/
/
Como resistir à tentação de comprar por impulso?

Como resistir à tentação de comprar por impulso?

Muito além de ser um problema de patricinhas compulsivas, os shopaholics enfrentam problemas que afetam até mesmo sua saúde

A maioria das pessoas não é uma compradora como a americana Zina Kumok, de 26 anos. Antes de adquirir qualquer artigo que lhe chame a atenção, essa profissional da área de comunicações sempre se faz uma série de perguntas: ?Eu realmente preciso disso?? ou ?Isso vai continuar sendo útil para mim daqui a alguns anos??.

No passado, Kumok era uma típica shopaholic: comprava várias coisas das quais não precisava apenas porque estavam em promoção. Apesar de nunca ter se endividado, ela gastava muito mais do que seu orçamento permitia.

Uma grande parte do problema de Kumok era sua impulsividade. Quando deixou Indianápolis para morar um ano em Londres, ela comprou todo tipo de guia que encontrou pela frente. Mas não só não teve tempo de ler nenhum deles como teve de desembolsar US$ 150 (quase R$ 480) para cobrir o excesso de bagagem e trazê-los de volta para casa.

 ?Nosso cérebro nos engana. É fácil gastar US$ 10 aqui (R$ 32) ou US$ 20 (R$ 64) ali, mas essas pequenas quantias vão se somando?, lembra.
 
Problema mundial
Comprar por impulso é um grande problema para muita gente. Uma pesquisa feita em 2012 pelo Bank of Montreal (BMO) descobriu que os canadenses gastam, em média, US$ 2.987 (pouco mais de R$ 9,5 mil) por ano em artigos consumidos apenas porque estão em promoção.

Já uma enquete do site Creditcard.com concluiu que 75% dos americanos fizeram compras por impulso em 2014 ? 10% deles chegaram a gastar mais de US$ 1 mil em um único produto.

Outro estudo, conduzido pela Nielsen no ano passado, notou que a impulsividade influenciou 52% dos tailandeses, 48% dos indianos e 44% dos chineses a comprarem algo de que não precisavam.

Por que as pessoas são tão inclinadas a tomar decisões apressadas sobre dinheiro, muitas delas prejudicando seu saldo bancário? E por que não conseguimos resistir à tentação de comprar?
 
O impulso da escassez
Ryan Howell, professor de psicologia da San Francisco State University, nos Estados Unidos, afirma que o impulso de comprar se deve, em parte, a um instinto de sobrevivência. Em um passado remoto, quando o homem dependia da caça e da coleta, ele simplesmente agarrava algo que desejasse e que aparecia à sua frente porque havia uma grande chance de não encontrar aquilo novamente.

?Quando vemos algo que parece estar se esgotando, temos essa urgência em possuirmos aquilo?, diz Howell. Hoje em dia, uma escassez desse tipo não chega a ser um problema em muitas sociedades e em países desenvolvidos. Podemos comprar qualquer coisa se tivermos meios para isso. Mas ainda mantemos um comportamento parecido com o de nossos ancestrais, principalmente durante uma liquidação. ?Uma simples placa indicando que um artigo está com 50% de desconto serve para despertar esse impulso da escassez. A sensação é: ?se eu não comprar isso agora, vai acabar para sempre ? ou ao menos aquele precinho camarada vai acabar para sempre??, explica Howell.
 
?Terapia?
Existe ainda outra razão pela qual as pessoas fazem extravagâncias de consumo: pela sensação de prazer que isso proporciona. Scott Rick, professor de marketing da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, descobriu que a ideia de ?compras como terapia? é real. ?Quando certas pessoas se sentem tristes, comprar é algo que permite que elas sintam que ainda têm algum controle sobre suas vidas?, afirma Rick.

Segundo ele, na realidade, é a possibilidade de optar entre comprar ou não que ajuda as pessoas se sentirem no controle da situação. Mas essa decisão tem que ser difícil e o resultado final tem que ser prazeroso. ?Esses são os típicos casos de escolhas que caracterizam uma ida às compras?, diz Rick. ?A terapia do consumo pode ser relativamente boa. Sentimos prazer em comprar.?

É claro que esse tipo de ?terapia? pode acabar saindo bem mais cara do que outras atividades que ajudam a restabelecer o controle. Para o psicólogo, rearrumar uma estante ou separar roupas velhas para doar também proporcionam uma sensação positiva.

