Uma marca precisa ter clareza para se comunicar bem com seu público. Quando isso não acontece, é hora de revisar o roteiro. No entanto, em tempos de Inteligência Artificial, escrever pode parecer mais simples, mas sem clareza de pensamento, a IA dificilmente será uma grande aliada.
Essa reflexão foi abordada por Tay Dantas, estrategista de marketing e CEO da Vinci Society, durante sua participação no videocast Boteco da CM. Para aqueles que desejam aprimorar a escrita, Tay recomenda a leitura do artigo de Paul Graham, investidor e escritor, que explora a dificuldade fundamental da escrita: pensar com clareza.
Writes and Write-Nots
Paul Graham é um nome relevante no mundo da tecnologia e do empreendedorismo. Em 1995, cofundou a Viaweb, primeira empresa de software como serviço (SaaS), adquirida pelo Yahoo em 1998. Anos depois, fundou a Y Combinator, incubadora que impulsionou startups como Airbnb, Dropbox, Stripe e Reddit. Mas, além de investidor, Graham também se destacou como escritor, publicando ensaios que acumulam milhões de leituras anuais.
No artigo citado por Tay Dantas, “Writes and Write-Nots“, Graham argumenta que muitas pessoas têm dificuldades para escrever porque escrever bem exige pensar claramente, e pensar claramente é difícil. Com a popularização da IA, a pressão para escrever desapareceu. Agora, qualquer um pode delegar essa tarefa às máquinas, seja na escola ou no trabalho. Mas essa facilidade pode criar uma divisão, de um lado, os que sabem escrever; do outro, aqueles que nunca desenvolverão essa habilidade.
“O resultado será um mundo dividido entre aqueles que escrevem e aqueles que não escrevem”, argumenta Graham no artigo. “Ainda haverá algumas pessoas que sabem escrever. Alguns de nós gostam disso. Mas o meio-termo entre aqueles que são bons na escrita e aqueles que não sabem escrever desaparecerá. Em vez de bons escritores, escritores medianos e pessoas que não sabem escrever, haverá apenas bons escritores e pessoas que não sabem escrever”.
Para Graham, esse é um problema sério, pois escrever bem é essencialmente saber pensar bem. No mundo corporativo, onde a comunicação assertiva define o sucesso de marcas e negócios, essa habilidade se torna ainda mais essencial.
“Portanto, um mundo dividido entre aqueles que escrevem e aqueles que não escrevem é mais perigoso do que parece. Será um mundo de pensadores e não-pensadores. Eu sei em qual metade quero estar, e aposto que você também”, afirma no artigo. “Ainda haverá pessoas inteligentes, mas apenas aquelas que escolherem ser”.
Liberdade financeira
Naval Ravikant, outro autor indicado por Tay Dantas no videocast, é investidor e pensador. Ele defende que riqueza e felicidade são habilidades aprendidas. No livro “O almanaque de Naval Ravikant: Um guia para a riqueza e a felicidade“, o autor Eric Jorgenson reúne uma curadoria de suas reflexões sobre autoconhecimento, tomada de decisões e liberdade financeira. Um dos pontos centrais da obra é a ideia de que vender tempo para outras pessoas não é o caminho ideal para a independência financeira. Em vez disso, ele propõe que cada pessoa desenvolva habilidades únicas e escaláveis, que possam ser monetizadas sem a necessidade de troca constante de tempo por dinheiro.
Ravikant sugere que investir em conhecimento e habilidades gera retornos duradouros, um pensamento que desafia a mentalidade de curto prazo predominante em muitos setores.
“Ficar rico é saber o que fazer, com quem e quanto”, destaca Ravikant na obra. “Tem muito mais a ver com compreensão do que simplesmente trabalho duro. Sim, o trabalho árduo é importante, e você não pode fazer corpo mole. Mas tem que ser direcionado da maneira correta”.
O foco como chave para a liberdade
Dan Koe, terceiro autor indicado por Tay Dantas, por sua vez, traz uma perspectiva igualmente provocadora. Em “The Art of Focus: Find Meaning, Reinvent Yourself and Create Your Ideal Future” (ou A Arte do Foco: Encontre Significado, Reinvente-se e Crie o Seu Futuro Ideal, em tradução livre), ele argumenta que a sociedade é estruturada para manter os indivíduos em um caminho padronizado e previsível. Para ele, escapar desse sistema exige disciplina e um direcionamento claro, algo que muitas pessoas perdem em meio às distrações diárias.
A falta de foco e de um senso de propósito, segundo Koe, leva a uma sensação de vazio e insatisfação. Em contrapartida, desenvolver um estilo de vida intencional, onde se prioriza o que realmente importa, pode resultar em mais realização e clareza. Assim como Ravikant, ele enfatiza a importância do autoconhecimento, da autodisciplina e da criação de rotinas que favoreçam o crescimento pessoal e profissional.
Essas indicações reúnem um elemento em comum: a necessidade do pensamento crítico, intencional e consciente para provocar a transformação – seja ela na vida pessoal, profissional, nas organizações e na experiência do consumidor.
