O cartão de crédito tem sido apontado como um dos principais vilões do endividamento, impulsionado pela digitalização do crédito. Se, por um lado, a tecnologia ampliou o acesso ao sistema financeiro, por outro, também facilitou o descontrole orçamentário, levando ao aumento da inadimplência. Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de Bancos, com 65,98% do total.
O Indicador de Inadimplência, realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), aponta que quatro em cada dez brasileiros adultos (40,17%) estavam negativados em janeiro de 2025, o que representa 68,83 milhões de consumidores. Em comparação com janeiro de 2024, o percentual de inadimplentes do Brasil teve um crescimento de 2,76%.
A Recovery, empresa do Grupo Itaú especializada em recuperação de créditos inadimplentes, administra atualmente R$ 134 bilhões em dívidas de pessoas físicas e jurídicas. No caso dos consumidores, 45% dessas pendências estão ligadas ao cartão de crédito, com um valor médio de R$ 4.309,00. O Sudeste concentra a maior parte do endividamento (46%), seguido pelo Nordeste (30%), Sul (11%), Centro-Oeste (7%) e Norte (6%).
De acordo com Camila Poltronieri Flaquer, head de Cobrança Digital da Recovery, o uso inadequado do cartão de crédito pode colocar os consumidores em um ciclo difícil de romper. Muitos adiam a renegociação por medo do valor acumulado ou por desconhecimento das opções de pagamento flexíveis. “Nossa taxa de sucesso depende muito do perfil do cliente, da dívida e do canal, mas trabalhamos para oferecer condições acessíveis para que os clientes possam regularizar suas pendências financeiras”, afirma.
O endividamento no orçamento familiar
Ainda segundo o levantamento do Indicador da Inadimplência, quase três em cada dez consumidores (30,79%) tinham dívidas de valor de até R$ 500, percentual que chega a 44,51% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000.
Em janeiro de 2025, o número de dívidas em atraso no Brasil teve crescimento de 4,51% em relação ao mesmo período de 2024. O dado observado em janeiro deste ano ficou acima da variação anual observada no mês anterior. Na passagem de dezembro/2024 para janeiro/2025, o número de dívidas apresentou alta de 3,09%.
Para as dívidas realizadas no cartão de crédito, a Recovery oferece descontos que, em média, chegam a 82% e podem atingir até 99%, dependendo do perfil da dívida. No entanto, a falta de educação financeira ainda é um dos principais desafios para a recuperação de crédito. “O maior desafio é equilibrar o acesso ao crédito com a capacidade real de pagamento do consumidor. Muitos brasileiros ainda não têm o hábito de planejar financeiramente suas despesas e acabam utilizando o crédito como uma extensão da renda, o que pode levar ao endividamento excessivo”, alerta Camila.
Para enfrentar esse cenário, a Recovery investe em educação financeira por meio de conteúdos em seus canais oficiais. A iniciativa visa orientar os consumidores sobre planejamento financeiro, prevenção ao superendividamento e estratégias para manter as contas organizadas.
A tecnologia como aliada na renegociação
No setor bancário, a integração de Inteligência Artificial e ciência de dados tem transformado o processo de renegociação de dívidas. De acordo com uma pesquisa anual da PwC, que ouviu mais de 4,7 mil CEOs em mais de 100 países, incluindo o Brasil, mostra que executivos do setor de serviços financeiros estão atentos à necessidade de reinvenção. Para 89% dos executivos do setor financeiros, a IA irá mudar a geração de valor nas suas empresas e para 83% ela aumentará a competitividade do setor como um todo.
Uma das ferramentas oferecidas pelo Itaú para auxiliar nesse processo é o Perfil de Crédito, solução digital gratuita disponível no aplicativo do banco. O recurso fornece um panorama detalhado da situação de crédito do cliente, incluindo informações sobre pendências no Itaú e em outras instituições financeiras. Além disso, orienta os consumidores sobre como melhorar sua avaliação de crédito com estratégias como a portabilidade de salário e o uso do Open Finance.
“Possuímos ofertas de crédito adequadas às necessidades comportamentais, contexto e perfil de cada cliente”, diz Luciano André Ribeiro, superintende de Recuperação do Varejo do Itaú Unibanco. “O foco para evoluir na avaliação de risco é atrelar a utilização intensa de dados com o mapeamento da necessidade do cliente”.
Equilibrar o acesso ao crédito com um planejamento financeiro adequado é o caminho para um mercado mais saudável e sustentável. “Sabemos que a capacitação da educação financeira traz uma relação benéfica para todo o sistema (cliente, instituição financeira e mercado). Dado esse cenário, trabalhamos na construção de conteúdos e ferramentas, como o Perfil de Crédito, e engajando nossos clientes a consumirem através de nossas plataformas digitais”, explica Luciano.