Entender de que forma forças adjacentes podem desconstruir negócios é uma tendência nova, mas urgente, da agenda corporativa. Elas estão afetando o mercado de produção televisiva, modificando a maneira pela qual consumidores assistem a programas e como eles são criados. No Web Summit, um painel “Quem decide o que passa na TV?” reuniu Ed Guiney, fundador da Element Pictures, indicado ao Oscar pelo filme The Room and The Lobster; Jon Goldman, sócio-diretor da Skybound Entertainment e produtor associado da série The Walking Dead; e Matthew Garrahan, editor global de Mídia do The Financial Times, para discutir o impacto dessa transformação.
“Produtores estão à procura de pessoas que estão criando conteúdo que tenha vida longa na TV, que tenham ambição de fazer programas impactantes”, afirmou Ed Guiney, na introdução de sua fala. Há muita procura por pessoas que se expressam de maneiras diferentes e que podem expressar ideias diferentes. Jon Goldman fez menção à criação da série The Walking Dead. A sua empresa, Skybound, foi desenvolvida para explorar todas as possibilidades da série, games, licenciamento e gerar oportunidades de ganhar mais dinheiro a partir desse universo.
Para ele, The Walking Dead foi uma espécie de template que apontasse um caminho mais longevo e diversificado para uma série. Vale lembrar que a série foi criada para os quadrinhos e ao ganhar a TV tornou-se uma plataforma de excepcional penetração global.
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Matthew Garrahan mostrou-se impressionado com o alcance da plataforma “The Walking Dead”, as inúmeras oportunidades de cross media e produção de conteúdo a partir de uma história aparentemente de fôlego ilimitado. Dessa forma, a série de TV torna-se algo muito além de um programa. Esse parece ser um novo modelo de desenvolvimento de conteúdo, que possa ser desdobrado em diversas plataformas e ao mesmo tempo modificar a forma pela qual emissoras de TV pensam nas possibilidades de sua programação. Há uma notável desconcentração e fragmentação na oferta de produtores de conteúdo.
Ed Guiney fala do alcance da Apple, da Amazon, dos produtores independentes e os múltiplos nichos presentes na audiência. “É muito fácil consumir de muitas maneiras diferentes. É fácil assistir às plataformas, usar a Netflix e procurar conteúdos diferentes”. Para ele, há hoje um mercado muito vibrante para financiar novos projetos de cinema e séries, filmes mais autorais e que conseguem níveis de engajamento diferentes com atores e a audiência. A própria Netflix está à procura de criativos para desenvolver conteúdos mais simples, histórias diferentes.
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Goldman endossou a ideia geral de que há muitas oportunidades para criar programas diferentes e que não precisam necessariamente estar sob controle dos estúdios tradicionais. Ou seja, há um ecossistema formado para criar e financiar novos projetos. O talento criativo tem hoje mais alternativas para desenvolver seus projetos. “É um mundo direcionado pelo talento dos roteiristas, eles trazem novas ideias para a vida”, argumentou.
Essa é uma verdade indiscutível. Basta olharmos para a Rede Globo para vermos o número de novos autores que encontram espaço para desenvolver conteúdos e novas experiências na sua plataforma televisiva e também on-line.