O poder do toque
Algumas pesquisas também examinaram como o toque tem um impacto nas nossas decisões com dinheiro. No Natal de 2003, a procuradoria-geral do Estado americano de Illinois divulgou um comunicado alertando a população a tomar cuidado ao segurar artigos quando fossem às compras, porque isso as incentivaria a comprá-los.

Pode ser um dos alertas públicos mais estranhos da história, mas ele tem fundamento: alguns estudos indicam que tocar um objeto aumenta a sensação de posse. ?E não queremos perder coisas que nos pertencem?, diz Rick.

?Assim que você toca um objeto, você se torna ?quase proprietário? daquilo?, afirma o acadêmico. É aí que a aversão à perda toma conta e fica difícil abandonar aquele objeto, independentemente de você precisar dele ou ter dinheiro para comprá-lo.

Resista à tentação
Mas será que você consegue lutar contra suas tendências naturais? Sim, com um pouco de disciplina. O psicólogo Howell sugere esperar 24 horas antes de fazer uma compra por impulso, por mais barata que seja.

Se no dia seguinte você ainda quer aquele artigo, compre apenas se você puder pagar. ?O mais provável é que aquela sensação intensa de ?ter que ter? já terá desaparecido?, afirma Howell.

Outro truque: comece a monitorar seus gastos e pague sempre em dinheiro. Se você conseguir visualizar a quantia que está indo embora, terá mais chances de comprar apenas aquilo que você realmente quer.

Para a ex-shopaholic Kumok, refletir sobre suas compras e descartar algumas categorias de artigos que ela entendeu serem desnecessários serviram para ela se controlar. Suas perguntas para si mesma acabam postergando a decisão de compra. E quanto aos guias e outros livros, ela agora recorre a uma biblioteca.

Fonte: Consumidor moderno.

Leia mais:
Educação financeira e a incessante tentativa de ensinar
4 apps que podem te ajudar a cuidar melhor das finanças
Mais da metade da população está devendo e você?
 

Recomendadas

MAIS MATÉRIAS

SUMÁRIO – Edição 289

As relações de consumo acompanham mudanças intensas e contínuas na sociedade e no mercado. Vivemos na era da Inteligência Artificial, dos dados e de um consumidor mais exigente, consciente e impaciente. Mais do que nunca, ele é o centro de tudo: das decisões, estratégias e inovações.
O consumidor é digital sem deixar de ser humano, inovador sem abrir mão do que confia. Ele quer respeito absoluto pela sua identidade, quer ser ouvido e ter voz.
Acompanhar cada passo dessa evolução é um compromisso da Consumidor Moderno, agora um ecossistema de Customer Experience (CX), com o mais completo, sólido e original conhecimento sobre comportamento do consumidor, inteligência relacional, tecnologias, plataformas, aplicações, processos e metodologias para operacionalizar a experiência de modo eficaz, conectando executivos e lideranças.

CAPA: Camila Nascimento
IMAGEM: Dall-E/ChatGPT


Publisher
Roberto Meir

Diretor-Executivo de Conhecimento
Jacques Meir
[email protected]

Diretora-Executiva
Lucimara Fiorin
[email protected]

COMERCIAL E PUBLICIDADE
Gerentes-Comerciais
Angela Souto
[email protected] 

Daniela Calvo
[email protected]

Dayane Prate
[email protected]

Elisabete Almeida
[email protected]

Érica Issa
[email protected]

NÚCLEO DE CONTEÚDO
Head de Conteúdo
Larissa Sant’Ana
[email protected]

Editora do Portal 
Júlia Fregonese
[email protected]

Produtores de Conteúdo
Bianca Alvarenga
Danielle Ruas 
Jéssica Chalegra
Marcelo Brandão
Nayara de Deus

Head de Arte
Camila Nascimento
[email protected]

Designer
Isabella Pisaneski

Revisão
Elani Cardoso

MARKETING
Gerente de Marketing
Ivan Junqueira

Coordenadora
Mariana Santinelli

TECNOLOGIA
Gerente

Ricardo Domingues


CONSUMIDOR MODERNO
é uma publicação da Padrão Editorial Ltda.
www.gpadrao.com.br
Rua Ceará, 62 – Higienópolis
Brasil – São Paulo – SP – 01234-010
Telefone: +55 (11) 3125-2244
A editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos ou nas matérias assinadas. A reprodução do conteúdo editorial desta revista só será permitida com autorização da Editora ou com citação da fonte.
Todos os direitos reservados e protegidos pelas leis do copyright,
sendo vedada a reprodução no todo ou em parte dos textos
publicados nesta revista, salvo expresso
consentimento dos seus editores.
Padrão Editorial Eireli.
Consumidor Moderno ISSN 1413-1226

