O brasileiro está mais otimista e mais digital, tanto pelo hábito, consolidado, de fazer compras online quanto pelo uso de mais modalidades de pagamento digitais, como Pix e cartão virtual. Além disso, alguns novos comportamento de consumo se destacaram no primeiro trimestre deste ano. Essas são algumas das conclusões da Análise de Comportamento do Consumidor, realizada trimestralmente pelo Itaú Unibanco a partir dos dados de pagamento em Pix, débito e crédito, e da Rede, a empresa de meios de pagamento do banco.
Um tema que vem sendo bastante discutido pela sociedade recentemente passou a refletir no comportamento de consumo dos brasileiros: os procedimentos médicos que permitem o prolongamento da idade fértil da mulher, como congelamento de óvulos e fertilização in vitro, tiveram alta de 89% no valor transacionado no primeiro trimestre de 2023, segundo estudo do Itaú-Unibanco.
Temas relacionados a cuidados pessoais sustentáveis, como calcinhas e biquinis absorventes, também estão em alta e cada vez mais acessíveis, e que cresceram também os investimentos em tratamentos capilares, como implantes. E no universo corporativo, outro tema do momento, as ferramentas de inteligência artificial, já aparecem com suas versões pagas.
Contexto econômico global e clima no Brasil
As condições de crédito estão mais apertadas, há pessimismo global com as condições de crédito, mas o Itaú não vê uma crise generalizada. Para Pedro Schneider, economista do Itaú-Unibanco, os salários estão pressionados e o mercado de trabalho está resiliente, o que puxa a inflação para cima.
“Com o choque global da pandemia, vemos similaridade entre os países, é natural que as implicações macroeconômicas sejam comuns”. Mas se a economia global vem desacelerando neste primeiro trimestre, no Brasil a atividade econômica vem acelerando, e o Itaú reviu para cima a previsão de crescimento do PIB em 2023 para 1,4%.
que espera que a taxa Selic feche o ano em 12,5%.
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Apesar dos componentes comuns que pressionam a inflação no mundo, o banco prevê uma inflação de 5,8% para este ano. No entanto, a composição da inflação mudou no país, aponta Schneider, o que está elevando a previsão é exatamente a inflação do setor de serviços, pelo aumento da demanda de bens e serviços e um desemprego baixo, atualmente em 9%, um dos menores níveis desde 2015.
O maior desafio é equilibrar a situação fiscal e suas regras. “O arcabouço (em discussão no Congresso) não resolve, mas dá bom encaminhamento, pois garante que a situação não vai piorar. Para melhorar é preciso um bom pacote de recuperação de renda do governo. Se ele for bem-sucedido, vai criar parte das condições necessárias para juros caírem”, indica o economista do Itaú Unibanco,
Comportamento do varejo
O Itaú Unibanco mais uma vez investigou o comportamento do consumidor no primeiro trimestre de 2023. A Análise do Comportamento de Consumo é feita com base nas compras realizadas com cartões do Itaú Unibanco, nas vendas realizadas nos sistemas da Rede, empresa de meios de pagamentos do banco, e inclui também as compras feitas com Pix na visão geral do estudo (considerando transações na modalidade feitas de CPF para CNPJ.
Os dados mostraram um crescimento significativo em relação ao mesmo período do ano passado, com aumento de 21% no valor transacionado e 17% no volume de transações.
“Depois de um período de maior variabilidade nos meses de isolamento, agora começamos a observar comportamento mais homogêneo. O primeiro trimestre pode ter uma aparência de retração (6%) em relação ao 4º tri de 2022, que reuniu Black Friday e o período de festas, mas é altamente positivo em comparação com o mesmo período do ano passado”, explica Moisés Nascimento, diretor de Dados e Analytics do Itaú Unibanco.
Um dado que chama a atenção é o crescimento exponencial do uso do Pix nas transações de pessoas físicas para jurídicas, com alta de 76%, enquanto o uso do cartão de crédito no varejo aumento 17% e do débito apenas 10%.
Além disso, mesmo com o fim da pandemia, o consumo online caiu no gosto dos brasileiros e segue avançando. O consumo em lojas físicas cresceu 13%, enquanto no online 21%.
“Percebemos que o online tem comportamento mais homogêneo, continua a crescer, mas não tão agressivamente como no período de isolamento social”, aponta Nascimento.
Vai pagar como?
Assim como o hábito de compra online parece ter se consolidado, formas de pagamentos digitais estão em alta. Segundo a análise do Itaú-Unibanco, o valor transacionado cresceu 38%, enquanto nofísico o crescimento foi de 13%.
É importante lembrar que pagamentos digitais incluem tanto o uso de cartões digitais, carteiras nos smartphones e o próprio uso do Pix em lojas físicas. “Foi o Pix que impulsionou as transações digitais, mesmo nas compras físicas”, esclarece o diretor de Dados e Analytics do banco.
A quantidade de transações cresceu 136%, e o ticket médio das compras por Pix subiu 76%, alcançando R$ 323. Apesar dos números impressionantes, a fatia de share do digital, 35%, ainda é pequena perto do físico, 65%.
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O pagamento por aproximação chegou para ficar: “traz mais segurança, praticidade e agilidade”, sugere Nascimento. As transações com cartão usando a aproximação em vez de senha cresceram 77% em volume 87% em valor. O share se aproximou muito, com 56% de uso de senha e 44% de aproximação, uma diferença de 37 pontos percentuais em relação a apenas dois anos, no primeiro trimestre de 2021, quando o recurso foi lançado no país pelo Itaú.
