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Empresas de alimentação correm para atender demanda crescente por produtos veganos no Brasil

Empresas de alimentação correm para atender demanda crescente por produtos veganos no Brasil

Alimentos plant-based “furam a bolha” dos veganos e são procurados por público em busca de vida saudável

Já sabemos que o período de pandemia e isolamento trouxe reflexos e transformações em diversas áreas da vida. Aparentemente, está em curso também uma mudança de hábitos alimentares. Pelo menos, é o que afirma a pesquisa inédita encomendada pelo programa EscolhaVeg e desenvolvida pela ONG Mercy For Animals (MFA) no Brasil, que buscou entender o comportamento da população sobre o consumo de produtos veganos e à base de plantas – os chamados plant-based.

Segundo a pesquisa que ouviu 500 pessoas de todas as regiões do país em setembro de 2021, 81% dos brasileiros experimentaram produtos à base de plantas nos últimos seis meses. Quase dois terços (63%) também já compram produtos totalmente vegetais de maneira regular. A maior motivação é a saúde: 97% a citaram como um dos três principais motivos para optar por esses alimentos vegetais.

A gerente da EscolhaVeg, iniciativa da ONG Mercy For Animals que auxilia as organizações a trabalharem com a tendência plant-based, Julia Seibel comenta que a população está cada vez mais preocupada com o impacto do seu consumo, comportamento inclusive impulsionado pela pandemia.

“O público vem exigindo que empresas ofereçam produtos mais sustentáveis, como é o caso dos alimentos à base de plantas. Além disso, notamos que a busca por uma alimentação saudável também é um dos grandes motivadores para este tipo de consumo”, diz.

Ela ainda lembra que o estudo indicou que a maioria dos entrevistados considera os produtos plant-based como substitutos da proteína animal. A tendência é ainda mais forte entre os jovens: 64% dos entrevistados de 25 a 34 anos disseram consumir produtos à base de plantas como substituição aos de origem animal. Toda a tendência deve fazer o setor alimentício “se mexer”.

“As empresas de alimentação precisam acompanhar os novos hábitos de consumo e, por isso, vêm desenvolvendo produtos para atender à crescente demanda no Brasil. Estão investindo em inovação e novas tecnologias para oferecer cada vez mais produtos que entreguem o que o consumidor está buscando”, fala a gerente.

A pesquisa considerou que alimentos à base de plantas são aqueles de origem 100% vegetal, in natura ou processados, como grãos, cereais, legumes, verduras, frutas e sementes. Também entraram na categoria produtos que recriam, a partir de ingredientes 100% vegetais, textura, cor e sabor de alimentos de origem animal.

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Produtos veganos para o público “flexitariano”

Os dados levantados pela EscolhaVeg refletem estimativas de crescimento no setor já apontadas por outras instituições. O Euromonitor, por exemplo, projeta que o mercado de substitutos de carne e frutos do mar deve crescer 67% entre 2021 e 2026. A Bloomberg Intelligence, por sua vez, prevê que a movimentação global de produtos à base de plantas subirá de US$ 29,4 bilhões em 2020 para US$ 162 bilhões em 2030.

O crescimento só é possível graças a transformações na cultura alimentar que não ficam restritas ao público vegetariano, atingindo também os denominados “flexitarianos”.

“Flexitariano é aquele que está reduzindo o consumo de produtos de origem animal, substituindo-os por opções vegetais. Esse novo hábito impulsionou o crescimento da indústria plant-based”, explica a gerente da EscolhaVeg.
Segundo ela, diante deste novo cenário, diversas empresas estão investindo em cardápios mais inclusivos e inovadores, que possam atender diversos grupos: flexitarianos, vegetarianos, veganos e até pessoas com algum tipo de alergia ou intolerância.

É o caso da Galpão Cucina, empresa especializada em produtos vegetais inspirados na culinária italiana, mas que utiliza ingredientes tipicamente brasileiros.

“Começamos a fazer pizzas veganas e hoje entramos nesta jornada na indústria plant-based. Tivemos uma experiência bacana de crescimento, pois conseguimos trazer não só veganos, mas toda a família e os amigos deste público. Vemos uma procura grande também pelos intolerantes à lactose, à caseína ou a algum produto com glúten, além daqueles que estão buscando uma alimentação mais saudável”, conta o CEO da Galpão Cucina, Tobias Biselli.

Julia Seibel vê todo esse movimento como uma oportunidade a ser explorada pelo setor alimentício. “As empresas podem trazer mais informação para seus clientes, apresentar suas ofertas à base de plantas de maneira atrativa, destacando seu sabor e incentivando a experimentação, e mostrar os benefícios de um alimento 100% vegetal, tanto para a saúde quanto para o planeta”.

De acordo com informações da pesquisa da EscolhaVeg, as vendas de produtos plant-based crescem a taxas superiores a 100% no varejo brasileiro.

Demandas dos clientes influenciam oferta

Com um público cada vez maior, as demandas pela qualidade dos produtos plant-based também ficam mais exigentes. Tobias Biselli, que mantém contato direto com o consumidor final, percebe que os pedidos mais frequentes giram em torno da melhoria de sabor, textura, aparência e aroma dos produtos. Ele mantém, inclusive, uma equipe de pesquisa e desenvolvimento focada na melhoria contínua dos produtos.

Além disso, com a entrada dos flexitarianos na jogada, há uma exigência cada vez maior para que os produtos veganos sejam parecidos com os tradicionais.

“Ao atender isso, uma coisa leva a outra: se consigo cativar esse consumidor, ele pensa que vale a pena fazer a troca do alimento tradicional pelo vegano, muitas vezes pagando até um pouco mais caro, pois vai ter a mesma experiência com uma opção mais saudável”, fala o CEO da Galpão Cucina.

Ele cita, inclusive, um exemplo positivo deste contato direto com as solicitações do consumidor final: “foi o caso do nosso leite condensado. Não olhávamos com tão bons olhos, mas vimos que tinha bastante demanda e hoje ele conta com uma aceitação incrível. Ficou muito parecido com o leite condicionado tradicional. E veio de um pedido dos consumidores”.

A gerente da EscolhaVeg finaliza deixando o recado às empresas alimentícias que o consumidor vem, de fato, fazendo escolhas mais saudáveis e conscientes, porém continua querendo comida boa. Por isso, ao pensar o portfólio vegano, é importante oferecer uma experiência positiva, aliando textura e sabor, sem deixar de lado aspectos de saudabilidade e preço competitivo.

“Vemos tradicionais empresas de carne desenvolvendo suas linhas à base de plantas, além do surgimento de foodtechs e empresas especialistas em produtos plant-based. Todo o setor de alimentação está se movimentando, criando soluções inovadoras para atender os novos hábitos alimentares. As empresas que não fizerem parte disso tendem a ficar para trás”, completa.

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