NA INTERNET
Acesse diariamente o portal
www.consumidormoderno.com.br
e tenha acesso a um conteúdo multiformato
sempre original, instigante e provocador
sobre todos os assuntos relativos ao
comportamento do consumidor e à inteligência
relacional, incluindo tendências, experiência,
jornada do cliente, tecnologias, defesa do
consumidor, nova consciência, gestão e inovação.

PUBLICIDADE
Anuncie na Consumidor Moderno e tenha
o melhor retorno de leitores qualificados
e informados do Brasil.

PARA INFORMAÇÕES SOBRE ORÇAMENTOS:
[email protected]

SUMÁRIO – Edição 289

As relações de consumo acompanham mudanças intensas e contínuas na sociedade e no mercado. Vivemos na era da Inteligência Artificial, dos dados e de um consumidor mais exigente, consciente e impaciente. Mais do que nunca, ele é o centro de tudo: das decisões, estratégias e inovações.
O consumidor é digital sem deixar de ser humano, inovador sem abrir mão do que confia. Ele quer respeito absoluto pela sua identidade, quer ser ouvido e ter voz.
Acompanhar cada passo dessa evolução é um compromisso da Consumidor Moderno, agora um ecossistema de Customer Experience (CX), com o mais completo, sólido e original conhecimento sobre comportamento do consumidor, inteligência relacional, tecnologias, plataformas, aplicações, processos e metodologias para operacionalizar a experiência de modo eficaz, conectando executivos e lideranças.

CAPA: Camila Nascimento
IMAGEM: Dall-E/ChatGPT


Publisher
Roberto Meir

Diretor-Executivo de Conhecimento
Jacques Meir
[email protected]

Diretora-Executiva
Lucimara Fiorin
[email protected]

COMERCIAL E PUBLICIDADE
Gerentes-Comerciais
Angela Souto
[email protected] 

Daniela Calvo
[email protected]

Dayane Prate
[email protected]

Elisabete Almeida
[email protected]

Érica Issa
[email protected]

NÚCLEO DE CONTEÚDO
Head de Conteúdo
Larissa Sant’Ana
[email protected]

Editora do Portal 
Júlia Fregonese
[email protected]

Produtores de Conteúdo
Bianca Alvarenga
Danielle Ruas 
Jéssica Chalegra
Marcelo Brandão
Nayara de Deus

Head de Arte
Camila Nascimento
[email protected]

Designer
Isabella Pisaneski

Revisão
Elani Cardoso

MARKETING
Gerente de Marketing
Ivan Junqueira

Coordenadora
Mariana Santinelli

TECNOLOGIA
Gerente

Ricardo Domingues


CONSUMIDOR MODERNO
é uma publicação da Padrão Editorial Ltda.
www.gpadrao.com.br
Rua Ceará, 62 – Higienópolis
Brasil – São Paulo – SP – 01234-010
Telefone: +55 (11) 3125-2244
A editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos ou nas matérias assinadas. A reprodução do conteúdo editorial desta revista só será permitida com autorização da Editora ou com citação da fonte.
Todos os direitos reservados e protegidos pelas leis do copyright,
sendo vedada a reprodução no todo ou em parte dos textos
publicados nesta revista, salvo expresso
consentimento dos seus editores.
Padrão Editorial Eireli.
Consumidor Moderno ISSN 1413-1226

NA INTERNET
Acesse diariamente o portal
www.consumidormoderno.com.br
e tenha acesso a um conteúdo multiformato
sempre original, instigante e provocador
sobre todos os assuntos relativos ao
comportamento do consumidor e à inteligência
relacional, incluindo tendências, experiência,
jornada do cliente, tecnologias, defesa do
consumidor, nova consciência, gestão e inovação.

PUBLICIDADE
Anuncie na Consumidor Moderno e tenha
o melhor retorno de leitores qualificados
e informados do Brasil.

PARA INFORMAÇÕES SOBRE ORÇAMENTOS:
[email protected]