A comodidade e a agilidade no processo de checkout alavancaram o uso da aproximação. Destaca-se o uso em ambientes de varejo em que esse é um diferencial de experiência na escolha do consumidor:
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- 32% Alimentação
- 17% Mercados
- 8% Postos de Gasolina
- 7% Drogarias e Cosméticos
- 6% Cultura, Esporte e Lazer
O cartão virtual também continua a crescer, praticamente dobrou a quantidade de transações e 73% em valor transacionado, mas a tendência de crescimento é semelhante ao da aproximação, avalia Nascimento. E quem puxa o crescimento do uso da modalidade são os Millenials, com metade dos usos, seguida pela geração X, com 27% e Z, com 14%.
Quais setores da economia mais cresceram este ano
Os setores de maior crescimento este ano foram turismo, com 41%; cultura, 45%; ambos com uma inflação de 7,7%; veículos 35%, locomoção e transporte, 34%; que tiveram inflação por segmento de 6,8% e 5,2% respectivamente.
Apresentações de humor são destaque no setor de entretenimento; cinema e teatro também têm procura ampliada. É a primeira vez que a análise do Itaú-Unibanco também investiga a renda dos consumidores. Os comedy clubs cresceram 75% em volume, com um ticket médio de R$ 91. A maior parte do público tem renda média de 2 a 4 salários-mínimos, e tem entre 28 e 42 anos.
No caso dos cinemas, o crescimento foi mais tímido, 35%. O ticket médio também é de R$ 91, mas a renda é menor, em média de um salário-mínimo. O teatro teve um crescimento um pouco maior, 37%, mas com um ticket médio bem mais alto, de em média R$ 364, e foi mais procurado por pessoas de renda também mais elevada, entre 8 e 10 salários-mínimos.
Em todos os casos, foi a Geração X que puxou o consumo de cultura e lazer.
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Tendências e novos hábitos de consumo
Um tema que vem sendo bastante discutido pela sociedade recentemente passou a se refletir no comportamento de consumo dos brasileiros: os procedimentos médicos que permitem o prolongamento da idade fértil da mulher, como congelamento de óvulos e fertilização in vitro tiveram alta de 89% no valor transacionado no primeiro trimestre de 2023.
Temas relacionados a cuidados pessoais sustentáveis, como calcinhas e biquínis absorventes, também estão em alta e cada vez mais acessíveis, e cresceram também os investimentos em tratamentos capilares, como implantes. E no universo corporativo, outro tema do momento, as ferramentas de inteligência artificial, já aparecem com suas versões pagas.
No período analisado, os gastos com congelamento de óvulos e fertilização in vitro subiram 89%, com aumento de 52% na quantidade de transações – em ambos os casos, considerando as transações via Pix. O ticket médio é de R$ 4.480 (com queda de 20% em relação a 2022), o que se reflete na classe social que mais o utiliza: pessoas que ganham acima de 10 salários-mínimos mensais. Fazendo o recorte por estado civil, os solteiros representam 63%, enquanto os casados são 37%. Entre os estados com as maiores procuras pelos procedimentos estão São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e Paraná.
Outro mercado que se destaca é o de menstrual care, relacionado à saúde íntima feminina e que abrange produtos como calcinhas e biquínis absorventes, coletores menstruais, discos e tampões. Como forma de pagamento, o Pix foi destaque no trimestre, com incremento de 58% na quantidade transacionada no segmento, enquanto o valor transacionado caiu 40% – a queda do ticket médio desses produtos (atualmente em R$ 167, enquanto em igual ciclo do ano anterior chegava a R$ 436), favoreceu uma democratização de seu acesso.
Entre as profissões que mais consomem produtos do segmento estão estudantes, advogadas, professoras, analistas de sistemas e médicas. Millenials tem a maior parcela de consumidoras (54% do share); entre a população desta geração, houve uma alta de 48% na quantidade transacionada e de 27% no valor transacionado nestes itens no período analisado.
A aposta em tratamentos capilares também teve uma escalada, principalmente os relacionados a transplante e implante de cabelos. Neste segmento, o pagamento no crédito foi a principal escolha, com alta de 60% no valor transacionado e de 30% na quantidade de operações no período do estudo – e ticket médio de R$ 3.930. Pessoas que ganham acima de 10 salários representam 53% do share, mas o público que está na faixa entre 2 e 4 salários também têm investido nessas soluções de forma significativa, com crescimento de 82% na quantidade de operações no trimestre.
Os homens representam 63% dos gastos com estes procedimentos; considerando apenas o gênero masculino, a alta na quantidade de transações foi de 56%. Ao se observar o recorte por idade, os Millenials se destacam, com 45% do share e 65% de alta nas transações.
No ambiente corporativo, o uso de inteligência artificial ganha espaço com suas ferramentas pagas. O valor total gasto em ferramentas do tipo no cartão de crédito cresceu 196% no 1º trimestre de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado. A tendência mostra que ainda há muito espaço para crescer – atualmente, o ticket médio do setor é de R$ 127.
Os Millenials representam 53% do público que mais utiliza as ferramentas, enquanto a geração X vem na sequência, com 28% do share. O estudo ainda aponta que, por enquanto, os homens têm se engajado mais no tema – 81% dos consumidores são do gênero masculino. As empresas que mais se destacam na busca dos consumidores para o uso da tecnologia são ChatGPT (60% dos gastos) e Midjourney (38%).
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