A crise te pegou? E que tal aproveitar esta oportunidade para dar uma virada na vida com uma guinada na sua carreira? Segundo Thais Roque, coach com formação na área de Gestão Estratégica e Recursos Humanos pela FGV e Coaching e Gerenciamento de Negócios pela New York University (NYU), é isso que vem acontecendo com inúmeros profissionais. ?Muitas pessoas estão aproveitando para buscar sua real vocação, aquilo que as faz feliz, além de garantir o sustento da família?, afirma a especialista.
Segundo ela, o trabalho é, em geral, associado a sofrimento. ?As pessoas associam ganhar dinheiro às dificuldades diárias e, por isso, são infelizes. Quando são demitidas e precisam dar a volta por cima, param e pensam no que gostam, em como poderiam ganhar dinheiro e descobrem outros caminhos?, explica Thais. Ela cita dois exemplos interessantes de gente que mudou radicalmente de área e se encontrou.
Depois que o marido perdeu o emprego e não encontrava outro por causa da idade, uma dona de casa de São Paulo passou a fazer doces e quitutes por encomenda. Começou como um bico, algo emergencial, e agora ela já atua de maneira mais profissionalizada, graças à demanda crescente. O outro exemplo de guinada por causa da crise é um jovem executivo de multinacional, apaixonado por futebol que, depois de ser mandado embora, lançou um site para reunir peladeiros e formar times para jogar.
?De um hobby nasce uma carreira, o cérebro reaprende e caem por terra as crenças de que é privilégio viver de um dom ou amar o que fazemos?, explica Thais.
Brasileiro
A especialista em carreiras ressalta que o brasileiro, de maneira geral, não se planeja para a vida profissional. ?A escolha da carreira acontece em um momento de grande pressão. Buscando ser aceito, o jovem, muitas vezes, escolhe a carreira que é considerada pelo mercado, sem prestar atenção às suas habilidades, dons e talentos. Com isso, acaba não tendo um objetivo de longo prazo, não constrói projetos nem alinha sonhos e ambições?, disse.
Com isso, continua Thais, ?o profissional pouco se conhece, não sabe seu valor e pode acabar sentindo que só merece reconhecimento quando está associado a uma empresa de renome ou a um cargo. Do contrário, não vê valor em si mesmo?, afirma.
?Quando esta pessoa perde o emprego, se não tiver ajuda profissional, corre o risco de ficar deprimida, envergonhada e ter ainda mais dificuldade de se recolocar profissionalmente?, alerta a especialista. O ideal, portanto, é que este processo de busca de si mesmo comece antes de uma demissão.
A guinada profissional diante da perda do emprego é justamente uma segunda chance de buscar a realização através do trabalho. ?Ganhar dinheiro é bom, é fundamental, mas precisamos encontrar o que move a nossa alma, o que nos faz levantar todos os dias feliz para ir trabalhar, seja fazendo doces, gerindo times de pelada ou qualquer outra coisa?, conclui Thais Roque.