Só em 2022 o brasileiro bebeu quase 16 bilhões de litros de cerveja, segundo um estudo elaborado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), que também revelou que a nossa nação ocupa o terceiro lugar entre os maiores produtores de cerveja do mundo, sendo responsável por 2% do PIB e pela geração de cerca de 2 milhões de empregos.

O crescimento da fabricação e consumo deste tipo de bebida alcoólica, justificado – em parte – pelo retorno de eventos sociais no pós-pandemia, traz à tona uma série de reflexões em torno de questões econômicas, trabalhistas e, principalmente, ambientais.

Este último tópico, a propósito, se faz pertinente considerando que a produção cervejeira, além de ter um alto consumo de energia por conta dos processos de esfriamento e aquecimento, é conhecida por utilizar água em grandes escalas. Segundo a World Wide Fund for Nature (WWF), cerca de 95% da cerveja é composta por água, o que significa que, a cada 1 litro da bebida alcoólica, as grandes indústrias utilizam, em média, 3,5 litros de água.

Para além, as fábricas deste segmento também são responsáveis pela geração de resíduos sólidos ao longo dos processos de envase, tratamento de água e filtragem, como é o caso do bagaço do malte, por exemplo, considerado o principal subproduto da cerveja justamente porque, a cada 100 litros da bebida, são formados aproximadamente 20 quilos desse elemento.

Também conhecido como borra de cervejaria, o bagaço do malte surge antes da etapa da fervura, ou seja, durante a filtração do mosto e é composto não só pela polpa do malte, como também por grãos bastante conhecidos pelos brasileiros, como trigo, arroz e milho, ricos em proteínas e fibras.

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Agenda ESG incentiva alterações nos modos de produção industrial
que auxiliam na redução dos impactos ambientais

Visando a adequação aos ideais da agenda ESG, muitas empresas deste setor têm optado por práticas e técnicas sustentáveis que minimizem os impactos ambientais causados durante a fabricação de cerveja. Com relação ao consumo de água, grandes indústrias como a Ambev, têm elaborado ações voltadas para o reuso do líquido e para o fim de seu desperdício. Para se ter uma ideia, em 2019, a gigante do ramo cervejeiro revelou que havia reduzido em 50% a quantidade de água utilizada durante a fabricação.

No que se refere aos resíduos sólidos, a reutilização do bagaço de malte vêm atraindo os olhares de pesquisadores e investidores do ramo alimentício por conta de suas propriedades, tendo em vista que este subproduto pode servir de matéria-prima para produção de ácido lático e xilitol. Enquanto o primeiro termo faz referência a fabricação de alimentos e produtos de beleza, como sorvetes e esfoliantes, o segundo é um adoçante natural cerca de 40% menos calórico que a própria sacarose.

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Empresa especializada em reutilização do malte é conhecida pela produção de alimentos saudáveis

Ainda falando em reuso do malte, uma pesquisa publicada pelo Journal of Cereal Science, afirmou que o subproduto em questão também pode ser utilizado na fabricação de pães, auxiliando no ganho nutricional e aumentando em 50% a quantidade de fibras e proteínas.

Bolinhos e farofas temperadas também caíram no gosto das empresas especializadas em reaproveitamento de subprodutos da cerveja, como é o caso da Grão Malte, uma indústria nacional voltada para a produção de alimentos integrais derivados do malte.

De acordo com o sócio da Grão Malte e VP Comercial e de Negócios da JVMC Participações, Emerson Cação, a ideia de transformar o bagaço em produtos alimentícios surgiu com o biólogo Thiago Greggio, que viu a oportunidade em reutilizar o subproduto durante a fabricação de suas cervejas artesanais em Jaboticabal, situada no interior de São Paulo.

Com o objetivo de reduzir a quantidade de resíduos sólidos e de reaproveitar o malte na produção de alimentos altamente nutritivos, o idealizador do projeto entrou em contato com o CEO da JVMC Participações – holding voltada para negócios sustentáveis, Rodrigo Clemente, e com o seu sócio, Emerson Cação, e deu vida a uma marca altamente promissora.

“Nós utilizamos malte de reuso de cervejaria artesanal como oportunidade de negócio para a produção de produtos saudáveis à base de malte, considerando que normalmente o insumo era antes 100% descartado após a fabricação da bebida”, inicia o porta-voz da Grão Malte, que continua: “para a criação dos produtos, a empresa realiza a coleta do malte que seria descartado, depois passa por diversos processos como, a coleta, secagem, brassagem e moagem, além de testes de qualidade que contam até com avaliação de nutricionistas”, pontua Emerson Cação.

Sustentabilidade, nutrição e saudabilidade
são o segredo da marca

A tríade sustentabilidade, nutrição e saudabilidade parece ser o segredo da marca em questão, que conta com a expertise de cada um dos sócios para se tornar referência e inspiração no mercado alimentício sustentável: “nós percebemos um espaço no mercado de produtos saudáveis para trazer alimentos com ingredientes de reuso, como o malte, de forma a oferecer alternativas balanceadas para nutrição e garantindo a sustentabilidade do processo, aproveitando o insumo que seria descartado”, explica o VP Comercial e de Negócios da JVMC Participações.

“Foi desta forma que conseguimos unir sustentabilidade, nutrição e saudabilidade em um único negócio, para oferecer um produto com muito sabor para os consumidores. O Empreendedorismo do Rodrigo Clemente, com a tecnologia de fabricação do Thiago Greggio e a minha experiência em marketing e área comercial no mercado de bens de consumo, tornou possível esse sonho”, conta Emerson Cação.

Ainda para o porta-voz da Grão Malte, a boa recepção da marca no ramo alimentício se deve, em parte, pela consolidação da Agenda ESG no Brasil, tendo em vista que a busca por produtos ligados a sustentabilidade aumentou 32% no Brasil, de acordo com um relatório divulgado pelo e-commerce Mercado Livre.

“Cada vez mais notamos o interesse do consumidor para entender a origem dos alimentos que estão consumindo e também um aumento na busca de uma alimentação mais saudável e sustentável. Por isso, a tendência é que o mercado de produtos saudáveis se consolide dentro desta agenda tão importante que é a ESG”, finaliza o sócio da empresa especializada em reuso de malte.

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