Quem lembra da crise da desvalorização do Real em 1999? Ou mesmo a crise de 2008 – aquela marolinha…? Pois é, naqueles anos essas crises afetaram a confiança dos brasileiros. Elas deixaram a gente mais sensível a tudo o que se relacionava a orçamento. Preferimos esperar um pouco mais para comprar aquele aparelho novo, para trocar de carro, para dar entrada na casa própria…
É isso o que chamamos de crise de confiança – quando deixamos de fazer, comprar, investir por conta de um cenário cujo futuro é incerto. Pois é, aqueles anos mexeram com a confiança do País, mas a crise pela qual passamos agora conseguiu registrar a mais longa crise de confiança dos consumidores, segundo indicador divulgado pela FecomercioSP, superando, assim, aqueles anos.
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De janeiro a outubro, o Índice de Confiança do Consumidor caiu 46%, passando de 165,8 pontos em janeiro para 88,8 pontos agora. O índice vai de zero a 200 pontos – quanto mais próximo de zero, maior o pessimismo dos consumidores.
Ao contrário do parece, no entanto, a FecomercioSP indica que os indícios de insatisfação dos brasileiros já se mostravam em 2013, quando os juros ainda estavam baixos e a inflação estava menor do que agora.
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“Em 2014 e 2015, com o agravamento da crise, o cenário econômico dificultou a recuperação da confiança do consumidor. Fatores como a inflação elevada, os juros altos e o desemprego crescente fizeram com que a população consumisse menos e cortasse os gastos. Em consequência desse comportamento, o comércio registrou queda nas vendas. Com isso, a indústria passou a produzir menos, resultando em demissões. Sem emprego, a população reduziu ainda mais o consumo, criando um círculo vicioso”, explicou a FecomercioSP.
Há um outro fator pouco mencionado, mas que também impacta nos níveis de confiança, o humor e a disposição dos brasileiros com relação às finanças. É que embora considerado baixo, o indicador hoje passa por um ajuste, caminhando para a “normalidade”.
Nos anos anteriores, principalmente depois de 2003 – quando o varejo entrou na chamada década de ouro -, a confiança estava excessivamente alta, exagerada. Então, a queda de hoje também é reflexo de um reajuste natural da confiança dos brasileiros.
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