A Alpargatas acaba de anunciar seu novo CEO: Liel Miranda, presidente da Mondelēz no Brasil desde 2019. Anteriormente, atuou na mesma posição da Souza Cruz, empresa de fabricação de produtos do fumo na qual assumiu diferentes cargos por 17 anos. Miranda substitui Luiz Fernando Edmond, que assumiu a presidência da Alpargatas desde abril, quando Roberto Funari – gestor desde 2018 – renunciou ao cargo.
Desde quando assumiu a posição de liderança no lugar de Roberto Funari – que atuava no cargo desde 2019 –, Edmond anunciou que ficaria temporariamente na empresa. Até então, atuava como membro do Conselho de Administração da Alpargatas, e anteriormente atuou como CSO do grupo cervejeiro Anheuser-Busch Inbev (Ambev), CEO da mesma, e CEO da Ambev, no Brasil e na América Latina. Ao chegar ao grupo dono da marca Havaianas, deu início a um processo de reestruturação da organização que registra prejuízos há quatro trimestres consecutivos.
Apesar da troca de liderança, o turnaround ainda não está concluído, e ficará a cargo de Liel Miranda dar continuidade a esse processo. Na última divulgação de resultados do terceiro trimestre de 2023, a Alpargatas registrou um prejuízo líquido de R$ 8,3 milhões. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a empresa teve um luco de R$ 44,2 milhões. Além disso, a receita diminuiu em 17,8% para R$ 896,1 milhões, guiada pela queda no volume de vendas.
Quem é o novo CEO da Alpargatas?
Liel Miranda assumiu a operação brasileira da Mondelēz, dona de diversas marcas de snacks como Lacta, Laka, Bis, Trident, Bubbaloo, Oreo e Tang em 2019. Anteriormente, atuou ao longo de 27 anos na British American Tobacco – que recebe o nome Souza Cruz no Brasil. Iniciou sua carreira na empresa em 2002 como Senior International Brand Manager, atuando em diferentes cargos de liderança da área de marketing na China, no Canadá e na sede global em Londres. Entre 2017 e 2019, assumiu a presidência da organização no Brasil.
Em maio de 2023, a Mondelēz anunciou um avanço em sua aposta no mercado brasileiro, com um investimento de R$ 1 bilhão entre 2023 e 2024 – valor 70% maior do que o investimento feito no biênio anterior. O objetivo era expandir as fábricas da empresa no país e fomentar fornecedores locais. Do volume total, R$ 400 milhões seriam destinados à produção das unidades do Paraná e de Pernambuco.
Já R$ 600 milhões são destinados ao programa da Mondelēz Brasil “Investindo com Propósito”, que tem como objetivo ajudar na construção da produção nacional de cacau para, assim, alcançar a meta de parar a importação da matéria-prima até 2025. O projeto visa aumentar a rede de fornecedores locais de pequeno e médio porte, além de incentivar a participação de pessoas negras, indígenas ou PCDs na produção.
Sob a liderança de Liel Miranda, a Mondelēz Brasil passou de 400 mil pontos de venda no país em 2019 – quando assumiu a liderança da organização – e retomou o crescimento para 700 mil. Além disso, em 2023 a marca de chocolates Milka, que eram importadas por varejistas no Brasil, agora são distribuídas pela Mondelēz. A empresa também fechou parcerias com distribuidoras da Coca-Cola e com a Ambev para aumentar a distribuição dos produtos do grupo.
Com a saída de Liel Miranda da Mondelēz Brasil, a posição de CEO passará a ser ocupada por Maximiliano Cardoso, presidente a operação da empresa em 13 mercados da América Latina. Argentino, começou sua trajetória na organização em 1999 como assistente de marketing na então Kraft Foods – se separou da Mondelēz em 2012. Ao longo dos anos, ocupou diferentes cargos e lideranças da área de marketing na América Latina, assumindo a presidência das operações andinas, caribenhas e da América Central em 2017, atuando em Bogotá, na Colômbia. A transição acontecerá em janeiro de 2024.
No terceiro trimestre de 2023, a Mondelēz registrou globalmente um lucro de US$ 984 milhões – alta de 85% na comparação com o mesmo período no ano anterior. A América Latina foi o mercado com maior avanço de receita, com um faturamento de US$ 1,3 bilhão – um crescimento de 42,9% na comparação com o terceiro trimestre de 2022.
Eficiência ‘ambeviana’
Luiz Fernando Edmond construiu sua carreira na Ambev, onde começou como trainee em 1990. Mais tarde, tornou-se CEO da companhia até que, em 2008, assumiu a liderança da Anheuser-Busch Inbev. A empresa foi resultado da fusão da cervejaria norte-americana Anheuser-Busch com a belga brasileira Inbev em uma transação de US$ 52 bilhões, criando a maior cervejaria do mundo.
Em 2015, Edmond assumiu o cargo de Chief Sales Officer da ABI, mas deixou o cargo em 2017, depois de 26 anos no grupo. Foi substituído pelo brasileiro Michel Doukeris, que até então liderada a operação da China e da Ásia pacífica. Como um bom ambeviano, possui uma liderança focada na eficiência, cortes de custos e cobrança por resultados – todas características pelas quais a cervejaria é conhecida no mercado.
Durante a reestruturação da Alpargatas, liderada por Luiz Fernando Edmond desde que assumiu o cargo de CEO interino, a empresa passou por um processo de redução de custos e despesas. O marketing, por outro lado, não passou por cortes, uma vez que a época de final de ano representa um pico de demanda entre as marcas do grupo. No terceiro trimestre, a redução de estoques foi encerrada, e a reestruturação ainda vive um período de renovação de portfólio, uma vez que foi identificado havia renovações em excesso. Com a transição de liderança, Edmond voltará ao seu assento no Conselho de Administração da Alpargatas.