Se quando for comprar o peru e a farofa para a ceia da família no sábado achar que os preços estão mais caros do que imaginava, você não estará sozinho. Os produtos tradicionais que compõem a ceia de Natal estão em média 10,19% mais caros do que no final de 2015, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre).
O resultado supera a inflação média de 6,76%, acumulada nos últimos 12 meses medida em novembro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da FGV. Entre os itens com maior aumento de preço, destaque para azeite (17,52%), vinho (16,95%) e frutas frescas (16,91%).
O economista André Braz, coordenador do IPC do FGV/Ibre, disse que como se espera uma inflação para o ano abaixo de 7%, a alta de 10,19% é especialmente pesada. “Esses produtos vão pesar nos orçamentos comprometidos pela crise que a gente atravessa. O consumidor vai ter que usar, mais do que nunca, sua criatividade, para botar o mínimo na ceia”, disse.
Comida cara, presentes baratos
A pesquisa da FGV mostra, em contrapartida, relativo alívio nos preços dos presentes no período de 12 meses. A média da inflação para esse grupo, que inclui itens como brinquedos e eletrônicos, foi de 4,23 no período, o que é menos do que a inflação oficial.
Isso se explica, segundo Braz, porque entre os presentes há muitos bens duráveis que são adquiridos financiados, como computadores, celulares ou eletroportáteis. “Ninguém está se comprometendo no longo prazo com essa taxa de juros alta. Isso diminuiu muito o consumo de eletroeletrônicos”, explicou. Com isso, os preços não tiveram como avançar.
Mesmo com preços amenos, no entanto, o economista continua desaconselhando a compra de bens duráveis neste momento ao menos para quem não se programou para isso. “Está mais na época da gente economizar dinheiro”, disse.
A recomendação é que o consumidor dê preferência a bens que não ocupam muito espaço no orçamento, como vestuário, por exemplo, que inclui roupas e calçados e também está com aumentos bem pequenos – os preços evoluíram 3,77% para este grupo entre dezembro de 2015 e novembro deste ano. “Dá para a gente presentear com coisas que cabem mais no bolso e não precisam de financiamento de longo prazo”.
Tempo de “lembrancinhas”
Outra sondagem, feita pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio/RJ) e Instituto Ipsos, estimou o gasto médio com presentes neste Natal deve ser de R$ 235,25, em nível nacional. Isso significa uma injeção de R$ 14,8 bilhões na economia do país.
Segundo o levantamento, 41% dos brasileiros pretendem presentear alguém na data, com destaque para a Região Sul (46%), seguida da Região Norte (44%), Centro Oeste (41%), Sudeste (40%) e Nordeste (37%).
Por classes sociais, a pesquisa identificou que 53% das classes A e B vão comprar presentes no Natal, enquanto na classe C, o percentual cai para 40%. Nas classes D e E, 21% disseram que vão presentear alguém.
A sondagem mostra, também, que as lembrancinhas (43%), tal como ocorreu no ano passado, continuam concentrando a preferência do consumidor. Seguem-se roupas e acessórios, com 40%, e brinquedos (22%).