A diretora do Procon-PR, Cláudia Silvano, é um dos nomes mais influentes da área de defesa do consumidor no Brasil. Enfática e expressiva, ela não perde a oportunidade de expor sua opinião sobre questões de consumo – e, é claro, tende a estar do lado do consumidor nesses casos. Nascida em São Paulo, ela passou praticamente a vida toda em Curitiba, onde mora hoje com a companheira, Ana, e duas filhas de quatro patas – Cissa e Rebeca.
Carreira
“Eu me formei em pedagogia Pedagogia, com especialização em Administração de escolas públicas no Brasil. Depois, trabalhei no treinamento de pessoas para órgãos públicos, e foi assim que acabei vindo para o Procon. Inspirada em um amigo que era da área, comecei a estudar assuntos relacionados à defesa do consumidor. Então, estudei Direito, com especialização em Direito Civil e Empresarial”
Paixão
“Sou absurdamente, incontrolavelmente apaixonada pela defesa do consumidor. Vim para essa área graças a uma sucessão de bons acasos e tenho a sorte de trabalhar com algo muito prazeroso, algo de que gosto muito. Mas gosto muito de trabalhar, não é um esforço para mim. Tenho orgulho de ser servidora publica, tenho um compromisso com o cidadão”
Experiência
“Há situações das quais vamos lembrar para o resto da vida. Houve um caso de uma mulher que era mãe de duas meninas, gêmeas, e uma delas tinha um problema grave de saúde. Ela teve um problema com uma negativa de atendimento do plano de saúde e ajudamos a solucionar essa questão. Conseguimos liberar o atendimento e, meses depois, a mãe ligou para o Procon e disse que queria me conhecer. Tive uma intuição, durante o telefonema, de que não deveria perguntar sobre a filha dela. Ela foi até o escritório me conhecer, agradeceu pelo esforço e contou que a filha havia falecido, mas por causa de uma complicação posterior. Tivemos uma longa conversa e eu sabia que tinha feito a minha obrigação em ajudar”.
O cliente tem sempre razão?
“Tenho certeza de que não. A questão é como os clientes que não têm razão são tratados. Existem três casos diferentes: o cliente que não tem razão é um; o que pensa que tem razão é outro; o que haja de má fé ainda é outro. Quando ele acredita que tem razão e nos procura, nossa obrigação é explicar a condição. Mas, o que vejo, é que em muitos casos os fornecedores nem mesmo têm informações para afirmar ou justificar se o consumidor está certo ou não. Para nós, cabe esclarecer quando ele não tem razão e sempre educá-lo”
Distância
“O local mais distante que visitei para defender a causa do consumidor foi Boa Vista em Roraima, aonde fui dar uma aula”
A vida como consumidora no Brasil
“É desafiador ser consumidor no Brasil. Encontramos pessoas que não tem alçada para resolver problemas, mão-de obra desqualificada. O que falta é diálogo, as empresas tem que dialogar mais com a defesa do consumidor e essa área também tem que se abrir para as companhias”
Evolução
“Se eu disser que o Brasil não avançou na área de direito do consumidor, jogarei minha atuação no lixo. O consumidor pode ainda não saber que quais são os direitos presentes no Código de Defesa do Consumidor (CDC), mas ele sabe que o CDC existe. O desafio, é claro, nunca acaba”
Diversão
“Tenho vários hobbies. Ando tão ocupada que não tenho tido tempo para eles, mas meu sonho era ser costureira, então tenho máquina na qual me divirto com isso. E também faço sabonetes”
O melhor lugar do mundo
“A minha casa”
Um sonho
“Ser feliz. A busca pelo equilíbrio, por realização”
Cores
“Sempre tive uma forma de me vestir que era diferente das pessoas. Minha mãe ficava louca comigo. E aos poucos fui encontrando uma forma de vestir que me deixasse feliz – e meu critério básico é que a roupa seja colorida”.
Professora de Direito
“Passei por situações engraçadas por causa do meu estilo. Quando comeceu a dar aulas em uma faculdade, há muito tempo, houve um burburinho na sala dos professores quando entrei. Depois que todos saíram, uma professora ficou e perguntou para qual curso eu daria aula. Quando respondi que seria Direito, ela bateu na mesa e gritou ‘eu sabia’. Depois, soube que haviam discutido sobre qual curso teria uma professora vestida daquela forma”.
Identidade
“Dou aula em cursos preparatórios e, uma vez, uma aluna contou que tinha me visto na rua com uma roupa igual àquela que eu estava usando no dia da aula. Comentei que era meu estilo normal, mas ela pensou que fosse um personagem”
Crédito da imagem: Alexandre Mazzo / Gazeta do Povo