O mês de janeiro traz um grande impacto financeiro para as famílias que têm filhos, devido à compra de material escolar. Os pais costumam visitar lojas e papelarias, gastando quantias elevadas para atender à lista exigida pela escola. Isso sem falar na vontade de agradar as crianças e adolescentes. Essa situação é especialmente desafiadora, pois os custos não se restringem apenas ao material escolar básico, como cadernos, lápis e canetas. É comum que as escolas solicitem itens adicionais, como mochilas ou estojos personalizados, que podem sobrecarregar ainda mais o orçamento familiar.
No ano passado, as famílias brasileiras destinaram cerca de R$ 49,3 bilhões para a aquisição de material escolar. A informação é de um levantamento inédito do Instituto Locomotiva em parceria com o QuestionPro. Esse valor representa um aumento de 43,7% em comparação aos últimos quatro anos, refletindo também a elevação dos preços dos produtos.
Material escolar e orçamento das famílias
O educador financeiro João Victorino, professor de MBA do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), destaca que o aumento do custo do material escolar afeta o orçamento das famílias, especialmente aquelas com mais de um filho, devido à elevação dos preços de produção. Ele recomenda que, antes de compras impulsivas, as famílias realizem um planejamento financeiro e pesquisem preços em diferentes lojas, tanto físicas quanto online, considerando marca e qualidade.
Além disso, João enfatiza a importância de ensinar as crianças sobre alternativas sustentáveis, como reutilizar material escolar de anos anteriores e doar itens em bom estado, para fortalecer a consciência ambiental e ajudar aqueles que necessitam.
“Muitas vezes, o estudante utilizou só algumas folhas do caderno e, ao invés de comprar um novo, poderia aproveitá-lo novamente. Por outro lado, caso os filhos façam questão de itens novos, e os pais consigam bancar, é possível fazer a doação do material escolar – desde que em bom estado. Por isso a importância de orientar os filhos a conservar esses itens, pois pessoas que realmente precisam podem fazer um bom uso em seus respectivos processos de ensino-aprendizagem”, pontua João.
Educação financeira
Por sua vez, Jeff Patzlaff, planejador financeiro, enfatiza a importância de organização e estratégias definidas para enfrentar os custos escolares.
Ele recomenda, assim como João, reaproveitar material escolar de anos anteriores e pesquisar preços em diferentes lojas, utilizando ferramentas de comparação. Sugere ainda a realização de compras coletivas entre pais para redução de custos e a evitar produtos de marcas famosas que costumam ser mais caros.
Em sua visão, “incluir as crianças no processo de compras ajuda a ensiná-las sobre educação financeira, desde que com limites claros”.
Quanto à forma de pagamento, Jeff recomenda avaliar o pagamento à vista por seus descontos e a viabilidade do parcelamento sem juros. “Vale também realizar um planejamento contínuo que inclua mensalidades e outras despesas escolares”. É fundamental levar em consideração a possibilidade de imprevistos financeiros ao estruturar esse planejamento, assegurando que haja uma reserva para cobrir gastos inesperados.
O especialista recomenda que os pais busquem negociar com as instituições de ensino descontos, seja para pagamentos antecipados ou para famílias com mais de um filho matriculado. Além disso, ele destaca a importância de ensinar as crianças a cuidarem do material escolar, prevenindo desperdícios e reposições frequentes. “Com organização, disciplina e estratégias adequadas, é possível lidar com os custos escolares de forma mais tranquila, sem afetar a estabilidade do orçamento familiar”.
Pague dois, leve três
De acordo com Luiz Orsatti, diretor-executivo do Procon-SP, no momento da compra de material escolar, o consumidor deve estar atento, principalmente, aos preços. “Os valores devem estar apresentados de maneira clara e precisa pelo estabelecimento”. Ademais, ele aconselha avaliar se promoções como “pague dois e leve três” realmente oferecem vantagens. “Nesse ínterim, analisar tamanhos, composição, peso e quantidades pode ajudar a determinar se a oferta é benéfica ou não”.
É fundamental saber que, na lista de material escolar, as escolas não podem exigir a compra de itens de uso coletivo, como materiais de escritório, higiene ou limpeza, conforme estipulado pela Lei nº 12.886, de 26 de novembro de 2013.
Ao realizar o pagamento, o consumidor deve sempre verificar se o comércio adota preços diferenciados conforme o método de pagamento (dinheiro, cheque, cartão de débito, cartão de crédito ou Pix). “Desde 26 de junho de 2017, a Lei nº 13.455 permite essa diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público em função do prazo ou do método de pagamento utilizado”, enaltece Orsatti.
Troca de material escolar
As informações sobre o preço, as formas de pagamento e as condições de compras parceladas devem ser apresentadas de forma clara, precisa e visível, para evitar dúvidas da parte do consumidor. Vale ressaltar que as regras relacionadas à troca de produtos devem ser adequadamente observadas. As lojas não são obrigadas a trocar mercadorias por motivos de preferência ou erro na hora da compra; normalmente, essas trocas são realizadas por liberalidade ou política comercial.
Somente nas compras realizadas pela internet o consumidor tem direito ao arrependimento – dentro do prazo de 7 dias a partir da data da compra ou do recebimento do produto, ele pode devolver e receber o reembolso, sem precisar justificar sua decisão.