?O varejo é uma bagunça, falta organização e vivemos correndo para apagar incêndios, nunca para antecipar o futuro?. Isso se parece com o mercado brasileiro? Pois é, mas a frase é de Laase Bolander, presidente da Coop, maior rede de supermercados da Dinamarca. Em um almoço-palestra nesta quarta-feira durante o World Retail Congress (WRC), evento que reúne os principais CEOs do varejo mundial com cobertura exclusiva NOVAREJO, o executivo não poupou palavras ao analisar o mercado.
Para Bolander, o varejo é um setor pouco caracterizado por inovação. Em grande parte, isso decorre do foco no dia a dia. ?Vivemos no operacional. As lojas têm horário para abrir, fechar, rotinas que devem ser seguidas à risca. E, no cotidiano, as pessoas e os recursos (inclusive financeiros) seguem nessa avalanche e todos focamos na execução do básico, sem olhar adiante?, analisa.
Para ele, uma demonstração dessa falta de olhar estratégico está no fato de que o varejo é um dos poucos segmentos da economia em que não existe uma verba no orçamento dedicada a Pesquisa & Desenvolvimento. ?Qualquer setor que depende de inovação separa uma parte de seus resultados para reinvestir no negócio, procurando a próxima onda disruptiva. Nós não?, decreta.
O executivo alerta que esse foco no presente e na eficiência operacional, embora seja essencial, pode afastar as empresas de uma visão mais próxima do cliente. ?Quem olha demais para dentro não tem tempo de perguntar ao cliente o que ele quer?, afirma. Ele conta que mesmo em sua empresa esse é um processo de longo prazo, que começou a ser implementado há mais de uma década, demandou esforço e continuidade, e somente agora vem gerando resultados. ?Metade do nosso faturamento vem de consumidores que conhecemos, cujos hábitos acompanhamos por meio do nosso programa de fidelidade e também rastreamos seu comportamento no PDV, por meio do aplicativo mobile. Entendemos cada vez mais nosso público aumentamos nossa relevância?, diz.
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