Segundo uma das tendências apontadas pelo LinkedIn Notícias, 2025 será o ano dos CEOs Millennials. Ao longo das duas últimas décadas, temos visto muitos líderes no estilo “founder mode” (ou “modo fundador”, em tradução livre), como Mark Zuckerberg, que é fundador e CEO da Meta.
Mas agora, com a chegada dos Millennials – a geração nascida entre 1981 e 1996 – aos cargos de liderança, dados do LinkedIn apontam que um novo tipo de CEO vem ganhando espaço: o “non-founder“, que sobe na hierarquia (ou é recrutado) para liderar (ou mudar completamente) uma empresa.
No Brasil, Diego Barreto, que assumiu o cargo de CEO do iFood no início de 2024, tem 43 anos. Antes disso, ele já havia sido contratado como diretor executivo da companhia em 2016, além de ter sido diretor financeiro da Suzano em 2015. Além dele, outros exemplos são Livia Chanes, CEO do Nubank desde janeiro de 2024, que tem 42 anos, Silvia Penna, do Uber, de 35, e Victor Assis, do Podpah, de 33.
Quando observamos esses exemplos, podemos esperar que mais Millennials em posições de liderança façam a transição para cargos de CEO em um futuro próximo.
Mas nem tão rápido assim: um levantamento recente da Fortune aponta que uma pessoa que trabalha a vida toda em uma única empresa leva, em média, 33 anos para subir do cargo de estagiário para o de CEO.
Alguns dados sobre CEOs Millennials
Dados do LinkedIn mostram que as gerações X e Y são os profissionais mais propensos a ocupar cargos de C-level. Cargos executivos agora são ocupados por 44% da geração Y e 48% da geração X, em comparação com 6% da geração Baby Boomers e 3% da Geração Z.
O que mais? A geração Y está prestes a ultrapassar a Geração X como a principal geração a ocupar cargos executivos em 2025.
Aqueles que alcançam o degrau mais alto da liderança corporativa não são apenas mais jovens hoje em dia, eles também estão chegando com experiências mais diversas. Em 2018, 87% dos executivos trabalharam apenas em uma função de trabalho durante toda a carreira — e essa porcentagem caiu para 57% em 2024.
Os líderes também estão mudando mais de emprego, independentemente da função, antes de conseguirem cargos executivos. Em 2018, a maioria — impressionantes 88% — dos executivos havia trabalhado em apenas uma empresa durante toda a carreira antes de conseguir um cargo executivo. Hoje, essa porcentagem caiu para 61%.
Uma variedade maior de experiências profissionais tem suas vantagens para os líderes, dizem os especialistas.
O que está sendo valorizados pelas companhias
Certas funções também estão se tornando mais proeminentes no nível mais alto da liderança. Dados do LinkedIn mostram que as funções de C-level de crescimento mais rápido de 2022 a 2023 incluíram diretor de dados, diretor jurídico, diretor de produtos, diretor de segurança da informação e diretor de pessoas.
Essas funções crescentes demonstram que as empresas estão priorizando IA, conhecimento de dados e privacidade, ao mesmo tempo em que valorizam as pessoas e a capacidade humana.
Brian Niccol é o quarto CEO da Starbucks em dois anos — e isso é representativo de uma tendência mais ampla. Isso significa que os primeiros 12 a 24 meses no cargo são especialmente cruciais. É quando os executivos devem definir novas agendas, construir equipes de liderança e provar que suas mudanças estão gerando impacto para o negócio.
É também quando os executivos precisam demonstrar seu know-how. As responsabilidades dos líderes seniores estão se ampliando — assim como as habilidades necessárias para liderar efetivamente.
As habilidades sociais, em particular, são mais importantes do que nunca. A porcentagem de habilidades sociais listadas em perfis do LinkedIn por executivos dos EUA cresceu 31% de 2018 a 2023.
O estilo de liderança é diferente
Algumas das principais características do comportamento dos CEOs Millennials, e que causam mudanças para a cultura corporativa e experiência do consumidor, segundo o artigo “Nuturing Millennial Leadership as the Next CEO’s”, de Andy Ramond, diretor da Redlive Executive, são:
1. Uso intensivo de tecnologia e inovação
Os Millennials possuem familiaridade com ferramentas digitais, Inteligência Artificial, automação e análise de dados, o que favorece a integração de tecnologia para aumentar a eficiência, transparência e colaboração nas equipes.
2. Liderança colaborativa e horizontal
Millennials preferem estruturas organizacionais mais horizontais e inclusivas, valorizando o trabalho em equipe e a cocriação. Modelos hierárquicos rígidos dão lugar a ambientes mais ágeis, colaborativos e abertos à inovação.
Produtos e serviços são desenvolvidos com base em feedbacks contínuos, promovendo maior conexão com as reais necessidades do consumidor.
3. Ênfase no bem-estar e na flexibilidade
Segundo Raymond, Millennials valorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, promovendo jornadas de trabalho flexíveis e iniciativas de saúde mental. Na cultura corporativa, costumam adotar práticas que priorizam o bem-estar dos colaboradores, como trabalho remoto, horários flexíveis e suporte psicológico. Um reflexo disso são colaboradores mais satisfeitos que oferecem um atendimento mais humanizado e empático, fortalecendo a experiência do consumidor.
4. Mentalidade de aprendizado contínuo
Millennials valorizam o desenvolvimento pessoal e profissional, promovendo uma cultura de aprendizado constante – empresas lideradas por essa geração investem mais em treinamento e capacitação para os times e equipes mais preparadas e atualizadas fornecem experiências de maior qualidade e inovação constante.
5. Priorização da transparência e autenticidade
Os Millennials são céticos em relação a práticas corporativas opacas e preferem liderar com transparência, e consumidores valorizam marcas autênticas e honestas, o que fortalece a reputação e o engajamento.
6. Valorização da diversidade e inclusão
Millennials acreditam que equipes diversas produzem melhores resultados e refletem melhor a sociedade. Logo, as empresas se tornam mais inclusivas, representativas e abertas a diferentes perspectivas. Campanhas de marketing e produtos passam a refletir a diversidade de clientes, criando maior identificação.
Transformações a longo prazo
Para as culturas corporativas, empresas lideradas por Millennials têm mais chances de se tornarem ambientes ágeis, criativos e adaptáveis, prontos para lidar com os desafios de um mundo em constante mudança.
Para a experiência do consumidor, a liderança Millennial coloca o cliente no centro, promovendo experiências mais humanas, conectadas e personalizadas.