Dois dos três entraves à retomada do crescimento econômico já apresentam sinais de resolução, mas o terceiro promete drama e dores de cabeça nos próximos meses. De acordo com Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, nas atuais circunstâncias a solução da crise é muito mais política do que econômica.
Falando a uma plateia de varejistas convidados para o lançamento do Ranking NOVAREJO Brasileiro nesta terça-feira em São Paulo, Rabi afirmou que o momento que estamos vivendo é um mal necessário para que sejam reconstruídas as bases do futuro crescimento do País, com equilíbrio entre produção e consumo. ?Alguns indícios da arrumação da casa já podem ser percebidos, ainda que de forma tímida, mas já apontam para um cenário menos pessimista?, comenta o economista.
Segundo ele, três fatores são relevantes para a retomada do crescimento econômico. O primeiro deles é a redução da inflação. ?As expectativas para 2016 e 2017 já são bem melhores. Embora o País deva fechar este ano próximo aos 10% de inflação, para o ano que vem a expectativa é praticamente metade desse número e em 2017 deverá ficar próximo da meta de 4,5%?, analisa. ?Isso significa que o ciclo de aumento de juros está praticamente encerrado, se vier algo será apenas residual?, diz. O segundo ponto é o superávit da balança comercial, que voltou a acontecer. ?Os ajustes do câmbio, que foi de R$ 2,60 para R$ 3,50 nos últimos 12 meses, ajudaram a estimular as exportações e a reverter neste ano o déficit verificado em 2013 e 2014?, afirma o economista.
É no terceiro ponto, porém, que estão as preocupações maiores. ?O Brasil continua com déficit fiscal e a fragilidade política do governo impede que o ajuste das contas se consolide de forma mais rápida?, diz Rabi. Para ele, é incerto se o governo conseguirá resolver seus problemas, mas isso depende mais da política do que da economia. ?Os outros problemas estruturais estão sendo resolvidos, mas a questão fiscal só se resolve de forma política. Enquanto não ocorrer, a expectativa de volta do crescimento será adiada, atrasando investimentos e impedindo a retomada dos negócios?, explica o economista.