Seguindo uma série de entrevistas e matérias alusivas ao Dia do Consumidor, comemorado em 15/03, conversamos com a advogada Marcela Cavallo (Zilveti Advogados), especialista em direitodo consumidor, sobre as consequências do conflito Rússia e Ucrânia para o consumidor brasileiro.
Iniciado em fevereiro deste ano, a guerra que hoje acontece na Europa está provocando diversas mudanças no mercado, não só dos países envolvidos como no mundo todo. Logística de produtos importados, preços e prazos de entregas (principalmente de produtos direto da China), alteração de preços de petróleo e gás, além do aumento de preços em diversos outros itens.
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Para os brasileiros, não será diferente. Segundo a advogada, em conflitos dessa magnitude, “é hora de valorizar o mercado local” e de ficar atento ao aumento de preços em diversos itens impactados por esse cenário, e ponderar as compras internacionais devido a variação de câmbio.
Cabe aqui um recorte: A Petrobrás reajustou os preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias. O Aumento entre em vigor a partir dessa sexta-feira (11). Para a gasolina, o reajuste nas distribuidoras será de 18%. Para o diesel o aumento é ainda maior ,24,9% . Na bomba, o consumidor certamente verá uma aumento por volta de 1 real a mais no litro do combustível.
Reflexos que disparam novo alerta para consumidores e mercado, justamente em um momento que ambos pareciam respirar mais aliviados com a desaceleração da pandemia. Abaixo, você confere a entrevista com Marcela Cavallo sobre estes desafios.
CM – Primeiramente, qual sua avaliação frente aos movimentos militares da Rússia em solo ucraniano?
Marcela Cavallo – Vejo este movimento como algo extremamente negativo e inaceitável. Lamentavelmente, além dos impactos econômicos cruéis em um momento em que o mundo se recupera de uma extensa pandemia, a movimentação é uma ameaça à democracia, à diplomacia.
CM – Do ponto de vista da economia e consumo quais serão os desdobramentos desse conflito? O Brasil será impactado? De que forma?
Marcela Cavallo – Os impactos são imensuráveis. Hoje já sentimos alguns deles e imediatos, tais como a variação do câmbio, bem como aqueles que surgem ante as sanções à Rússia, que levam ao enfraquecimento de sua economia, e de países adjacentes, como consequência. Existe também a disparada dos preços das commodities, que desencadeia uma disparada na inflação. Isso traz uma consequência direta para o consumo, podendo inclusive atingir o país. O Brasil importa cerca de 20% de seus fertilizantes da Rússia. Certamente, terá que recorrer a outros países para suprir o abastecimento, e isso trará um impacto para o setor do agronegócio. O brasileiro poderá notar um aumento nas gôndolas dos produtos originários deste setor. Além do mais, com o aumento do preço do barril do petróleo que certamente ocorrerá, poderemos enfrentar uma crise de abastecimento.
CM – No que o consumidor brasileiro precisa estar atento frente a conflitos internacionais dessa magnitude?
Marcela Cavallo – O consumidor brasileiro deve estar atento principalmente com relação às compras internacionais que, dada a variação de câmbio e a crise que, em maior ou menor escala, atingirá o mundo todo, podem sofrer alterações nos preços. Valorizar o mercado local, neste momento, pode ser benéfico ao consumidor. Importante ter atenção, também, com os produtos oriundos do agronegócio. Produtores locais tendem a ser menos atingidos neste aspecto.
CM – Como você avalia a suspensão de operações de algumas marcas internacionais na Rússia? No longo prazo essas marcas poderão ser prejudicadas?
Marcela Cavallo – Essa é uma decisão política, e não econômica. Além de manifestarem de forma clara seu posicionamento contra a guerra, essas suspensões, somadas às sanções, possuem o poder de impactar o consumidor russo, buscando, assim, instalar uma crise interna do país, para que a população se posicione contra a guerra e o Putin. Economicamente falando, as marcas certamente enfrentarão um impacto negativo, mas vivemos em uma época em que o posicionamento das marcas em empresas possuem um impacto forte frente ao consumidor, então certamente na balança, para estas marcas, o prejuízo maior seria não se posicionar.
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