos.
“Não tem um lugar mais seguro no mundo que não seja uma escola”, diz com confiança e entusiasmo o fundador e CEO da School Guardian, Léo Gmeiner. “Na plataforma, os pais e a escola fazem declarações de Covid. Trabalhamos no gerenciamento logístico das crianças e conscientização com a funcionalidade de check-in para controle de aglomeração. Assim, conseguimos fazer o rastreamento de contato”, explica o executivo hi-tech.
Para resumir, funciona assim: a escola contrata a plataforma, informa os pais e disponibiliza a ferramenta. Os pais, então, baixam um aplicativo no qual conseguem ter estimativas do melhor horário para buscar o filho na escola, já que a plataforma está registrando as saídas de todos os alunos. Seja na chegada ou na saída, ela registra a passagem do aluno pelo portão por meio do dispositivo que está na escola e o QR code no celular de quem está deixando ou buscando a pitchoquinha ou pitchoquinho. O QR code também pode ser uma tag no carro, como essas para pedágios e shoppings.
“Ao longo dos últimos anos, temos nos tornado uma solução voltada muito mais ao problema da segurança, uma vez que reduzimos o tempo de espera em 75%, fazendo com que o tempo de exposição seja menor, e que pais e mães não tenham que estacionar longe e caminhar para deixar seus filhos”, conta Léo Gmeiner.
Centralização no usuário e um produto líquido
Se a história da School Guardian for contada a partir de seus anos mais recentes, é fácil cair no engano de que a edtech bombou graças à pandemia — algo que aconteceu com inúmeras startups de soluções escolares. De fato, a pandemia tornou o serviço atraente por conta da segurança que traz depois que o app agregou conteúdos e serviços para o rastreamento, mas o que torna a plataforma procurada em diversos países é sua centralidade no usuário.
A School Guardian ouve e se adapta para criar serviços que os usuários possam pedir.
“A sugestão do novo nome foi dos usuários. Chamávamos ‘Seu Filho sem Fila’ em 2013, quando nascemos, e todo nosso crescimento vem de feedbacks dos pais e escolas. A partir de 2015, começamos a estruturar a ferramenta que era apenas um aplicativo e se tornou uma plataforma. Fomos mudando o viés e o aumento do portfólio pedia um rebranding“, explica Léo Gmeiner.
A solução é capaz de agregar compartilhamento de informação a cada escola que chega. No Canadá, por exemplo, a plataforma acrescentou um serviço a uma escola que tinha placas com pedido para que pais desligassem seus carros nas filas, para evitar emissão de CO2. “Por causa do frio, eles não desligavam realmente. A plataforma acabou com essa fila, e ainda trouxe uma estimativa do quanto de emissão estava deixando de ir para o meio ambiente. Temos customizado a plataforma. Já fizemos adaptação na interface para escolas que queiram medir a temperatura da criança”, conta o executivo.
A pandemia só estreitou a relação com o usuário. “Com a pandemia, queríamos ajudar de alguma forma. Produzimos conteúdo informativo a partir de diretrizes de instituições e de um epidemiologista que estava trabalhando em uma das vacinas. Fazíamos webinars semanais. Nem pensávamos em dinheiro, mas, com as reaberturas, estávamos muito próximos dos clientes. Eles nos indicavam para muitas escolas e pais. Foi assim que chegamos a Nova York.”
Conquistando o mundo
Em paralelo ao boca a boca, foram justamente os anúncios de reabertura das escolas que fizeram a School Guardian se expandir a outros países. A proposta de rede comunicacional que ela também se tornou graças à cultura da escuta garante o bom funcionamento do esquema de ilhas das escolas — pequenos grupos de estudantes que não se encontram.
Hoje, a edtech roda em países de língua espanhola e inglesa como Colômbia, Paraguai, Uruguai, Estados Unidos, Canadá e Nigéria ao mesmo tempo que sua expansão no Brasil “ainda” beira as 400 escolas, o que se traduz em 90 mil estudantes e 150 mil pais.
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